quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Contraditória, eu? ou A saga dos concursos continua

Pessoa passa meses infernizando amigos e família com as belezas da carreira de oficial de Chancelaria. Pessoa sabe que a autorização saiu e fica enrolando em vez de estudar. Pessoa espera o edital, passa uma semana escolhendo cursos online, gasta uma grana em vídeos e pdfs e descobre que detesta cordialmente metade dos professores.

Pessoa se desespera porque não consegue um mísero dia de férias até a prova. Pessoa se acha muito injustiçada, esquecendo convenientemente que acaba de voltar de uma licença de dois anos e meio. Pessoa olha o número de semanas que tem pra estudar, a quantidade de matéria que tem pra estudar, e percebe que se lascou. 

Mas pessoa é uma eterna otimista.Ela tem esperança, nay, confiança de que será aprovada. 

Pessoa só gosta de um professor: Flávia Rita

(Por "pessoa" entenda-se eu.) 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A crise da meia-idade

Ano que vem eu faço 40 anos. Aguardo ansiosamente a crise da meia-idade.

É verdade que o Leo já fez 40 e passou incólume. Mas 1) o Leo não é uma pessoa crisenta e 2) ele fez 40 na Eslovênia, né.

Depois que o sabático terminou, eu fiquei com uma sensação de "já fiz tudo que eu queria da vida". O que é ruim, porque ainda tenho mais 40 anos pela frente (pelo menos).

Estou tentando arrumar uns objetivos novos, mas confesso que quase tudo empalidece diante de "vendi tudo e saí pelo mundo". Talvez fosse melhor que eu tivesse deixado essa aventura para quando eu estivesse lá pelos 70.

Em tese, uma crise faz as pessoas repensarem suas vidas e passarem a enxergar tudo de um modo novo.

É isso ou dar uma festinha.

* * *

Andei investigando, e a tal crise não é unanimidade entre os psicólogos. Há quem afirme que ela não existe. Quer dizer, as pessoas têm crises em quaisquer fases da vida, não necessariamente nesse aniversário.

Dito isso, de fato os 40 são bem propícios a fazer um balanço. A infância está longe, a adolescência já passou, a juventude deu lugar - espera-se - a uma certa maturidade. A vida da maior parte das pessoas está razoavelmente estabilizada - muita gente já tem carreira, filho e casa montada, ou não tem e não quer ter. É uma boa hora para refletir se está tudo bem e que bom é continuar como está, ou se tem algo faltando, e aí correr atrás enquanto se tem ânimo e saúde.

* * *

Mas tem o caso da velhinha americana que, tendo perdido o marido aos 60 anos, começou a aprender a tocar piano. Muita gente riu, teve dó - e, 30 anos depois, ela é uma talentosa concertista. Aqueles que riram? Continuam sem saber tocar piano.

domingo, 8 de novembro de 2015

O encanto da beleza

Nos últimos anos, andei pensando muito sobre o que é importante e o que não é. Não só pensei como agi: me livrei de um monte de coisas, comportamentos e obrigações. E fui descobrindo o que fazia sentido pra mim e o que era só "o que todo mundo faz".

Durante um tempo, decretei que toda preocupação com beleza e conforto era pura futilidade. Depois repensei isso aí. Ainda que fútil fosse, nem só de utilidades práticas e de altos estudos é feita a vida. Parte da graça está no belo, no divertido e no inútil.

Dito isso, ainda acho que, quando as decisões são refletidas e conscientes, vivemos de maneira mais autêntica e feliz. No meu caso, depois de um período de total desapego, o pêndulo, que tinha ido lá para o outro lado, voltou e ficou mais próximo ao meio. Hoje, percebo que me importo sim com a beleza do ambiente em que vivo e das roupas que eu visto.

Mas meu gosto e minhas prioridades mudaram. Quero ter coisas poucas, bonitas e de qualidade. Que durem muito e que não deem trabalho para manter. Que combinem comigo e com a vida que eu levo.

Nem sei se posso dizer que me interesso por decoração e moda - porque, no fim das contas, essas palavras acabam sendo sinônimos de tendências e novidades. Hoje eu sei do que preciso e do que gosto - e não é de montes de objetos empilhados, nem da última cor do batom.

A beleza está em muitos lugares. Não necessariamente nos lançamentos.