quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A velhinha doida

Definitivamente serei uma dessas velhinhas doidas que saem conversando com completos desconhecidos na maior tranquilidade.

Hoje, puxei conversa com uma pessoa diferente em cada ônibus que peguei e com dois amigos que vinham caminhando pela Esplanada. E continuei batendo papo, bem contente, até a hora de saltar do ônibus ou de entrar no prédio. 

Acho que eu estava precisando socializar.


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Um segundo leitor digital

Amo profundamento meu Kindle 4.0, uma versão maravilhosa com teclas que nem vende mais. Eu o tenho desde 2011 e ele já viajou bastante e sofreu um bocado de quedas, mas continua firme e forte. O único sinal de uso é a moldura desgastada pelas minhas mãozinhas sequiosas. 

No entanto, sei que um dia ele vai pifar. Tenho lançado olhares cobiçosos para o Kindle do Leo, que é do mesmo modelo, mas foi comprado depois e está mais conservado, porque o Leo divide seu interesse em aparelhos digitais entre o leitor digital, o tablet e o esporte na televisão. Obviamente não vou poder simplesmente tomá-lo dele, mas substitui-lo por uma versão mais moderna e sem graça (comigo é assim: dureza).

Estavam as coisas nesse pé, quando um cartão de crédito que o Leo tem há anos, até então gratuito, decidiu cobrar-lhe uma anuidade milionária. Antes de cancelar o cartão, o Leo verificou que tinha pontos no programa de recompensas. Esses pontos poderiam ser trocados por uma variedade  incrível de badulaques. Nada nos interessou, fora um belo Kindle Paperwhite por metade dos pontos habituais. Considerando o tanto que a gente usa os leitores digitais (eu esqueço a carteira em casa, mas não esqueço o Kindle), achamos um boa ideia ter um reserva.

Ele chegou pelo correio a alguns dias, bem na hora em que o laptop agonizava (este logo se recuperou. Deve ter sentido que não ia fazer falta e decidiu se comportar). O Kindle Paperwhite é bem bonito e aveludado, mas sofre da terrível e incurável condição de não possuir teclas. Ou seja, ainda não conseguiu minha aprovação incondicional.

A principal vantagem brinquedo novo é ter luz própria. Eu e o Leo gostamos de ler antes de dormir, e volta e meia ele apaga enquanto eu prossigo com meu abajur ligado. Agora, não vou mais incomodá-lo: lerei noite adentro sob a iluminação discretíssima do leitor digital.

Quem sabe com o tempo não me adapto à condição teclaless do Paperwhite? A capacidade de armazenamento dele (4 GB) é o dobro da do antigo. Dá pra enfiar muito mais PDFs dentro. 

sábado, 27 de agosto de 2016

Decide, Jesus!

Antes de ontem meu laptop pifou por algumas horas. Quando ele voltou, corri para fazer backup.

Ontem meu laptop pegou um vírus. (Sim, eu baixo itens indevidos na internet, como o pdf falso de um livro de francês impossível de achar em sebos - Objectif Diplomatie 2, caso alguém queira saber. E tenha. E queira me emprestar.) Com a serenidade no olhar de quem tem backup, corri para pedir ajuda pro Leo, que nos salvou (a mim e ao note).

Eu não acredito em sinais, mas se acreditasse, poderia concluir:
- que Jesus quer que eu pare de estudar; ou
- que Jesus quer que eu fique esperta e estude com mais intensidade, porque a oportunidade de estudar pode desaparecer a qualquer instante; ou
- que Jesus é um gozador.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O que Jesus quer para mim

Quando fiz uma pós em direito do trabalho (longa história), a melhor parte eram as colegas. Uma dela gostava de dizer, diante de imprevistos: "Jesus não queria isso para mim".

Sou firmemente ateia, mas achei a ideia fofa. Que serenidade essa, de justificar os obstáculos e revezes com a vontade de Jesus. Uma certeza deveras reconfortante.

Ontem meu laptop piscou e apresentou uma tela azul com letras pré-históricas. Diagnóstico do Leo: o aparelho não está conseguindo ler o próprio HD. Sim, você provavelmente perdeu tudo.

Pensei nos resumos e anotações de aula. Pensei nos artigos e capítulos em pdf. Pensei nos PowerPoints baixados e organizados com títulos explicativos. Pensei nos áudios gravados em tempo real. Tudo evaporado, como em um passe de mágica.

E o que fiz? Dei um suspiro. E só. Pode ser o remédio para labirintite que estou tomando ou o monte de livros que tenho lido sobre a tolice de lutar contra o que não podemos mudar. De qualquer forma, não me irritei. Talvez tenha até sentido um microalívio, uma permissão implícita para passar uns dias sem estudar.

O Leo decidiu telefonar para a assistência técnica da marca e, enquanto esperava ser atendido por uma pessoa de verdade, o laptop voltou à vida. Foi até engraçado.

Então, se os materiais dizimados significavam que Jesus não queria isso para mim, os materiais trazidos de volta à vida querem dizer que Jesus quer que eu estude muitão?

Me lasquei.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Stranger than fiction

Sempre gostei muitíssimo de ficção, mas de uns anos para cá tenho preferido a não: divulgação científica, política internacional, psicologia, história e biografias, muitas biografias.

Tanto evento real tão mais bizarro que ficção.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Murphy engraçadão

Queria viajar em abril ou maio para comemorar meu aniversário. Por causa do concurso, fiquei em Brasília, imaginando que podia ser chamada a qualquer momento. Fui chamada? Não.

Pensei em fazer um curso de línguas no exterior em junho, julho ou agosto. Por causa do concurso, fiquei em Brasília, imaginando que podia ser chamada a qualquer momento. Fui chamada? Não.

Tirei o edredom grosso da cama e me preparei para a chegada do verão. Ele chegou? Não. A temperatura deve ter caído uns 15 graus do dia daquele post para hoje.


* * *

Atualização: esta semana, colega estudante no Instagram diz que perdeu todos os arquivos do computador. Penso: puxa, preciso fazer um backup. Faço um backup? Não. O que o laptop faz? Pifa.

Por algumas horas. Sim, ele se recuperou. Murphy foi meu amigo desta vez.

Sim, estou fazendo backup. Neste exato momento.

sábado, 20 de agosto de 2016

Que venha o verão!

É, eu sei que estamos em agosto ainda. Mas em Brasília as coisas são diferentes: assim como Coronel Fabriciano (será que é sina?), a cidade tem só duas estações: inverno e inferno. E o inverno dura bem pouquinho (em Brasília mais que em Fabriciano, o que já é vantagem). Ou seja, mesmo que no calendário oficial nem a primavera tenha começado, hoje foi meu primeiro dia de verão de 2016.

O que marcou a data? Fácil: tomei banho no meio do dia e fui obrigada a desligar o chuveiro elétrico, de tão quente que a tarde e a água estavam. Aproveitamos e tiramos o edredom gordo da cama (já tinha umas noites em que a gente mais o chutava do que ficava debaixo dele). Também abrimos todas as janelas do apê (fazia um tempo que isso não era necessário) e checamos todas as telinhas (eu já disse que a gente mora cercado de árvore, né?).

Decidi que, este ano, não vou sofrer tanto quanto em 2015. Chegamos a Bsb em 2 de setembro e senti muitíssimo calor durante vários meses. Alugar apartamento, montar casa e nos instalarmos na cidade sem carro não foi fácil. Além disso, eu tinha um horário bizarro no trabalho, o que fazia que volta e meia eu almoçasse perto de casa, sob o sol impiedoso, e pegasse o ônibus para a Esplanada quase meio-dia, de roupa social e sapatos fechados. 

Dessa vez, vou fazer de tudo para escapar desse horário e ficar no trabalho (que tem ar-condicionado!) durante as horas mais quentes do dia. Também não vou pensar duas vezes antes de ligar o circulador de ar em casa. Além disso, vou trocar o chazinho quente que eu tomo o dia todo (já que não gosto de café) por água, suco ou chá gelados. Outra coisa é substituir as calças de caminhada por shorts. E usar a banheira do apartamento como uma piscininha.

Mas o plano maior para sofrer menos é instalar ar-condicionado no quarto. Em muitos lugares, à noite a temperatura cai. Em Bsb, nem sempre. O calor é tanto que fica até difícil dormir. 

Quando resolvemos viver de maneira mais simples, também combinamos que não íamos deixar a (minha) pão-durice nos privar de alguns confortos. Um aparelho de ar-condicionado não é barato, mas também não vai quebrar o banco. O mais chato e complicado vai ser a instalação mas, considerando que o frio só volta em junho do ano que vem, acho que vai valer a pena.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A pergunta de um milhão de reais

Um colega de trabalho do Leo perguntou para os outros o que eles fariam se ganhassem um milhão de reais. A resposta quase unânime foi: "Um milhão? É muito pouco! Não dá para fazer nada! É só comprar um apartamento maior e um carro bom que o dinheiro acaba!". 

Na vez do Leo, ele respondeu: "não tenho vontade de comprar apartamento nem carro. Com um milhão, o que eu faria é não aparecer mais aqui no trabalho."

Parece uma boa parte das pessoas acha que um prêmio ou uma herança inesperada vão trazer felicidade se forem usadas para adquirir mais bens. "Mudar de vida" é morar em um lugar mais chique e dirigir um veículo mais caro. Na prática, a rotina da pessoa não muda. Depois que as exclamações de admiração dos amigos e da família terminarem, restará pagar um IPVA e um IPTU mais pesados.

Segundo um amigo nosso economista, esse um milhão bem investido proporcionaria um retorno real (isto é, descontada a inflação) de 0,5%. Ou seja, 5 mil reais livrinhos todo mês para serem usados como a pessoa quiser.  Ou acumulados para um projeto mais ambicioso.

Acho que, mais que comprar bens, investir em experiências, em saúde, em educação e em relacionamentos é que proporcionaria a verdadeira mudança de vida. Eu e o Leo sugeriríamos um sabático (que, aliás, custou muito menos que um milhão). Há quem queira abrir um negócio próprio. Há quem prefira parar de trabalhar para se dedicar a atividades não lucrativas. Moral da história: consumir não é a única resposta.

PS: estamos falando de gente de classe média pra cima. Quem passa dificuldade para pagar o aluguel provavelmente vai ficar muito feliz adquirindo a casa própria. Mas essa pessoa não entra na nossa amostragem: ela jamais diria que um milhão "é muito pouco".

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O emburramento

Andei meio emburrada, que é o termo que dou para quando estou desanimada, insatisfeita e achando tudo besta. Para completar, fico me sentindo uma mal-agradecida, já que minha vida está joia e não tenho do que reclamar. 

Aí me dei conta que o problema não é o presente, que tá tranquilo, tá favorável. O problema é o passado e o futuro. O passado foi um período sabático fantástico; o futuro promete altas aventuras. Comparativamente, o presente ficou sem graça e cinzento, coitado. Um vale entre dois picos. 

Eu seeeei que a turma do "aproveite o momento presente" vai dizer que eu sou uma bobona e que é exatamente isso o que devo fazer: aproveitar o momento presente. E eu estou tentando, gente, mas tá difícil.

Estou partindo para a solução fácil mesmo: sorvete e Netflix. Dizem que lá na Coreia do Norte a internet não é boa mesmo. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Caminhar é preciso

Minha rotina mudou. Perdi a companhia. Passamos mais de uma semana em BH. No fim das contas, passei mais de um mês sem caminhar diariamente. 

Aí fiquei melancólica e desanimada. Achei até que estava ficando deprimida. Mas só percebi isso tudo na segunda-feira, quando decidi fazer uma caminhada pela manhã, sozinha mesmo, e passei o resto do dia muito mais feliz. 

Os médicos dizem mesmo que, se houvesse um remédio com os resultados do exercício físico, eles prescreveriam para todo mundo. Como não tem, o jeito é botar um tênis e ir passear. 

Eu, particularmente, detesto academia (menos a Real das Ciências da Suécia, que dá o prêmio Nobel). Então, faço meu exercício por conta própria. Em Belo Horizonte, onde não havia lugar para caminhar perto de casa, eu tinha uma bicicletinha ergométrica, que eu usava religiosamente. Aqui em Brasília, moro em uma superquadra, o que significa muita árvore, muito verde e muitas calçadas largas. Além de ser plana, a região é bonita. 

Confesso que às vezes fico com preguiça de trocar de roupa, passar protetor solar e sair. Mas, depois que ponho o pé na rua, sempre acho bom. 

Sei que o recomendado é não só exercício aeróbico, mas com pesos também. Pois bem: faço o meu carregando as compras de supermercado até em casa (são 700 metros!), e subindo três andares com elas. Talvez um dia eu tenha de me render à academia (aguardo ansiosamente o meu Nobel), mas por enquanto estou me virando bem sozinha, obrigada.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Anticlímax

O primeiro semestre foi cheio de emoções. Teve prova, recursos, subida de posições, concurso de formação. O resultado final saiu no DOU em maio. Consegui uma licença-capacitação no trabalho no começo de junho e saí de lá achando que ela ia durar pouco, porque o MRE ia chamar para a posse dali uns dias.

Aí, silêncio. Sem sinal de vida do Itamaraty - nem mesmo a lista de exames médicos. Geralmente os aprovados não são nomeados imediatamente, é verdade, mas os professores do curso de formação juraram que eles estavam precisando muitíssimo de gente. E já passaram quase três meses.

Não estou preocupada, porque sei que uma hora vão chamar. Estou só achando que a licença vai acabar, vou ter de voltar ao trabalho e, como me despedi dos colegas em triunfo, isso vai ser muito anticlimático.