quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

De férias

Depois de quatro meses de muito trabalho e muitas emoções, tiramos as primeiras férias por aqui. Passamos um semana em Taipei (Taiwan), uma semana em Seul (Coreia do Sul) e terminamos com 5 dias em uma das ilhas paradisíacas das Filipinas, Boracay. Resultado: temperaturas negativas na terra do K-pop e 30 graus na praia. Foi massa! (Mas demos uma parada em casa entre os dois destinos para nos livrarmos dos casacões e botar shorts na mala.) 

Taipei e Seul são a Ásia rica, organizada e fofa. Repletas de parques, museus, esculturas nas ruas. Transporte público ótimo, comida variada, gente educadíssima (e acolhedora). Recomendamos fortemente.

De volta à Manila, só tive sentimentos positivos: primeiro, o de volta ao lar. Segundo, o de ver a cidade com olhos de viajante.

Na minha chegada, em  julho, o pânico foi tão grande que minha energia foi toda concentrada no trabalho. Eu chegava em casa e só queria saber do conhecido e familiar. Agora acho que estou pronta para conhecer e explorar o país lindo em que vim parar.

* * *

Em Boracay, fomos um resort bacaninha e ainda recebemos um upgrade no quarto. O resultado é que eu via o mar verde e azul da cama king com lençóis de muitos fios e montanhas de travesseiros.

Foi ruim não.

domingo, 10 de novembro de 2019

Desde o maternal

Estava colocando papéis em ordem e encontrei os relatórios das professoras do maternal e do primeiro período.

"Na sala, trabalha com independência, preferindo sempre trabalhar sozinha."

"Aprende com facilidade o que é ensinado, gosta de desenhos livres, de ficar vendo livros de história."

"Lancha raramente."

"Expressa seus sentimentos com clareza, através de sua expressão facial."

5 anos de idade e a personalidade da criatura já estava formada. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Minha música oficial de Natal

Aqui nas Filipinas as pessoas adoram o Natal. No meio de outubro começam a aparecer árvores e enfeites natalinos nas lojas. Em novembro a cidade fica iluminada. O que dá a sensação de que o ano está acabando, mas ainda faltam dois meses!

As lojas também tocam músicas natalinas, claro. Numa dessas escutei uma que adorei, mas não consegui pegar nem um pedacinho da letra para jogar no Google. Dias se passaram, voltei lá e aí sim, descobri. 

Não conhecia a música, nem a artista, e me surpreendi ao verificar que, na verdade, é um conjunto a capella.

Recomendo!  



domingo, 3 de novembro de 2019

Trabalhar no exterior

A irmã I. trabalha com tecnologia e basicamente fez carreira fora do Brasil. Ela morou nos Estados Unidos, na Alemanha e agora está na Espanha.

A irmã I sempre disse: "trabalhar no exterior é diferente de passear no exterior". Eu sempre respondi: "claro, claro", não totalmente convencida. Podia até ser, para os outros, mas EU tinha experiência de viver fora. Alugar apartamento, fazer compras, lavar roupa? Tá dominado.

Preciso dizer que a irmã I estava certa? Trabalhar no exterior é MUITO diferente de passear ou de morar no exterior. Alugar apartamento, fazer compras, lavar roupa é só uma parte da equação.

Quando se trabalha, o foco passa a ser produzir e mostrar serviço, e não conhecer a região, andar pelas ruas e pesquisar a cultura. Não só as horas para essas atividades divertidas ficam muito reduzidas, como quando eu saio do escritório estou cansada e quero é comer, dormir, agarrar nos livros e ver seriados - experiências familiares que não causam estresse.

Porque, na prática, quase tudo dá trabalho. Posso confiar na faixa de pedestres? Como devo me dirigir às pessoas? Que comida é essa? Como é que pede a conta? Etc.etc. Tento relevar minhas gafes culturais sorrindo muito. A sorte é que funciona nas Filipinas, porque na Rússia o povo ia achar que eu era meio boba.

Em suma, é muito mais desafiador e muito menos turístico do que eu tinha imaginado. Não estou reclamando (muito), só constatando.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

2 meses

Esta semana fez 2 meses que chegamos a Manila. É até difícil acreditar, de tão rápido que passou.

Tive uma recaída na ansiedade, mas persisti com remedinho + tentativas toscas de meditar e estou melhor de novo. Estou achando que, graficamente, a adaptação é uma linha que vai subindo, mas não linearmente. Tem  altos e baixos enquanto não chega o platô (que aguardo ardentemente).

Tem muita coisa acontecendo, mas está difícil escrever. Estou me sentindo meio fora do ar, sabe? A mudança deu uma grande sacudida na minha vida. Não sei mais direito quem eu sou. É uma sensação bastante bizarra. O jeito é ter calma e paciência e esperar as peças irem se encaixando - até porque não vejo alternativa. Prefiro não surtar.

Na segunda-feira nos mudaremos para o apartamento definitivo. Foi divertido morar em hotéis, mas ter uma base permanente vai ser muito bom: vou conseguir estabelecer uma rotina e tomar decisões de longo (ou pelo menos médio) prazo. No momento, mal consigo visualizar a semana seguinte. 

Outra notícia boa é que o navio com a mudança atracou. Agora é aguardar os trâmites burocráticos, que podem demorar até três semanas. Ficamos felizes de termos alugado um apartamento mobiliado, porque vamos habitá-lo com razoável conforto até nossos objetos chegarem.

A mudança é pequena, mas vou ficar feliz de reencontrar remanescentes da minha vida passada. Quem sabe eu reencontre a mim mesma?

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Desculpem a sumida, estava ocupada ali sofrendo

.. mas acho que estamos de volta à programação normal.

Estamos gostando muito da região onde estamos morando, Makati. É bem bonita, moderna e segura. Primeiro ficamos um mês em um aparthotel ótimo: o Fraser, que fechou. Aí arrumamos um apê bacaninha, também perto do trabalho, mas precisamos sair dele na segunda-feira, porque o dono volta (o bobo). Vamos terminar com duas semanas em outro aparthotel, e finalmente nos mudar para o apartamento definitivo. Ufa!

Entre a primeira e a segunda estadia, deixamos metade da bagagem na casa de um colega prestativo (e que está de férias). Sim, porque a pessoa supostamente minimalista que vos fala arrastou quatro malas de Brasília até Manila, passando por Montreal. Sim, são dois meses esperando a mudança chegar, e tem roupa do Leo na jogada, mas acho que errei a mão. Na próxima remoção quero levar 50% disso, se tanto.

Makati é cheio de restaurantes gostosinhos, que estamos explorando alegremente. É o que tem pra fazer - isso e ir aos muitos shoppings, que são arrumados e têm ar-condicionado, então vale para esticar as pernas. Continuamos não sendo muito amigos das compras, embora nossa impressão é de que aqui a oferta de produtos é maior do que no Brasil - e os preços são iguais ou menores.

No trabalho as coisas vão se ajeitando. Vou fazendo e aprendendo, e não me importo de ficar depois do expediente para colocar o trabalho em dia. Acho que no começo é assim mesmo - depois vou ficar mais ágil e vai ser tudo mais fácil.

Enquanto isso, vou passando por experiências novas, como um terremoto (5,5 no epicentro, a 150 km daqui. O prédio tremeu, as cortinas balançaram, e ficou nisso), churrasco coreano, sopa de cebola, restaurante japonês, barra de chocolate de M&M, sorvete de caramelo, pizza com molho doce.

Tô curtindo.

sábado, 7 de setembro de 2019

And... exhale

As últimas semanas foram MUITO difíceis.

A mudança de país e de trabalho geraram muita ansiedade. Dias e dias com um nó no estômago e uma sensação de aflição generalizada. Foi ruim, viu.

Não demorei para parar no médico e pedir uma medicação para controlar tanta ansiedade. A questão é que o remedinho não faz efeito imediato. No meu caso, foi um mês para começar a me sentir melhor.

Não estou ainda 100%, mas já estou aliviada (e mais adaptada). É como se eu estivesse sufocada esse tempo todo e agora consigo, finalmente, respirar.

Nos primeiros dias, se tivessem me oferecido voltar para o Brasil, eu provavelmente aceitaria. Depois, o sentimento virou "vou ficar, custe o que custar. Uma hora vai melhorar". Aquela combinação perfeita: choro, ranger de dentes (literalmente: estava tão tensa que os dentes doíam) e teimosia.

E olha, melhorou.

* * *

Como sempre, toda vez que eu passo por um período difícil, aprendo a ser um pouco mais humilde (ou menos metida). Eu não entendia os colegas que não se adaptavam ao - ou não gostavam do - exterior. 

Agora eu entendo, perfeitamente.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Dias incríveis

Despedidas em Brasília. Despedidas em BH. Lagriminhas no adeus a meus pais. Três voos para chegar ao Canadá. Acolhida pelas amigas em Montreal. Visita a Quebec. Visita a Ottawa. Risadas, sol, calor, bares, restaurantes, parques, museus.

Três voos para chegar a Manila. 12 horas de diferença de fuso. Hotel bonito, piscina, academia. Apartamento grande, dois quartos, sala, cozinha. Região surpreendente, limpa, moderna, lojas e restaurantes. 150 metros entre casa e trabalho.

Jet lag. Jet lag. Jet lag. Sem sono, sem fome.

Colegas simpáticos, gentis, solícitos. Shoppings e mais shoppings. Supermercados completos. Túneis para atravessar avenidas, com escadas rolantes. Visitas com a corretora. Apartamentos gigantes.

Jet lag. Ansiedade. Poucas horas de sono por noite.

Repartição pública, para acertar o visto. Oito quilômetros de distância, uma hora para ir, outra para voltar.

Fim de semana, que bom.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Penúltimo dia antes de zarpar

Hoje é quinta-feira, quatro de julho. Amanhã, dia 5, despachamos a mudança (eles vêm de manhã), entregamos o apartamento (eles vêm de tarde) e embarcamos para Belo Horizonte.

Os últimos dias foram uma roda-vida. Cursos no trabalho, compras de remédios, colega de férias. Despedidas muitas. Empacotamentos vários. Já estávamos sem sofá, sem rack e sem buffet; a partir de ontem, ficamos também sem geladeira e fogão. A máquina de lavar vai embora daqui a pouco.

A ansiedade melhorou depois que conversei com a psicóloga do trabalho e fiz umas sessões de meditação. Também ajudou contar para colegas, que em resumo disseram que vai dar tudo certo.

Hoje vamos a um happy hour de despedida dos amigos do ministério. Amanhã eu trabalho, mas vou tentar voltar pra casa o mais cedo possível para ajudar o Leo nos preparativos finais.

Apesar de tudo, a ficha ainda não caiu.

Acho que só vai cair depois de um mês em Manila.

O apelido da minha turma de concurso? Babychans

sábado, 29 de junho de 2019

Quando quero não me deixam

Nunca quero comprar nada (o trabalho! O custo! O entulhamento!), mas de vez em quando me convenço que uma nova aquisição vai facilitar minha vida e vou em frente.

As calças jeans que possuo estão em duas situações: largas ou apertadas. Então saí de casa com uma missão simples: comprar uma calça jeans escura e reta.

(Antes fui ao brechó Peça Rara, que é aqui perto de casa, e para meu grande despontamento eles tinham fechado a unidade na Asa Norte. Então fui ao shopping mesmo.)

Entrei em QUATRO lojas diferentes e elas só tinham modelos skinny (que eu já tenho), cigarrete (que eu não curto) ou flare (sempre preciso fazer bainha e o flare fica pela metade).

Na quinta loja, encontrei o tipo que eu queria: escuro e reto. As costuras não eram das mais certas e o preço não era dos melhores (99 reais), mas tudo bem. Catei a 40 e a 38 e fui experimentar.

A 40 ficou larga. A 38 ficou larga. Botei uma na frente da outra e vi que elas tinham exatamente o mesmo tamanho.

Fui buscar uma 38 verdadeira. Não tinha. O que tinha era uma 36 exatamente do mesmo tamanho da 38 e da 40.

Depois de muito procurar, encontrei uma 36 verdadeira. Lógico que ficou apertada. E calça jeans apertada eu já tenho.

Saí do shopping com as mãos abanando e bem frustrada. O jeito vai ser emagrecer ou engordar.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Montanha-russa de emoções

Eu me considero uma pessoa calma, mas ando desconfiada que não sou, não. Andei relendo o blog e vi que estou sempre passando por um ou outro momento de aflição.

Como vocês podem imaginar,  não tenho estado muito tranquila. Estou muito contente com a remoção, mas a ansiedade tem chegado junto. Será que vou gostar do trabalho? Será que vou me sair bem? Será que vou me adaptar à comida? Será que vamos conseguir um apê legal?

Tudo indica que as respostas serão positivas, mas, para pessoas ansiosas, a realidade não importa muito. Importante mesmo são razões imaginárias para arrancar os cabelos.

* * *

Primeiro li um monte de livros sobre morte, depois sobre velhice. Passei para os de crise de meia-idade, e agora estou lendo memórias sobre menopausa.

Eventualmente chegarei a livros sobre a minha idade, ou minha idade chegará aos livros.

terça-feira, 11 de junho de 2019

A agitação da mudança

Desde que voltamos das férias, em fim de maio e com a remoção confirmada (o resultado saiu na véspera do meu aniversário!), eu e o Leo estamos em polvorosa. Há muitas providências a serem tomadas e a gente gosta de fazer tudo com antecedência, então já viu. Temos belas listas em Excel e um calendário gigante desenhado a giz na parede da sala.

E olha que montamos nossa vida em Brasília já na expectativa da mudança. Não compramos casa nem carro. Nossos móveis são quase todos de segunda mão, porque sabíamos que íamos vendê-los todos depois. Tentamos não acumular objetos. Não temos animais de estimação. E, mesmo assim, há uma quantidade enorme de coisas a fazer.

Começamos com as consultas médicas. Elas se estendem por semanas, porque implicam em exames e retornos. Concomitantemente, vamos providenciando os "nada consta" do condomínio e da prefeitura, trocando os endereços dos bancos, atualizando as procurações. Esta semana começamos a vender os móveis, colocando anúncios na intratec do trabalho, no Facebook e na OLX. Falta pelo menos um mês para a nossa partida, mas o Leo já está negociando o sofá, o rack e a tevê. O micro-ondas já foi.

Uma mudança é sempre uma oportunidade para fazer um destralhamento maroto, mesmo para quem não é minimalista. Mais de um colega experiente disse que não é para levar tralha no contêiner: só te dá desespero na hora de abrir aquele monte de caixa, e você ainda tem de se livrar dela no destino.

Dito isso, eu já fui mais hardcore. Hoje tento equilibrar o desfazimento imediato com as necessidades futuras. Não acho que faz sentido vender o liquidificador, a batedeira e o aspirador aqui para comprar outros lá (aparentemente, eles vão funcionar nas Filipinas - se não, seria outra história). E vamos carregar os casacos pesados e botas de neve conosco, mesmo indo morar em um país tropical, porque o próximo posto pode muito bem ser Moscou ou Helsinki!

Achamos todo esse processo divertidíssimo. Afinal, estamos realizando o sonho de morar no exterior. Tem uns momentos de estresse, é verdade, mas geralmente estamos nos congratulando mutuamente e dando risadinhas de alegria.

Talvez haja até dancinhas envolvidas.

domingo, 9 de junho de 2019

Eu sou da América do Sul

Em abril e maio, passamos 5 semanas passeando pela América do Sul: Buenos Aires, Montevidéu, Colônia do Sacramento, Punta del Este, Bariloche, Puerto Varas, Santiago, Lima e Machu Picchu.

Nos esbaldamos no doce de leite e nos alfajores na Argentina e no Uruguai; na comidinha temperada peruana; nos hambúrgueres e batatas fritas, universais; e no vinho em todo lugar (menos no Peru). Pegamos uns táxis. Ficamos em bons apartamentos e hotéis. Vimos paisagens lindas.

Dito isso, como confessar sem parecer uma esnobe horrível que achei as capitais muito parecidas com as brasileiras e, consequentemente, meio sem graça? Há belos lagos, montanhas e vulcões, as pessoas foram muito gentis e adorei Machu Picchu, mas sinto que passei um bocado de tempo caminhando em ruas do centro das cidades do Brasil. Talvez a culpa seja nossa mania de andar pra tudo quanto é lado, o que nos fez enfrentar trânsito, barulho e poluição. O calorão que sentimos, bem além da previsão meteorológica, também não ajudou. E não é que eu tenha ido despreparada: li guias de viagens, passeei em blogs e assisti a videos. Mas, na hora do vamovê, faltou o encanto do diferente.

No fim das contas, agora entendo porque tantos colegas de trabalho só querem servir aqui pelos países vizinhos. É tudo bem semelhante, inclusive a língua.  Para quem não é fã do exótico, é o ideal.

O mimimi não quer dizer que jamais aceitarei um posto na América do Sul. De repente, daqui a dez ou doze anos, eu ache que ficar tão perto do Brasil (em todos os sentidos) seja um vantajão.

* * *

Estou vendo as fotos da viagem e adorando tudo. É engraçado como fotos são um versão editada da realidade: não tem carro buzinando, calçadas lotadas, calorão.

sábado, 8 de junho de 2019

A ronda dos médicos

Sou muito enrolona para ir ao médico - talvez porque minha saúde seja ótima. Ao dentista eu vou, para limpeza e elogios (faz mil anos que não tenho cáries e cuido muito bem dos meus dentinhos). Em 2012 fizemos a ronda dos médicos antes de sair viajando; e desde então, nada. Ok, fui ao reumatologista (alarme falso, que bom) e ao olftalmologista (porque a visão reclamou. Mas continuo resistindo aos óculos. E precisei fazer uma fotocoagulação com laser de argônio para corrigir uma fragilidade na retina - um processo desagradável, mas rápido).

Com a remoção chegando, partimos para um check-up geral. E dá-lhe consultas e vacinas e exames. E exames. E exames. Não sei se agora os médicos gostam mais de pedi-los, ou se depois que o paciente passa dos 40 anos o protocolo muda - só sei que tenho resultados espalhados em três clínicas de Brasília.

Pelo que deu para ver até agora, minha saúde está ótima, exatamente como eu suspeitava. Nem uma gordurinha no fígado eu tenho, apesar de minha alimentação algo duvidosa.

Só uma vitamina D baixinha, baixinha.

* * *

Como estamos indo para o sudeste asiático, o médico do Ambulatório do Viajante do HRAN recomendou vacinação contra febre tifoide, meningite ACWY e meningite B. Para hepatite A e B, primeiro vamos fazer exames de sangue para verificar se estamos imunizados.

Ambos tomamos vacinas contra hepatite antes do sabático. Curiosamente, os exames parecem indicar que eu estou imunizada e o Leo não. Vai entender.

A vacina contra meningite B é importada, custa uma fortuna e deixa o bracinho doendo por uma semana. No meu caso, tive uma reação no local e ficou vermelho e coçando também (a partir do sétimo dia até hoje, dez dias depois). Para completar, vamos ter de tomar uma segunda dose daqui a três semanas. Mas vale a pena, já que é pra proteger de uma doença que pode ser fatal.

domingo, 26 de maio de 2019

O tênis roxo congelado

Meu último tênis foi comprado na Netshoes, numa bela promoção, no fim de 2017. Chegou rápido, serviu direitinho, fiquei satisfeita.

Usei o tênis até acabar. Até levei ao sapateiro para colar uma parte que estava desmanchando, o que lhe deu uma sobrevida de uns meses, mas infelizmente a hora da aposentadoria chegou.

Fui de novo ao site do Netshoes, achei uma bela promoção, comprei. Queria um azul-turquesa como o último, mas não tinha: só azul-marinho. A descrição dizia "roxo", mas era claramente um tênis azul-marinho.

O tênis chegou. Era roxo.

Mas um roxo bem bonito, então não me importei. Me importei com o fato de ele apertar meu segundo dedinho.

(Existem dois tipos de pés, o romano e o grego. O romano tem o segundo dedo menor do que o dedão; o grego, maior. Na minha família, dizem que o segundo dedo maior é de mulher que manda no marido. Coincidência ou não, as mulheres mais mandonas da família de fato tem esse dedinho.)

O diabo é que esse é o tipo da coisa que só se percebe quando você já saiu de casa com o tênis e sujou a sola. Assim sendo, lancei-me ao Google pra ver se tinha jeito de resolver.

E tinha. Recomendação: embalar bem embaladinho o sapato em um saco plástico e deixar passar a noite no freezer. Colocar três meias. Tirar o tênis do freezer, botar no pé e caminhar com ele até descongelar.

Assim o fiz. Achei divertidíssimo usar o tênis congelado. Mesmo com as meias, dá para sentir o geladinho.

E sabem que aparentemente funcionou? Saí para caminhar com ele hoje e nenhum dedinho foi apertado. Desconfio que as meias sejam as verdadeiras heroínas da história, mas mal o freezer não fez.

* * *

Atualização: não, não funcionou. Talvez na hora em que calcei o tênis, o frio contraiu meus dedinhos (ou congelou as terminações nervosas). Afe.

terça-feira, 14 de maio de 2019

Saiu o resultado da remoção!

Desculpem, pípous: o resultado saiu durante as férias, e acabei atualizando só o Lud&Leo pelo mundo. Vão lá pra ver!


domingo, 28 de abril de 2019

As meninas do Leblon não olham mais pra mim

Da última vez que fui à oftalmologista, ela recomendou fortemente que eu fizesse um par de óculos. Multifocal.

Ora, faz mais de 15 anos que não uso óculos, desde que fiz a magnífica cirurgia de miopia que me livrou de 7 graus em um olho, 5.5 em outro e me pôs a enxergar como uma águia. Minto: faz mais de 20 anos que não uso óculos, desde que completei 16 e aderi às abençoadas lentes de contato. E agora uma médica de araque com meros 6 anos de faculdade + especialização vem me dizer que eu tenho miopia, astigmatismo e presbiopia? Afe!

A idade vem chegando, meus amigos. E ela não é gentil (ou é, se considerarmos os outros vários pontos positivos de ter mais de 40: dinheiro, emprego, relacionamento, (certa) estabilidade emocional. Anfã.)

Minha miopia e astigmatismo, somadas, chegam a 1 grau em cada olho, o que é bem pouquinho. Idem para a presbiopia (no olho direto é 0.75!). Eu enxergo razoavelmente bem - só tenho de espremer um pouco os olhos para ver o número do ônibus quando ele está longe e xingo muito no Twitter quando confrontada com as letrinhas do vidro de xampu. Mesmo assim, decidi dar o braço a torcer e mandar fazer um par de óculos aqui mesmo no Brasil. Vai que eu preciso.

Não para usar o tempo todo, claro. E não multifocal, claro (parece que os multifocais são meio complicados: os dois vendedores das óticas que visitamos falaram que não é fácil se acostumar com eles). Mandei fazer só com o grau de longe para ver se eu ia me adaptando.

Peguei os óculos na segunda-feira. Ele é bem bonito e leve, de acetato (quando eu era criança, só existiam armações feias de metal dourado). Quando eu os coloquei, fiquei boba com a nitidez com que passei a enxergar as árvores distantes. Até as folhas individuais eu consegui identificar!

Mesmo assim, incomoda. Sinto um peso no rosto. Se chover, as lentes vão se molhar. Se eu for nadar, vou ter de tirar. Se quiser usar óculos escuros, idem. E, como ele não é multifocal, atrapalha a visão de perto.

Estou usando para ir trabalhar (e quando eu chego lá, tiro e guardo na bolsa). Vou levar na viagem, para ver as lindas paisagens.

Mas ainda não me conformei.

sábado, 27 de abril de 2019

Pós-férias

Voltamos para Brasília por uma semaninha antes de sair por mais três semanas. A ideia era estar aqui quando saísse o resultado do plano de remoção, para comemorar (ou se lamentar) com os amigos. O calendário da remoção mudou e o resultado vai sair semana que vem, quando estaremos em Bariloche, na Argentina. Paciência.

Foi uma semana corrida, com bastante trabalho e alta distribuição de alfajores. Voltamos à academia. Perdemos os graminhas ganhos na viagem. Desfizemos mala. E estamos fazendo mala de novo.

Sim: embarcamos amanhã (à noite) e as malas ainda não estão prontas! Um escândalo isso. Geralmente minha bagagem é montada com dias de antecedência. Mas, dessa vez, vai ficar para em cima da hora. Acho bom: quer dizer que estou menos ansiosa. Ou muito ocupada.

Na segunda-feira sai o resultado da remoção. Na terça-feira faço aniversário. Vamos combinar que o resultado tem de vir do jeito que eu quero, né? É o mínimo.

Continuo lendo muitos livros e começando a desconfiar que se trata de uma bela forma de escapar da realidade. E olha que eu nem ando lendo ficção!

Será que é clinicamente possível ser viciada em leitura?

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Pré-férias

Quando planejamos férias, a gente sempre marca o voo para o primeiro dia possível. Às vezes é na última sexta-feira de trabalho depois do expediente (aí é aquela correria), às vezes é no sábado (um pouco mais tranquilo). Dessa vez, por questões de preço de passagem e muitos dias de folga acumulados, vamos sair de Brasília no domingo tardão.

A mala já está praticamente pronta, então não teríamos problema em zarpar imediatamente, mas não estou achando ruim esses dois dias de sossego, não. Saí do trabalho hoje já em clima de férias: separamos mais coisas para doar antes da mudança, demos uma caminhada, tomei uma taça de vinho no lanche, tirei um cochilo antes de dormir. E ainda fizemos umas últimas pesquisas na internet sobre os destinos.

É verdade que por um momento me afligi porque vamos chegar no aeroporto de madrugada e talvez tenhamos que ficar um tanto por lá antes de nos instalarmos no apartamento que alugamos, mas logo desencanei. Os restaurantes e o duty-free são 24 h, então poderemos tomar café-da- manhã e/ou já adquirir nosso primeiro alfajor e nossa primeira garrafa de vinho argentino e ir nos divertindo com eles.

Evidente que passarei o domingo inteiro dando dormidinhas. Preciso me preparar para essas aventuras noturnas.

domingo, 31 de março de 2019

Minimalismo e mudança e Marie Kondo

Às vezes ter pouca coisa tem seus inconvenientes: um amigo me deu uma tulipa de madeira e eu não tinha um mísero vaso para colocar (aí improvisei com uma garrafa de vidro e deu tudo certo, não temam). Mas, em outros momentos, o minimalismo brilha. Um desses momentos é uma mudança.

Está tudo encaminhado, mas 100% de certeza de que vamos sair do país, só no fim de abril. Mas somos ágeis (ou ansiosos) e já estamos nos organizando.

Está tranquilo: para começar, não temos carro para vender. Então, não temos de correr atrás de comprador, negociar, transferir documento. Para continuar, temos poucos móveis, e a maioria deles vai ser deixada para trás (o plano é alugar um apartamento mobiliado no destino). Para completar, como quase todos eles são de segunda mão, não vamos nos afligir se não conseguirmos vender tudo. O que não rolar a gente doa, e ainda faz uma boa ação.

Entendo perfeitamente quem faz questão de levar todo o conteúdo da casa quando muda de endereço, e ainda mais de país. Psicologicamente, é reconfortante estar rodeado de objetos familiares. Um desraizamento, por mais desejado que seja, é uma fonte de stress. No meu caso, estou confiando que algumas coisinhas estratégicas (e o mais importante, o maridinho) sejam suficientes.

Como ainda vou morar em muitos lugares diferentes, pode ser que uma hora eu mude de ideia. Por enquanto, estou querendo é muita praticidade e pouco trabalho mesmo.

* * *

E o que mais uma mudança é? Uma oportunidade! De dar uma boa avaliada em tudo que se possui e despachar o que não está sendo mais usado ou apreciado. No meu caso, isso se reflete principalmente no armário. Mesmo evitando comprar, ganho roupinhas da família e de vez adquiro alguma coisa em viagens. Aí já viu.

Por coincidência, uma amiga perguntou se alguém tinha o livro da Marie Kondo (A mágica da arrumação, lembram?) para emprestar e eu estou aproveitando para reler. Eu implico um pouco com o estilo dela de escrever, apesar de saber que é um manual de instruções e não uma obra de literatura, mas gosto das das ideias.

Fiquei inspirada e arrumei minha gaveta de blusas de frio. De fato, é muito melhor colocar as roupas dobradinhas de pé, como ela orienta, em vez de em pilhas, porque dá pra ver tudo que está guardado - e cabe mais também! (Sei que ela manda tirar todas as roupas das gavetas e fazer uma triagem geral, mas eu sou rebelde.)

Agora é partir para as próximas gavetas.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Movimento e falta de

Completamos 6 semanas de academia. Digo "completamos" porque sem a luxuosa companhia do Leo eu já teria escapado há muito tempo. A gente vai direitinho, de segunda a sábado, e só deixei de ir duas vezes - uma vez por causa do dentista, outra vez eu quis tirar uma sonequinha mesmo.

Alguns estudos dizem que ter um companheiro de exercícios ajuda muito as pessoas a persistirem. Outros mostram que, se uma pessoa que você gosta está segurando sua mão, levar um choque dói muito menos do que se você estivesse sozinho. E essa tem sido minha prática. Tem dias que eu não quero ir pra academia, tem dias que o Leo não quer ir para a academia, mas como esses dias não coincidem, um incentiva o outro e nós vamos. E lá a gente sofre, sua, faz força, se esforça, se esfalfa, mas trocamos sorrisos quando passamos um pelo outro e, pronto, é o suficiente para nos sentirmos melhor.

E falando em se sentir melhor: detesto admitir, mas tenho tido bons resultados com a musculação. Depois de um mês, eu já estava me sentindo mais forte, mais flexível, mais coordenada e mais contente. Tenho a impressão que minha memória de curto prazo, que sempre foi muito boa mas andou dando sinais de cansaço nos últimos tempos, melhorou. Talvez até menos sono eu esteja sentido.

Para completar, estou lendo as memórias "The world I fell out of (O mundo do qual eu caí)", da Melanie Reid, jornalista inglesa que, aos cinquenta e dois anos, sofre um acidente a cavalo e fica paraplégica. Não preciso dizer quão devastador é um evento desses. Ela usa a leveza possível para contar como reconstruiu, na medida de suas possibilidades, a vida, sem deixar de ser sincera sobre a realidade da situação.

Obviamente o livro tem me deixado muito alerta sobre a pequena maravilha diária de ter um corpo saudável e obediente.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Antes tarde do que nunca, ou avaliação física depois de um mês de academia

Eu não quis fazer avaliação física na hora de entrar na academia, e claro que não foi uma boa ideia. Pedi para a instrutora fazer uma ficha para eu ganhar massa muscular (porque o último médico a que fui me fez um longo discurso sobre a perda dos músculos com a idade), e o resultado é que eu fiquei com muita fome, comi a valer e ganhei um quilo em um mês.

Desconfiei que esse quilo não era de massa magra e fui fazer a avaliação, né.

A notícia boa é que eu pareço ter no máximo 25% de gordura no meu corpinho. A notícia ruim é eu tenho de fato 29% de gordura no meu corpinho.

A notícia boa é que fiz 25 flexões em um minuto (apoiada nos joelhos, tá) e isso é um resultado excelente (e que atribuo a todos os exercícios que fiz para meus bracinhos esse último mês). A notícia ruim é que eu fiz 12 abdominais em um minuto e isso é um resultado regular ("regular" quer dizer ruim na vida real).

A notícia ruim é que acharam que eu tenho um ombro mais alto que o outro. A notícia boa é que já fui ao ortopedista por causa disso, da última vez em que fiz uma avaliação física, e não tenho nenhum problema de coluna.

A notícia ruim é que não preciso de uma ficha de exercícios para ganhar massa muscular (que é a minha atual), mas de uma ficha de exercícios para perder gordura. O avaliador físico disse que, se eu adquirir músculo sem me livrar da massa gorda, eles vão ficar escondidos e eu vou ganhar medidas em vez de perder. A notícia boa é que, para alcançar minha primeira meta, que é 26% de gordura corporal, preciso perder só dois quilos.

A notícia ruim é que 70% da perda de peso vem da alimentação.

E é isso. Não tem nada de bom para contrabalançar esse fato.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Minimalismo, um balanço

Sou minimalista desde 2011. No início, eu não tinha ambições à uma conversão permanente: resolvi adotar esse estilo de vida porque era o mais prático no momento, tanto para juntar dinheiro quanto para sair viajando. Quando voltei ao Brasil, achei uma boa continuar, não só porque eu tinha me adaptado muito bem a ele, mas também porque seria útil para refazer o patrimônio. E porque meu objetivo final era eventualmente morar de novo fora do país, então quanto menos objetos para me desfazer antes da mudança, melhor.

Papo vai, papo vem, são oito anos de minimalismo. Convenhamos que é uma quantidade de tempo respeitável. O que não quer dizer que eu esteja pronta a me comprometer para o resto da vida, porque a gente nunca sabe o que pode acontecer. Mas, por enquanto, continua funcionando bem. Com ele, eu e o marido conseguimos trabalhar menos e ter mais tempo para o que gostamos de fazer. Nos preocupamos menos em guardar e cuidar de bens. E também não ficamos competindo com os outros (tipo "Quem tem o carro mais legal?" A gente nem tem carro).

Ser minimalista me trouxe muitas coisas boas: mais oportunidades, mais criatividade, mais coragem, mais dinheiro guardado. Mas, para ser sincera, também incentivou umas características não tão bonitas: egoísmo, pão-durismo. Faço as coisas do meu jeito, sem me importar com as outras pessoas. Às vezes, economizar é mais importante do que sair com os amigos. A ideia de parar de dar presentes físicos para a família, substituindo por experiências (um jantar, um passeio) se perdeu no meio do caminho; agora ninguém ganha nada (só as crianças).

Ou seja, nem tudo é perfeito-lindo-maravilhoso. Mas que o saldo é muito positivo, isso é.

terça-feira, 5 de março de 2019

Staycation

Não somos fãs do carnaval, mas gostamos do feriado. Só que este ano teve tanta coisa acontecendo que meio que nos esquecemos dele.

Quando lembramos, em cima da hora, estava fazendo um calor terrível em Brasília. Aí tivemos a ideia de ficar pela cidade, mas mudar de ambiente: passarmos um dia em um hotel com piscina e ar-condicionado.

Não foi difícil encontrar um hotelzinho bacana a preço razoável. Quando fizemos a reserva, queríamos fugir do calor, só que acabou chovendo no feriado e as temperaturas caíram bastante. Mas uma das piscinas do hotel era aquecida, então deu tudo certo. Também aproveitamos a sauna e (pasmem!) a academia (que tinha ar-condicionado, uma glória). Para completar, transformamos o café-da-manhã em brunch, já que em plena terça-feira de carnaval estava tudo fechado por aqui, e voltamos para casa alimentados, exercitados e felizes.

E foi bom que ainda testamos um apart-hotel de Brasília. Provavelmente passaremos uns dias em algum deles depois de entregar o apartamento. Para uma noite só, foi ótimo, mas para muito tempo achei enganação a denominação "apart". De apartamento não tinha nada: a diferença para um quarto clássico de hotel era a presença de uma pia de cozinha, uma geladeira e um microondas, o que é um bônus interessante, mas não o suficiente para uma pessoa ou um casal morarem por meses. O que também não é nossa intenção, então tudo bem.

domingo, 3 de março de 2019

Diarinho

Apesar de toda a ingratidão do post passado, as coisas estão andando muito bem por aqui. Reduzi o expediente; estou indo à academia todo dia (menos domingo, porque não abre) e sofrendo bem pouco com isso; fui à dentista e à olftamologista e está tudo bem (exceto o fato de que tenho miopia, astigmatismo e vista cansada, só que em doses mínimas, então vou ignorar olimpicamente a prescrição de óculos que a médica me passou). Para completar, abriu o mecanismo de remoção do primeiro semestre, e acho que tenho boas chances de conseguir uma vaga interessante.

(Uia, talvez o blog seja meu caderninho da gratidão e eu não tinha percebido.)

Ando bem agitada, e isso é legal, embora às vezes destruidor (deixei as capas - azuis - dos travesseiros no alvejante para peças coloridas durante a noite toda, e em vez de limpíssimas elas ficaram manchadas). Arrumei a gaveta do banheiro. Reorganizei os livros de papel de casa (são do concurso para diplomacia: peguei emprestado do marido de uma prima, nunca li, devolvi. Depois peguei emprestado de novo e também não li, mas no momento eles estão servido para levantar o notebook ao nível dos meus olhos, já que voltei a usar o computador de pé). 

Acho que 2019 vai ser um ano cheio de emoções. Já temos as novidades de trabalhar 6 horas e de voltar à academia, depois de muitos anos jurando que não punha mais os pés lá. E ainda estamos no carnaval!

sábado, 2 de março de 2019

Emburradíssima

Sabe o caderninho da gratidão? Durou três dias, se tanto. A verdade é que eu acho essas coisas bem piegas e sentimentais, e eu sou basicamente uma pessoa sarcástica e impaciente. E ingrata, obviamente.

Li com toda boa-vontade os livros de psicologia positiva e felicidade baseada na ciência. Quer saber? Alguns aspectos fazem sentido, outros não. Uma questão complicada é a insistência de que a felicidade é principalmente interior, e o que o ser humano pode escolher ser feliz. E as injustiças e desigualdades? Vamos ignorá-las e ir ali meditar?

Outra grande discussão é se alcançar felicidade é mesmo a finalidade última da vida humana. Não há objetivos mais importantes? E se eu quero sofrer aqui no cantinho, pode?

No momento, minha gratidão vai para o fato de que posso arrancar à vontade páginas do caderninho que minha irmã mais nova me deu e ele não se desmancha. Vou transformá-lo no caderninho do "deixa eu viver minha vida".

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Vida nova, parte II

Hoje eram cinco da tarde e eu já tinha trabalhado, ido à academia, tomado banho e feito umas mudanças em casa: troquei roupa de cama e capas de almofadas e mudei a mesa de lugar para fazer refeições olhando a árvore que tem do lado de fora da janela.

Acho que a animação é resultado do expediente reduzido, dos exercícios físicos e do fato que tenho tentado evitar chegar em casa e grudar no computador (porque aí o tempo passa, o dia acaba e tenho a impressão não fiz nada de útil).

Em relação à decoração, meu apartamento é bem sóbrio. Já veio com as paredes pintadas de cinza (um mais claro, outro mais escuro); nossos móveis são pretos ou brancos. Até a bicicleta ergométrica, que de vez em quando aparece na sala, obedece a esse esquema tonal.

Eu gosto, e acho relaxante: é um ambiente bem limpo, beirando o minimalista. Só que de uns tempos para cá estou sentindo falta de cor.

Não que eu vá pendurar um Ronaldo Fraga na parede. Mas acho que umas almofadas mais coloridas, uma toalha menos escura, uma caneca um pouco diferente vão deixar a sala mais alegre e meus dias mais leves.

Minha louça é branca, minhas canecas (de chá, não de café, que ninguém toma aqui em casa) são pretas. Fica lindo em cima da minha toalha preta com desenhos geométricos em cinza. Mas, como eu disse, uma hora tanta sobriedade deixou de ser estimulante e passou a ser entendiante.

Aí andei pelo casa botando cor onde era fácil; coloquei a mesa paralela à janela para ver o verde; e até abri a mão - comprei uma caneca nova. Ela é azul-turquesa por fora e amarelo-limão por dentro. Como tomo chá o dia todo, a impressão que eu tenho é que estou bebendo cores.

Ah, e desenterrei o diário da gratidão.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Vida nova

Quinta-feira passada comecei meu expediente de 6 horas e, para não perder o embalo, já me matriculei na academia com o Leo.

Fazer 6 horas é maravilhoso. Chego às 8, saio às 14 e vou almoçar.

Fazer academia não é tão maravilhoso, mas é bem menos odiento do que imaginei. Ajuda ter companhia e conseguir ir em um horário semi-vazio (3 da tarde).

O plano é bater ponto lá todo dia para criar o hábito. Por enquanto, estamos conseguindo. Nos primeiros dias, ficamos doloridos por causa da falta de costume em usar os músculos (alguns a gente nem sabia que tinha), mas hoje é a quarta vez que demos as caras e estamos nos sentindo bem, obrigada.

É claro que estou indignada porque até agora não vi nenhuma diferença no meu corpinho.

* * *

Ainda não sei bem o que fazer com as horas que ganhei. Por enquanto, além da academia, o objetivo é ir ao dentista, olftamologista, dermatologista e mais outros istas que aparecerem.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Maldita academia

Se não me engano, 2009 foi o último ano em que frequentei uma academia de ginástica. Ficava no clube ao lado do prédio onde eu morava era bem razoável, mas mesmo assim eu ia com muita má vontade porque basicamente o d e i o academia.

Em 2010, depois de ler muitos textos feministas, concluí que eu tinha uma preocupação exagerada com minha aparência e podia usar esse tempo e esforço de maneiras mais legais. Larguei a academia com muitíssima alegria porque, cá pra nós, eu só ia por vaidade mesmo. E fazia aquelas avaliações físicas toscas nas quais me diziam que eu tinha um ombro mais alto que o outro (fui ao ortopedista: ele me garantiu que não, revirando os olhos quando eu  expliquei que o causador da consulta tinha sido o treinador da academia).

Dito isso, todos os livros sobre a felicidade, saúde e bom envelhecimento que eu leio garantem que atividade física é fundamental. E que, infelizmente, atividade física não se resume às lépidas caminhadas que eu costumo fazer. Depois que passa dos 40 anos, o corpo humano vai perdendo cada vez mais massa muscular e, para combater esse triste fato, temos de levantar peso.

Por isso, muito a contragosto e torcendo muito o nariz, fui conhecer uma academia que fica perto da minha casa. Até que é bonitinha. É bem iluminada, tem o pé direito alto e os equipamentos de tortura, ops, de ginástica parecem novos e bem-cuidados. Mas, ainda assim, não é um lugar que me causa a mesma alegria de uma biblioteca ou de um cinema. Longe de.

A única coisa que me anima é que quando dei a ideia (num momento de insanidade, sem dúvida), o Leo topou. E como tudo que faço com o Leo, ainda que seja esperar em filas gigantes ou administrar atrasos de voos de aeroportos, é legal, tenho a pálida esperança de que no fim das contas não vai ser tão ruim.

Só um pouco.

* * *

Se tudo sair como planejado, amanhã passo a trabalhar seis horas e começo na academia. Vamovê no que isso vai dar.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Jornada de 6 horas, parte II

No ano passado cogitei reduzir meu horário de trabalho de 8 para 6 horas, mas ficou só no mundo das ideias. Este ano, após algumas reviravoltas dramáticas no trabalho, estou com a permissão na mão. Só estou aguardando as coisas se normalizarem (colega novo para ser treinado, colega antigo ainda de licença) para começar.

A dificuldade agora vai ser essa: decidir o momento certo. Ainda não sei o que fazer no maravilhoso tempo livre a mais que terei, sem esquecer que o salário diminui proporcionalmente (então, preferencialmente, nada de hobbies caros. Que eu também não queria quando tinha o salário integral, mas enfim).

Ou seja, provavelmente ficarei arranjando desculpas para continuar com o expediente integral "até tudo voltar ao normal" e "por só mais uma semana" indefinidamente.

A ver.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Se acabó!

... el curso de español. Fui bem menos sofrido do que o curso de russo, mas não foi sem seus percalços: perdi aula por estar doente, por causa de trabalho, por uma viagem de emergência. Perdi inclusive uma das provas orais (o professor vai duplicar a nota da outra). A sorte é que uma colega de trabalho querida também estava fazendo o curso e me passava a matéria que tinha sido dada quando eu não estava presente (isso quando ela também não tinha de matar aula).

Até sonhei com uma reprovação (a nota para passar é 70% e no sonho eu tirava 6,1 na prova), mas acho que não estou correndo esse risco. Tirei mais que 9 nas duas avaliações escritas e fiz todos os trabalhos. O resto da nota é a prova oral (acho que deu) e frequência (não tirei 10 nesse quesito, mas com alguns malabarismos, tipo voltar de BH a tempo de não perder aula, fiquei no limite do aceitável).

Em retrospectiva, se eu soubesse que o curso ia coincidir com um projeto gigante no trabalho, com uma licença saúde de 15 dias do colega, com uma gastrointerite e com uma urgência familiar, eu teria teria pensado duas vezes antes de me inscrever. Confesso que estou passando por um período de alta ansiedade e tendo dificuldade de lidar com imprevistos. Por outro lado, agora que passou fico muito contente de ter tido a oportunidade (uma das minhas palavras favoritas!) de fazer um semestre inteiro em um mês.

Já estou namorando o próximo curso regular de espanhol. Vai ser uma beleza fazer duas aulas por semana.

* * *
Atualização: minha nota final foi 9,53 (em 10). Estou toda-toda.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Doentinha

Quando me mudei para Coronel Fabriciano, qualquer coisinha era razão para correr para o pronto-atendimento. Crise de labirinte. Dedo apertado na porta do carro. Gripão.

Acho que foi porque eu não tinha mais minha mãe para tomar conta da minha saúde. Então, por via das dúvidas, eu me encaminhava para a doutora mais próxima. Isso e o fato de morar ao lado de um centro médico.

Depois que vim para Brasília, em 2010, nunca mais fui parar no pronto-atendimento. Até quinta de madrugada, quando essa virose terrível que anda por aí me pegou de jeito.

Nem lembro a última vez em que não fui ao trabalho. Pois fiquei dois dias de atestado, passando mal pra burro, acumulando caixas de remédio e amaldiçoando meu sistema digestivo. Cheguei a voltar ao hospital para tomar soro e antiemético na veia. Muito desagradável.

A sorte é que eu tinha o Leo para cuidar de mim e minha mãe para dar recomendações por telefone. Ficar doente sozinha deve ser horrível, principalmente quando você passa três dias tão enjoada que não quer sair da posição horizontal.

Agora estou recuperada e feliz. E, pela primeira vez na vida, concordando com aquela tia que sempre deseja saúde no aniversário.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

#10yearchallenge

Cenas do Rio fez um #10yearchallenge em palavras, e eu gostei da ideia.

Em 2009, eu morava em Coronel Fabriciano, interior de Minas. Em 2019, eu moro em Brasília, capital do país.

Em 2009, eu trabalhava na Receita Federal. Em 2019, eu trabalho no Ministério das Relações Exteriores.

Em 2009, eu viajei para Las Vegas, Washington e Nova York. Em 2019, espero me mudar para fora do Brasil.

Em 2009, eu falava bem inglês e tinha feito um semestre de francês. Em 2019,  falo bem inglês, razoavelmente francês, um pouco de espanhol e umas palavras de russo.

Em 2009, eu comprei uma jaqueta de couro nos Estados Unidos e passei mal na hora de pagar. Custou uns 200 dólares (e na época o dólar era bem mais barato). Em 2019, eu ainda uso essa jaqueta (e também vou passar mal na hora de pagar se eu for comprar uma roupa de 200 dólares).

Em 2009, não existia Kindle e eu tinha um montão de livros de papel. Em 2019, eu tenho 2 Kindles! e quase nenhum livro em papel. Eu 2009 eu lia muito, mas em 2019 eu leio ainda mais.

Em 2009, eu me preocupava muito com minha pele, meu cabelo, minhas roupas. Em 2019, eu me preocupo muitíssimo menos (embora tenha comprado uns produtos pro cabelo aê).

Em 2009, eu descobri o batom perfeito. Em 2019, eu uso o mesmo batom (é perfeito mesmo).

Em 2009, eu tinha uma grande quantidade de objetos. Em 2019, eu sou minimalista.

Em 2009, eu era uma feminista teórica. Em 2019, eu sou uma feminista prática.

Em 2009, eu tomava leite. Em 2019, eu tomo chá.

Em 2009, eu comia muito chocolate. Em 2019, eu como muito chocolate.

Em 2009, eu estava casada com o Leo há 5 anos. Em 2019 eu estou casada com o Leo há 15 anos. Continuo achando que foi uma ótima ideia.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Rápido exercício

Acho que todo mundo que tem a ambição de escrever já se deparou com o conselho: "Escreva todo dia". E quanto não te ocorre um assunto sobre o qual escrever? Aí você escreve sobre o conselho, oras.

Particularmente, acho mais fácil fazer uma coisa todo dia do que algumas vezes por semana. Então vejo lógica na recomendação.

* * *

Pela primeira vez na vida, frequento uma aula de línguas em que todos os alunos estão interessados. Achei surpreendente. Aí me lembrei de que é um curso intensivo de verão, com aulas todos os dias, e o simples fato de ser um curso intensivo de verão, com aulas todos dias, seleciona automaticamente quem se matricula - isto é, pessoas interessadas.

* * *

Minha psicóloga acha que não dou vazão a meus sentimentos e que estou contendo minha agressividade. Segundo ela, isso é porque quero que as pessoas gostem de mim. Fiquei danada e dei vazão à minha agressividade: "mas eu nem gosto das pessoas!".

sábado, 19 de janeiro de 2019

Brusinhas et al

Aqui em Brasília tem um calor terrível, e estou sofrendo com minhas camisas sociais de trabalho. Saio pra almoçar com uma turma de amigos (também conhecida como "o bonde") e a gente camela debaixo do sol até chegar ao restaurante de ministério que nos apetece no dia. Às 18 horas vou para aula de espanhol na UnB, que é um pavilhão novo e bonitinho mas que não tem sequer ventilador de teto, quem dirá ar condicionado. Como ainda estamos em horário de verão, aquele sol do almoço continua inclemente entrando pelos janelões da sala, agora um pouco mais inclinado mas não menos quente.

Então fui ao brechó ver se achava umas brusinhas mais frescas para trabalhar. Experimentei um monte e gostei de duas. Saí da loja com elas e a certeza de que não tenho mais ideia do que as pessoas andam usando. O que está na moda está totalmente fora do meu radar. Quase não vejo televisão, não leio revistas femininas, não acompanho blogs ou perfis na internet sobre o assunto. Resultado: uso camisa e calça sociais na firma, ando de jeans e all star genérico por aí, e está valendo. Pelo menos o brechó que frequento trabalha com roupas atuais, então não pareço estar - ainda - vivendo na década passada.

* * *

Vi O Rei do Show. É um filme que tem músicas ótimas, tem Wolverine, tem a Michelle Williams, tem figurino bacana, tem cenas de circo legais, e consegue ser péssimo. Achei tão ruim que assisti aos pulinhos, adiantando.

Gostei muito mais de Nasce uma Estrela. Nunca tive a menor simpatia pelo Bradley Cooper, mas o achei ótimo no filme (que ele também dirigiu). A primeira metade é ótima, a segunda nem tanto: o final é meio apelão. Mas me tornei mais uma das viciadas na música Shallow, que a Ally, a personagem da Lady Gaga, canta junto com o Jackson Maine.

* * *

Fui a última pessoa a entrar no Facebook, a ter conta no Instagram, a ler tuítes. Desde semana passada, sou a última a assinar o Spotify.

Curtindo muito.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Tudo ao mesmo tempo agora

Como sempre, vem tudo junto: horas-extras todo dia no trabalho, crise de labirintite, duas horas e meia de espanhol diárias de segunda a sexta. Previsão do tempo: as condições climáticas se manterão pelo menos pelas próximas três semanas. Por um lado, não posso dizer que minha vida não tem emoções; por outro, estou ficando bem cansada. Minha esperança é me acostumar com o ritmo e daqui a uns dias estar reclamando do excesso de tempo livre.

* * *

On a brighter note, tomei o Kindle de teclas do Leo para dar para meu pai, mas consegui comprar outro igual no Mercado Livre. Custou 80 reais e está novíssimo. Detalhe: o Leo não se importou muito, porque tem outro Kindle touch screen com luz, mas eu fiquei aflita, porque quando meu original de teclas morresse, eu ia ficar sem um backup à altura. Agora está tudo bem no reino da Lud&Leolândia.

Meu pai também está contente: ele já tinha tinha um Kindle, mas era um touch screen complicadinho de usar. O que dei pra ele tem uns poucos botões e dicionário, o que ele adorou (o anterior também tinha, mas o comando não era tão óbvio).

E aí, para manter o número de Kindles na família estável, minha irmã mais nova perdeu o dela no avião.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Retrospectiva 2018

Trabalhei muito. Achei o trabalho chato. Mesmo assim, como sou caxias, trabalhei bem e fui reconhecida. Encontrei amigos. Li de montão. Comecei a estudar russo e voltei a estudar espanhol. Fiz minha primeira missão no exterior. Senti a ansiedade voltar. Fiz jejum intermitente, experimentei baixos carboidratos. Mudei de setor. Viajei para Espanha e França nas férias. Viajei para a Alemanha a trabalho. Andei de bicicleta (duas vezes). Fiz 25 anos de relacionamento. Fui ao aniversário de 100 anos de minha avó. Emagreci. Engordei. Perdi tempo nas redes sociais.  Emburrei. Desemburrei.

Financeiramente, a receita de salários diminuiu e a grana nas aplicações rendeu menos, mas como eu e marido somos minimalistas-econômicos-frugais e vivemos abaixo dos nossos meios, a vida não mudou - e ainda conseguimos guardar 40% das entradas (após impostos).

2018 foi um ano misturado: vários momentos bons, umas notícias ruins e alguns desapontamentos. Foi um daqueles anos-recheio, espremido entre outros muito mais interessantes: em 2017 comecei no emprego atual, em 2019 (se tudo der certo) serei removida pra fora do país. Morro de preguiça desses anos intermediários, em que nada de realmente emocionante acontece.