domingo, 27 de janeiro de 2019

Doentinha

Quando me mudei para Coronel Fabriciano, qualquer coisinha era razão para correr para o pronto-atendimento. Crise de labirinte. Dedo apertado na porta do carro. Gripão.

Acho que foi porque eu não tinha mais minha mãe para tomar conta da minha saúde. Então, por via das dúvidas, eu me encaminhava para a doutora mais próxima. Isso e o fato de morar ao lado de um centro médico.

Depois que vim para Brasília, em 2010, nunca mais fui parar no pronto-atendimento. Até quinta de madrugada, quando essa virose terrível que anda por aí me pegou de jeito.

Nem lembro a última vez em que não fui ao trabalho. Pois fiquei dois dias de atestado, passando mal pra burro, acumulando caixas de remédio e amaldiçoando meu sistema digestivo. Cheguei a voltar ao hospital para tomar soro e antiemético na veia. Muito desagradável.

A sorte é que eu tinha o Leo para cuidar de mim e minha mãe para dar recomendações por telefone. Ficar doente sozinha deve ser horrível, principalmente quando você passa três dias tão enjoada que não quer sair da posição horizontal.

Agora estou recuperada e feliz. E, pela primeira vez na vida, concordando com aquela tia que sempre deseja saúde no aniversário.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

#10yearchallenge

Cenas do Rio fez um #10yearchallenge em palavras, e eu gostei da ideia.

Em 2009, eu morava em Coronel Fabriciano, interior de Minas. Em 2019, eu moro em Brasília, capital do país.

Em 2009, eu trabalhava na Receita Federal. Em 2019, eu trabalho no Ministério das Relações Exteriores.

Em 2009, eu viajei para Las Vegas, Washington e Nova York. Em 2019, espero me mudar para fora do Brasil.

Em 2009, eu falava bem inglês e tinha feito um semestre de francês. Em 2019,  falo bem inglês, razoavelmente francês, um pouco de espanhol e umas palavras de russo.

Em 2009, eu comprei uma jaqueta de couro nos Estados Unidos e passei mal na hora de pagar. Custou uns 200 dólares (e na época o dólar era bem mais barato). Em 2019, eu ainda uso essa jaqueta (e também vou passar mal na hora de pagar se eu for comprar uma roupa de 200 dólares).

Em 2009, não existia Kindle e eu tinha um montão de livros de papel. Em 2019, eu tenho 2 Kindles! e quase nenhum livro em papel. Eu 2009 eu lia muito, mas em 2019 eu leio ainda mais.

Em 2009, eu me preocupava muito com minha pele, meu cabelo, minhas roupas. Em 2019, eu me preocupo muitíssimo menos (embora tenha comprado uns produtos pro cabelo aê).

Em 2009, eu descobri o batom perfeito. Em 2019, eu uso o mesmo batom (é perfeito mesmo).

Em 2009, eu tinha uma grande quantidade de objetos. Em 2019, eu sou minimalista.

Em 2009, eu era uma feminista teórica. Em 2019, eu sou uma feminista prática.

Em 2009, eu tomava leite. Em 2019, eu tomo chá.

Em 2009, eu comia muito chocolate. Em 2019, eu como muito chocolate.

Em 2009, eu estava casada com o Leo há 5 anos. Em 2019 eu estou casada com o Leo há 15 anos. Continuo achando que foi uma ótima ideia.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Rápido exercício

Acho que todo mundo que tem a ambição de escrever já se deparou com o conselho: "Escreva todo dia". E quanto não te ocorre um assunto sobre o qual escrever? Aí você escreve sobre o conselho, oras.

Particularmente, acho mais fácil fazer uma coisa todo dia do que algumas vezes por semana. Então vejo lógica na recomendação.

* * *

Pela primeira vez na vida, frequento uma aula de línguas em que todos os alunos estão interessados. Achei surpreendente. Aí me lembrei de que é um curso intensivo de verão, com aulas todos os dias, e o simples fato de ser um curso intensivo de verão, com aulas todos dias, seleciona automaticamente quem se matricula - isto é, pessoas interessadas.

* * *

Minha psicóloga acha que não dou vazão a meus sentimentos e que estou contendo minha agressividade. Segundo ela, isso é porque quero que as pessoas gostem de mim. Fiquei danada e dei vazão à minha agressividade: "mas eu nem gosto das pessoas!".

sábado, 19 de janeiro de 2019

Brusinhas et al

Aqui em Brasília tem um calor terrível, e estou sofrendo com minhas camisas sociais de trabalho. Saio pra almoçar com uma turma de amigos (também conhecida como "o bonde") e a gente camela debaixo do sol até chegar ao restaurante de ministério que nos apetece no dia. Às 18 horas vou para aula de espanhol na UnB, que é um pavilhão novo e bonitinho mas que não tem sequer ventilador de teto, quem dirá ar condicionado. Como ainda estamos em horário de verão, aquele sol do almoço continua inclemente entrando pelos janelões da sala, agora um pouco mais inclinado mas não menos quente.

Então fui ao brechó ver se achava umas brusinhas mais frescas para trabalhar. Experimentei um monte e gostei de duas. Saí da loja com elas e a certeza de que não tenho mais ideia do que as pessoas andam usando. O que está na moda está totalmente fora do meu radar. Quase não vejo televisão, não leio revistas femininas, não acompanho blogs ou perfis na internet sobre o assunto. Resultado: uso camisa e calça sociais na firma, ando de jeans e all star genérico por aí, e está valendo. Pelo menos o brechó que frequento trabalha com roupas atuais, então não pareço estar - ainda - vivendo na década passada.

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Vi O Rei do Show. É um filme que tem músicas ótimas, tem Wolverine, tem a Michelle Williams, tem figurino bacana, tem cenas de circo legais, e consegue ser péssimo. Achei tão ruim que assisti aos pulinhos, adiantando.

Gostei muito mais de Nasce uma Estrela. Nunca tive a menor simpatia pelo Bradley Cooper, mas o achei ótimo no filme (que ele também dirigiu). A primeira metade é ótima, a segunda nem tanto: o final é meio apelão. Mas me tornei mais uma das viciadas na música Shallow, que a Ally, a personagem da Lady Gaga, canta junto com o Jackson Maine.

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Fui a última pessoa a entrar no Facebook, a ter conta no Instagram, a ler tuítes. Desde semana passada, sou a última a assinar o Spotify.

Curtindo muito.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Tudo ao mesmo tempo agora

Como sempre, vem tudo junto: horas-extras todo dia no trabalho, crise de labirintite, duas horas e meia de espanhol diárias de segunda a sexta. Previsão do tempo: as condições climáticas se manterão pelo menos pelas próximas três semanas. Por um lado, não posso dizer que minha vida não tem emoções; por outro, estou ficando bem cansada. Minha esperança é me acostumar com o ritmo e daqui a uns dias estar reclamando do excesso de tempo livre.

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On a brighter note, tomei o Kindle de teclas do Leo para dar para meu pai, mas consegui comprar outro igual no Mercado Livre. Custou 80 reais e está novíssimo. Detalhe: o Leo não se importou muito, porque tem outro Kindle touch screen com luz, mas eu fiquei aflita, porque quando meu original de teclas morresse, eu ia ficar sem um backup à altura. Agora está tudo bem no reino da Lud&Leolândia.

Meu pai também está contente: ele já tinha tinha um Kindle, mas era um touch screen complicadinho de usar. O que dei pra ele tem uns poucos botões e dicionário, o que ele adorou (o anterior também tinha, mas o comando não era tão óbvio).

E aí, para manter o número de Kindles na família estável, minha irmã mais nova perdeu o dela no avião.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Retrospectiva 2018

Trabalhei muito. Achei o trabalho chato. Mesmo assim, como sou caxias, trabalhei bem e fui reconhecida. Encontrei amigos. Li de montão. Comecei a estudar russo e voltei a estudar espanhol. Fiz minha primeira missão no exterior. Senti a ansiedade voltar. Fiz jejum intermitente, experimentei baixos carboidratos. Mudei de setor. Viajei para Espanha e França nas férias. Viajei para a Alemanha a trabalho. Andei de bicicleta (duas vezes). Fiz 25 anos de relacionamento. Fui ao aniversário de 100 anos de minha avó. Emagreci. Engordei. Perdi tempo nas redes sociais.  Emburrei. Desemburrei.

Financeiramente, a receita de salários diminuiu e a grana nas aplicações rendeu menos, mas como eu e marido somos minimalistas-econômicos-frugais e vivemos abaixo dos nossos meios, a vida não mudou - e ainda conseguimos guardar 40% das entradas (após impostos).

2018 foi um ano misturado: vários momentos bons, umas notícias ruins e alguns desapontamentos. Foi um daqueles anos-recheio, espremido entre outros muito mais interessantes: em 2017 comecei no emprego atual, em 2019 (se tudo der certo) serei removida pra fora do país. Morro de preguiça desses anos intermediários, em que nada de realmente emocionante acontece.