sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Mila em Manila

Queria falar de Manila e das Filipinas, mas tenho medo de sair bobagem. Me sinto muito protetora do país - que tem seus problemas e dificuldades, foi colonizado igual ao Brasil etc. etc. Uma hora vou servir em país europeu e aí tenho certeza que vou reclamar de um monte de coisa com tranquilidade. 

Os filipinos são adoráveis. Claro que estou generalizando, mas eles são gentis e amigáveis. Gostam: de estrangeiros. Não gostam: de dizer não. Então às vezes eles falam sim para não desagradar, mas não tem/não é/não vai rolar. 

Tenho a impressão que as Filipinas são o país mais ocidentalizado da Ásia. Primeiro veio a Espanha, de 1521 a 1898. Depois os Estados Unidos, de 1899 a 1946. O resultado é que mais 80% dos filipinos são católicos, e uma das línguas oficiais é o inglês. Isso facilita muito a vida: como diz o Leo, a gente não ofende ninguém inadvertidamente (como na Tailândia, onde não se deve tocar a cabeça das pessoas). Se ofendermos é porque queremos mesmo.

Até o momento não foi necessário. 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Demais

Minha cabecinha funciona de um jeito esquisito. É assim: eu posso ser feliz, mas não muito. 

É um sistema de freios e contrapesos. O sabático, por exemplo, foi maravilhoso, mas paguei por ele fazendo uma série de sacrifícios (e valeu muito a pena, recomendo). Já meu emprego atual me permite morar no exterior e ainda me remunera por isso? Não dou conta. 

Talvez seja a educação católica, que acha tão bonitinho sofrer. Talvez meus pais tenham sido muito comedidos com alegrias na minha infância e adolescência: "churrasco à tarde e festa à noite no mesmo dia? Não pode, é demais". Talvez todas as heroínas dos meus livros preferidos tenham que passar por muitos perrengues para alcançarem seus objetivos. 

Enfim. O primeiro passo é descobrir meus mecanismos malucos. O segundo é me convencer que minha vida não precisa ser uma obra de literatura, repleta de tensões e tragédias. Pode ser uma novelinha alegre, com muitas partes boas. 

Uma historinha feliz. 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Aos poucos

Faz dois dias que não acompanho as notícias do Brasil na internet, nem abro o Twitter, e meu humor já melhorou um bocado. Um pouco porque as notícias do Brasil têm sido bem ruins; outro tanto devido ao fato de que redes sociais e sites são viciantes, e eu gastava bastante tempo neles. Agora uso esse tempo para frequentar a piscina do prédio, ver RuPaul's Drag Race UK, e ler pedaços de livros no Kindle (não sinto a menor obrigação de ler um livro por inteiro: às vezes a introdução e a conclusão já resolvem).

Sim, o prédio tem piscina, e desde que a pandemia começou (março de 2020), é necessário marcar hora para nadar. O lado bom é que eu e o Leo ficamos com o espaço só para nós; o ruim é que cada apartamento tem direito a apenas 60 minutos, agendados no dia anterior ou no próprio dia. Não dá para sentir uma vontade espontânea de mergulhar. Mas, como a cada dia que passa mais horários vagos aparecem, não é difícil pegar o interfone e conseguir um horário dali a um tempinho. 

Pode ser isso, pode ser o remedinho mágico fazendo efeito. Só sei que estou me sentindo mais eu mesma, e fico muito feliz por isso. Acho que o pior de uma crise de ansiedade ou depressão é não se reconhecer, e não conseguir acreditar que a situação vai mudar, nunca. É bizarro para quem nunca teve a (péssima) experiência, mas para mim funciona assim. 

É verdade que a pandemia não ajudou em nada. Sem quarentena, eu teria viagens, encontros com os amigos, idas a restaurantes e cinemas etc. Quer dizer, atividades legais que ajudariam a me distrair e me divertir. O começo do isolamento foi tranquilo, e acho que para mim foi menos difícil do que para muitos, mas uma hora a gente cansa. 

Enfim. Vamos indo, um dia de cada vez, uma semana de cada vez, um mês de cada vez. Uma hora as coisas vão melhorar.