sábado, 29 de janeiro de 2022

O primeiro dia de trabalho

Ontem foi meu primeiro dia de trabalho (sim, arrumei as férias para começar numa sexta-feira e ter logo um fim de semana). A primeira impressão foi ótima. Os chefes parecem ser acessíveis, e os colegas, comprometidos. Vou ter muito a aprender e bastante serviço pela frente, mas em um clima agradável e cordial. Faz toda a diferença. 

Também faz diferença o fato de não ser a primeira remoção. Agora sei mais sobre o funcionamento dos postos e da dinâmica de trabalho. E sobre a chegada, adaptação, busca do apartamento, espera pela mudança... gosto de mudar, mas o período "vida sendo ajeitada" é prolongada. Eu e o Leo combinamos que não vamos nos estressar com isso. As coisas vão acontecer no momento delas, no ritmo suíço (qualquer que seja ele).

Passeamos por Zurique na quinta, na sexta e hoje, sempre acompanhados de colegas e amigos. Foi excelente, mas confesso que prestei tanta atenção na conversa que não consegui prestar muita na cidade. Já senti que é limpa, graciosa e organizada. Mais impressões vão ter de esperar pelos próximos dias. 


Nestes primeiros tempos, estamos em um apart hotel perto do trabalho, o City Stay. São 350 metros de distância, 4 minutos a pé. O endereço definitivo provavelmente será mais longe, porque os apartamentos próximos são velhos, caros ou ambos, mas não mais do que 20 minutos de tram (espero), preferencialmente sem baldeações. 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Os primeiros dias

Estou em clima de férias, mas adianto que está sendo ótimo passar este período de transição na Suíça em vez de em Abu Dhabi e Dubai, que era o plano original. Estamos quase acertados com o novo fuso horário e nos acostumando com o frio e o jeito suíço de ser. Os locais são muito gentis. E muita gente fala inglês. 

É verdade que estávamos em Interlaken, que é interior. Geralmente o povo mais mala habita as capitais (vide parisienses e portenhos). E ninguém nunca acusou os suíços de serem mal-educados, mas sim de reservados demais. Ninguém vai nos maltratar, mas em tese é difícil fazer amigos. Veremos

Depois de quase duas semanas, vou ter de dar o braço a torcer: o Leo tinha razão. As Filipinas, apesar da imensa distância geográfica (antípoda de Brasília!), são muito mais parecidas com o Brasil. Aqui a diferença começa com a língua alemã (não estou nem falando do alemão suíço!), continua com o clima e termina... não sei onde. 

Em Manila era tudo escrito em inglês, o que facilitava muito a nossa vida, embora não fosse todo mundo que o dominasse. Aqui, até o momento, encontramos muitos falantes de inglês (britânico, devido à proximidade com a Inglaterra), mas nos sentimos analfabetos diante das placas, avisos e letreiros. 

Vamos aprender, claro, mas vai demorar um tempinho.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Fotos das férias, parte I

Estamos curtindo demais. O frio, o céu, o ar puro, o silêncio. Dormir debaixo do edredom. Esquentar as mãos na caneca de chá. Fazer fondue (em Manila a gente fazia também, mas o clima não era lá o mais adequado). Caminhar para tudo quanto é lado. Ver o nascer do sol (às 8 da manhã).

E, claro, passear! Nos eficientes, confortáveis, silenciosos e pontuais trens suíços. 

Iseltwald

Thun

Spiez

Interlaken com sol

Brienz

Blausee

Kandersteg

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Em um relacionamento sério: eu e o frio

Não sou a pessoa mais óbvia para morar em um país frio. Sou das que vai agasalhada ao cinema e deixa um casaquinho no trabalho por causa do ar-condicionado. No entanto, surgiu a oportunidade de trabalhar na Suíça e eu aceitei. Sim, frio, estou certa de que conseguirei vencer os empecilhos que ameaçam nosso amor. 

Estratégia número 1: não existe clima ruim, existe roupa não-apropriada (como dizem os finlandeses). Eu trouxe todas as minhas roupas quentes e estou disposta a comprar quantas mais forem necessárias (contanto que sejam bem bonitas e não muito caras).

Estratégia número 2: sai, casaco. Dá preguiça, mas ao entrar em qualquer ambiente aquecido (loja, restaurante, trem, metrô), o casaco tem de ser tirado, ou o corpo se acostuma com a nova temperatura e a gente congela quando sai de novo. Essa foi a irmã Isa que me ensinou (ela morou na Alemanha). 

Estratégia número 3: pezinhos aquecidos. Minha primeira compra em Interlaken foi um par de pantufas da vovó. O apartamento que alugamos é quentinho, mas o chão, como sói acontecer, é gelado. E não há meia ou chinelinho que dê conta. O jeito é arrumar pantufas macias de sola grossinha e isolante. 

Estratégia número 4: pontos estratégicos. Além dos pés, gorro, cachecol e luvas grossas fazem muita diferença para impedir que o calor do corpo escape. É bom que estejam sempre na mochila. 

Estratégia número 5: aceitação. Em alguns momentos vou sentir um pouco de frio, e isso é um fato da vida. Tenho que me vestir de maneira a ficar minimamente confortável, e não quente como um forninho. 

Por enquanto essas estratégias estão funcionando. Mas você também tem de fazer a sua parte, frio. Estou pensando que, quando o inverno acabar, a gente devia dar um tempo na nossa relação. 

No fim do ano reatamos, prometo.

Por enquanto está dando certo. 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Hallo, Schweiz!

Interlaken, 15 de janeiro de 2022. 

Depois de dois voos bem longos (9 horas e 7 horas, respectivamente) e 3 horas de trem, chegamos ontem ao nosso destino: Interlaken, uma cidadezinha suíça de mais ou menos 6 mil habitantes situada em uma região linda, com muitos passeios a fazer. 

Pousamos empolgados: inclusive combinamos e descemos o último degrau da escada de desembarque ao mesmo tempo para pisarmos no solo helvético juntos. Depois foi uma correria para tentar pegar o trem que saía dali a pouco. Deu tudo certo e entramos no vagão com dois minutos para o trem partir. 

O tempo estava ótimo: céu azul e sol. Temperaturas bem baixas (em torno de zero), que é o que a gente esperava mesmo. Arrastamos as malas da estação de trem para o apartamento e demos uma voltinha básica (passando no supermercado Coop, com direito a todos os derivados do leite que encontramos - nas Filipinas iogurtes, queijos e afins são poucos e caros) antes de voltar pra casa, tomar banho e apagar. 

Hoje acordamos cedinho, antes do sol nascer (mas também, o sol está nascendo depois das 7) e passeamos um bocado. O tempo esteve nublado e com névoa, o que dá um charme. 

Estou encarando os dias que vamos passar em Interlaken como férias. Ainda não estou pronta para lidar com o fato de que vamos morar neste país por uns bons anos. É muita alegria de uma vez só. 

Vendo a Suíça do alto. 


Vendo a Suíça do trem.

Interlaken cedinho. 

Olha a alegria nos olhinhos da pessoa. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

O último dia

O resultado do PCR saiu às 8 da manhã: negativo! Dançamos alegremente pela a sala, nos lançamos às tarefas do dia e...

... só agora, as 4 da tarde, é que conseguimos dar uma parada. Entre diversas providências burocráticas, um último acerto no trabalho e a vistoria para a devolução do apartamento, foi uma correria. E eu, a boba, achando que estava tudo adiantado e que hoje seria tranquilo. Imagina se não estivesse adiantado!

A parte boa é que com tanta agitação a gente se distrai. 

* * * 

Demos uma parada nada. Ainda corri no trabalho para deixar as identidades locais e uma lembrança para um amigo. No momento, estou juntando forças para tomar banho e fechar definitivamente as malas. Daqui a 2 horas saímos para o aeroporto. 

Acho que só lá vai dar tempo de respirar e sentir o peso da despedida. 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Contagem regressiva

Hoje, terça-feira, a equipe da mudança veio embalar as nossas coisinhas. Eram 5 pessoas e uma manhã foi suficiente. Eles estavam de máscara, nós estávamos de máscara, e esperamos que ninguém tenha contaminado ninguém. 

Olhaí outra vantagem do apartamento mobiliado: a mudança foi retirada, mas ainda temos cama, mesa e sofá. Vamos ficar bem acomodados até partirmos, na noite da quinta-feira 13, ou seja, não vamos precisar ir para um hotel. 

Amanhã cedo: teste de Covid em casa. Eu gostaria de estar mais tranquila a respeito, mas ontem o terceiro colega de trabalho deu positivo. E, com ele, eu tinha muito mais contato. Sim, usávamos máscaras. Mas não dá para afirmar com 100% de certeza que elas estavam perfeitamente ajustadas o tempo todo. Só nos resta torcer. 

Também tem o fato de que todos os laboratórios de testes em Manila estão assoberbados. Fomos espertos e marcamos nosso horário no começo da semana passada. Mesmo assim, os resultados estão demorando a sair. De novo, fomos espertos e marcamos o teste para o começo do dia anterior ao voo, com resultados em 24 horas. Ou seja, pode atrasar 12 horas que ainda dá tempo de a gente embarcar. 

Não pode é dar positivo. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Choque de cultura

Não, não estou falando do programa com os maiores nomes do transporte alternativo, mas do fenômeno que atinge quem muda de país. Também é conhecido como choque cultural e o quadro abaixo, como fases da adaptação cultural (ou curva do expatriado). 


A teoria é que nos primeiros meses é só alegria e a felicidade chega lá no alto. Depois, a pessoa começa a ver os defeitos do novo lar: fica rabugenta e passa a reclamar de tudo, além de comparar com o país natal (ou anterior). Na terceira fase ela vai se adaptando. Na quarta, se ajusta à nova realidade, e o nível de satisfação sobe novamente. 

Pra mim foi um pouco diferente. A crise (de ansiedade) bateu assim que cheguei. Quando melhorei, começou a pandemia, avacalhando a curva e atrapalhando a adaptação. De qualquer forma, foi um período muito interessante. Tédio não passei: a cada dia uma aventura!

E tem o fato de a estada nas Filipinas ser temporária, o que é uma vantagem grande. Dois anos e meio uma hora passam, como de fato passaram. Isso ajuda a gente a focar no que é legal e não ligar muito para o que não é. 

Estou curiosa para ver como vai ser a minha experiência na Suíça. É um país mais bem-estruturado e mais próximo do Brasil, tanto geográfica quanto culturalmente. Por outro lado, as expectativas são bem altas.  

Não percam as cenas dos próximos capítulos. 

* * * 

O Leo comentou que acha as Filipinas mais parecidas culturalmente com o Brasil do que a Suíça: também foram colonizados por país latino, são majoritariamente cristãos, são muito influenciados pelos Estados Unidos, sofrem com a corrupção e democracia é recente. Já eu estava pensando em termos de Oriente/Ocidente, relações com a China e senso de comunidade. 

Veremos que tem razão. 

sábado, 8 de janeiro de 2022

Adeus, apê rico

Estou me despedindo do apartamento mais rico que já morei ou morarei. 

Fomos os primeiros habitantes e ele veio mobiliado e decorado. Com lustres grandes, móveis pesados, projeto de iluminação, amplos tapetes, amortecimento em cada gaveta. A cama é king size. A mesa de jantar é para dez pessoas.  

Gostei de morar aqui? Sim. Vou sentir falta? Nenhuma. 

O apartamento é grande e chique e bonito. E não parece nada comigo. 

Tem a questão de os móveis não serem meus, claro. Mas não é só isso. Sobra espaço nele. O corredor é longo demais. Há bege até onde a vista alcança. E, por causa do papel de parede, nunca penduramos nada. 

A próxima casa vai ser menor, mais simples e vou querer torná-la mais minha.

Gosto de menor e mais simples. 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

O cerco se fecha

Primeiro foi a notícia de vários contaminados nos prédios dos colegas; antes de ontem, chegou aqui o aviso que um vizinho estava infectado no nosso prédio também. 

Hoje um colega de trabalho fez o teste e deu positivo. Outro, que estava de férias, avisou que o mesmo aconteceu com ele. 

Eu conversei com o primeiro no escritório, de longe e de máscara, três vezes esta semana. Tomara que o contato não tenha sido o suficiente para eu me contaminar. 

Como eu e o Leo tomamos duas doses de vacina + booster, estou tranquila em relação à saúde. O problema é o teste PCR que vamos fazer um dia antes de embarcar, porque a vacina impede os sintomas piores, mas não impede a infecção. Se ele der positivo, vamos ter de adiar o voo em pelo menos duas semanas, resolver onde morar nesse período, desmarcar reservas... 

Não estou me afligindo antecipadamente: estou pensando em um plano C (sim, já estamos no plano B, pois cancelamos as férias no Oriente Médio, que eram o plano A). 

O Leo disse para a gente nem esquentar a cabeça, porque pandemia é assim mesmo. Atrasos e cancelamentos fazem parte do pacote. Ficar com raiva não adianta. Se os lindos dias de férias em Interlaken, que estamos aguardando ansiosamente, floparem, paciência. 

A gente come uns chocolates nacionais para se consolar. 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Felizinha

Exceto pela escalada da Ômicron, que impediu todo e qualquer evento de despedida, está tudo indo bem. Hoje fizemos a pré-vistoria do apartamento, amanhã termino mais um projeto no trabalho. 

Estou muito contente com o fato de que, embora estejamos próximos ao uma mudança, eu esteja tranquila. Em 2019, eu estava muito aflita, feliz mas apreensiva com a perspectiva da primeira remoção. Até fiz umas sessões de terapia, mas foram poucas, porque faltavam semanas para a minha partida. 

Aí cheguei às Filipinas e tive meu surto de ansiedade. Dei sorte de encontrar rapidinho um psiquiatra que falava bem inglês. Estou me sentindo ótima há vários meses, mas decidi continuar com o remedinho por um tempo na Suíça. Depois vou diminuindo a dose até parar de vez.  

Quando vim para Manila, estava achando que dava conta de gerenciar o nervosismo. Não sei se fui confiante demais ou se minha tolerância ao sofrimento é maior do que devia (em vez de buscar ajuda, sempre quero resolver sozinha). Só sei que, embora as circunstâncias agora sejam um pouco diferentes, não vou cometer o mesmo erro.

Até porque vamos chegar ao novo país em um momento meio delicado: pico do inverno, com restrições da pandemia. Estamos bem conscientes dessas condições; assim, não vamos nos frustrar. E teremos uma vantagem: uns dias de férias antes de começar a trabalhar. Vou poder me adaptar um pouco ao país antes de pegar no batente. Em 2019, voei mais de 20 horas, cheguei quase meia-noite às Filipinas e fui para o trabalho no dia seguinte, com o pior jet-lag da vida. 

O que temos feito, então, é planejar, com muita alegria, esses dias de férias. Vai ser ótimo! 

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Mudança de planos

A gente ia aproveitar que o voo para a Suíça faz conexão em Abu Dhabi para passar uns dias por lá, maaaas os números de infectados pela Covid, e as restrições, subiram demais nos últimos tempos. Então, resolvemos não arriscar ficarmos presos e/ou quarentenados pelo caminho e ir direto para as terras helvéticas. 

Como não conhecemos o Oriente Médio, teria sido uma o p o r t u n i d a d e, uma das minhas palavras (e ideias) favoritas. No entanto, em tempos de pandemia não dá para dar chance ao azar. 

Confesso que pesou na decisão um resfriado violento, desses que derrubam por vários dias, que o Leo pegou, e eu logo depois. No ano passado, passamos o Natal sozinhos, mas este ano, estando todos os adultos vacinados e a situação em Manila, boa, decidimos celebrar com alguns amigos. Não deu outra: na segunda-feira o Leo já estava espirrando e tossindo e eu, depois de muito gabar minha imunidade, fiquei de molho a partir da quinta. 

O PCR deu negativo, ainda bem. Mas o episódio serviu para nos lembrar como doenças respiratórias se propagam com facilidade. Basta um descuido e já era. Então, não é dessa vez que vamos visitar uma exposição mundial, suspiro. 

Por outro lado, nossa vida foi facilitada. Não temos mais de colocar roupas para calor nas malas. Na Suíça vai estar muito é frio. 

Costumo viajar com pouca bagagem, mas dessa vez vou ter de levar trajes de trabalho que durem até a mudança chegar, dois ou três meses depois. Ou seja, não vai rolar só a malinha de bordo. 

Tem sempre aquela solução, vestir um monte de roupa de frio e "levar no corpo". Pena que Manila, com seus mais de 30 graus de média de temperatura, não colabore com esse plano.