domingo, 29 de maio de 2022

Bainha de fita crepe

Consta que, em caso de necessidade, o povo faz bainha de fita crepe na calça e sai pra vida. Eu mesma nunca precisei, porque minha mãe tem dotes de costura e disposição para arrumar a roupa das filhas. Mas sim, esse dia chegou. Só que não foi pra fazer bainha de calça, foi pra fazer bainha de cortina. 

Eu explico: na Europa, muitos apartamentos têm persianas de metal, que vedam totalmente a luz (e, portanto, dispensam cortinas). Nosso apartamento, no entanto, veio com rolôs externos que, se têm a vantagem de serem abertos e fechados pelo toque de um botão, são semi-opacos e só servem para segurar um pouco o sol. À noite, até a luz da lua cheia é forte o suficiente para incomodar. 

O jeito foi comprar cortinas blackout. A Ikea vende? Vende. A Ikea faz bainha? Faz. A Ikea cobra um terço do preço das cortinas para fazer a bainha? Cobra. O escorpião no bolso se agitou todo e eu decidi que era melhor levar as cortinas para casa, experimentar na janela, ver se funcionava mesmo e se eu gostava da cor e da textura antes de me comprometer. 

Funcionaram muito bem. Aí descobri que a Ikea, além de cobrar um terço do preço das cortinas para fazer a bainha, só faz bainha de cortinas se elas estão na embalagem original. Obviamente, nessa hora a embalagem original já tinha ido para o(s) lixo(s) - papelão para a pilha de papelão, plástico para o Züri-sack, é claro.  

Sim, deve existir alguma loja em Zurique que faça esse serviço. Só que aí eu já tinha emburrado e declarado que eu mesma ia dar jeito. Que jeito? Fita crepe, oras. 

Pedi ajuda do Leo, dobrei a barra na cortina pendurada mesmo e sai pregando. E olha, funcionou. Ficou meio torto, mas funcionou. 

Por uns dois dias. 

O Leo então sugeriu que a gente usasse fita dupla face. Achei a ideia linda, inclusive porque a fita ficaria escondida dentro da dobra da cortina. Ele comprou e, num dia de disposição, tiramos as cortinas da janela, estendemos em cima da mesa, medimos certinho o tamanho da bainha (60 cm) e, com toda a calma, fizemos a bainha, bem retinha. Em ooooito cortinas, porque no meio tempo também compramos para o quarto de hóspedes. 

Ficou joíssima. Agora, a única coisa que separa as cortinas da perfeição é serem desamassadas. O fato de elas estarem dependuradas há dias não ajudou muito. O problema é que não temos ferro de passar há muitos anos. 

Vou perguntar no trabalho se alguém tem um ferro a vapor vertical para emprestar. Rá!

domingo, 22 de maio de 2022

A mudança

Depois de quatro meses em diversos navios, o contêiner com a mudança chegou. Para minha grande alegria, nada mofou e nada quebrou. 

Como não tínhamos móveis, a mudança ter demorado tanto não foi problema. Compramos móveis aqui e pronto. Na hora de ir para o próximo posto, no entanto, vamos ter de pensar se vale a pena se livrar deles e voltar a morar em apartamento mobiliado, ou se é mais negócio carregar os móveis e ficar acampado no apartamento sem mobília até o contêiner chegar. Veremos. 

O que veio foram artigos de cozinha (oi, Air Fryer!), roupas e objetos pessoais - além de uma cômoda que já foi para o quarto de hóspedes, uma esteira que compramos na pandemia e um móvel de cozinha. A esteira e o móvel foram para o keller, uma instituição suíça (e alemã) utílissima: como em geral os apartamentos são pequenos, todo mundo tem um espaço no porão do prédio para guardar o que não está usando no momento, o que inclui roupas pesadas de inverno. 

Nos livramos de bastante coisa ainda em Manila, mas é claro que botei no contêiner um monte de tralha, porque a minha tese é que a gente nunca sabe se pode precisar. Agora que sei que não vou precisar, quero me livrar delas, mas infelizmente em Zurique nada é simples de jogar no lixo.  

Você até pode, mas cada saco de lixo de 35 litros (o "Züri-sack") custa 2 francos suíços, isto é, 10 reais. Então a população separa papel e papelão (recolhidos a cada 7 dias, alternadamente); vidro e garrafas pet (tem uma lata de lixo especial na rua para deixar); roupas (idem); lixo orgânico (idem, mas tem de estar em um saco biodegradável). O resto vai no saco de lixo de 10 reais mesmo. Claro que todo mundo (a gente inclusive) quer usar o mínimo de sacos de lixo de 10 reais. 

(Isso dá um trabalhinho. Um caderno de espiral usado, por exemplo, tem de ser desmanchado: as capas vão para a pilha de papelão, as folhas para a pilha de papel, e o arame em espiral para o Züri-sack.)

A casa está finalmente ficando com cara de casa, mas confesso que eu gostava bem de ter todo aquele espaço vazio. 

sexta-feira, 20 de maio de 2022

London London

Posso dizer que passei quatro dias de férias em Londres e voltei completamente apaixonada? 

Que cidade bonita. Que ruas largas. Que parques lindos. Que tanto de evento, show, peça e exposição acontecendo. 

É verdade que entender a língua. os pôsteres e os avisos no metrô ajuda muito, e que a Suíça é tão cara que os preços em libras nem me assustaram muito. Sem falar que ficamos na casa de uma amiga e que o quarto tinha uma vista incrível. 

De dia. 


De noite.

Confesso que cheguei a me questionar se não teria sido melhor ir para Londres em vez de Zurique. Mas logo me lembrei que não vou ficar a vida toda na Suíça: no próximo ciclo de remoção, posso muito bem me candidatar à Inglaterra. 

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Viajandinho

Aniversário + férias: Colmar, Besançon, Paris, Bruxelas, Londres. 

Melhor de tudo: entender a língua.

Melhor de tudo: bater perna o dia inteiro, sem obrigação de ver ponto turístico nenhum.

Melhor de tudo: rever um monte de amigos.

Melhor de tudo: comer, beber, conversar. 

Melhor de tudo: ir de trem pra tudo quanto é lado, e pegar um único voo de 2 horas para voltar.