sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Caso da Seleção

Não, eu não sei fazer as coisas "um pouquinho". Ou me jogo ou enrolo e não faço nada. Não acho que isso seja uma qualidade: acho que é um excesso de entusiasmo juvenil. Mas, poxa, é tão divertido o entusiasmo juvenil. 

Então estou em pleno processo de me livrar de um monte de coisas. Por exemplo: a gaveta de sacolas. É, eu tenho uma gaveta de sacolas, igual à da minha mãe. (Não estou falando das sacolinhas de supermercado, que funcionam otimamente como saquinhos de lixo: estou falando das sacolas, geralmente de papel e tão bonitinhas!, que você ganha quando faz compras.) Concordo que é útil possuir algumas. Elas são boas pra carregar coisas. Mas alguém precisa de uma GAVETA DE  SACOLAS? 

Aí fiz uma sacola de sacolas pra deixar do lado das latas de lixo do prédio. Porque eu acredito piamente que alguém pode se interessar por aquelas sacolas tão bonitas, de todas as cores e tamanhos, e querer ficar com elas (ou pelo menos com algumas delas). 

Deixei umas poucas para trás. Sim, eu posso precisar. Mas, da próxima vez que eu ganhar uma, vou mandá-la direto para o lixo (seco - eu separo, claro. Embora na minha cidade não haja coleta seletiva), ao invés de guardá-la... na gaveta. 

* * * 

Apesar de ter despachado bastante coisa na mudança, eu ainda tenho uns hidratantes, que ganhei ou comprei (não sei por que - eu morro de preguiça de passar), guardadinhos no armário. Nesse caso, foi bom não me livrar de todos: Brasília de fato é uma cidade muito, muito seca, e embora minhas vias respiratórias estejam se comportando mais ou menos bem, minha pele normalmente oleosa resolveu se ressecar. Estou usando um monte de hidratante na maior alegria. Vocês não imaginam como fico feliz de chegar ao fim de um produto que tenho há anos e jogar a embalagem fora. 

Sim, eu ainda acredito que, tirando maionese e antibiótico, data de validade não passa de sugestão. 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Caso da Nova Ambição

Minha ambição atual é me tornar uma pessoa minimalista. Tem tudo a ver com o meu momento atual de desapego. E muito a ver com minha pão-durice constante. 

Não totalmente, porque o meu poupancismo é ligado à máxima "quem guarda tem" e ao grande acumúlo de objetos "que um dia eu posso precisar". A ideia agora é parar com essa bobagem. 

Estou aqui pensando que é toda uma evolução. Começou sete anos atrás, com o Maridinho me convencendo a jogar fora a pilha de caixas (vazias) dos presentes de casamento. Foi uma luta interior, mas eu me orgulho de ser uma pessoa racional mais do que de ser uma pessoa econômica. Os argumentos do Maridinho venceram e o quarto ficou habitável novamente. 

Quando nos mudamos do interior da Minas para a capital do país, há um ano, deixamos bastante coisa para trás. Os eletrodomésticos que não iam funcionar em Brasília, por causa da voltagem, foram vendidos a preços módicos. A cama de solteiro a faxineira ganhou. A mesa de vidro quadrada e os móveis do escritório foram para a mãe do Maridinho. E um monte de bagulhinhos foram para o lixo (ofereci para a faxineira, mas ela não quis. Ela tem muito mais bom gosto do que eu). 

Quando voltei do passeio da Alemanha, com umas camisas xadrezes da H&M debaixo do braço, achei logo que devia desocupar o armário para as roupas novas e bonitas caberem. Resultado: enchi uma mala. E o pior é que nem deu tanta diferença assim. As gavetas não ficaram vazias nem nada. 

E olha que eu não sou uma pessoa consumista, juro. As pessoas se admiram com a pouca frequência com que faço compras. O negócio é que não jogo nada fora, nunca. Eu tenho roupas da época da faculdade. A primeira faculdade.

Tudo bem com as calças que uso ainda hoje pra trabalhar. Nada bem com as roupas que eu não uso, como um jeans desbotada pega-frango (= na canela), que eu não jogava fora porque ficava esperando o modelo cigarrete voltar à moda. O diabo é que o jeans da calça é aquele antigo, duro e áspero. Pensando bem, eu herdei essa calça de alguém, provavelmente da minha mãe. Já estava na hora de ela circular. 

Então a técnica agora é esta: eu não quero comprar mais coisas, e também quero ir me desfazendo do que não uso e/ou não preciso. 

Conclusão: se alguém quiser me dar presentes, pense em coisas consumíveis. Como chocolate.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Caso do Chapelão

Aqui em Brasília faz muito, muito sol, inclusive no inverno. É céu que não acaba mais, prédios baixos e longes um dos outros, avenidas imensas. Ou seja, não tem sombra pra onde correr.

Eu morro de preguiça de passar protetor solar e sempre esqueço os óculos escuros. Resultado: bochechas tostadas, geralmente uma mais que a outra, olhos espremidos contra a luz, uma chatice. Aí resolvi apelar para uma solução prática e rápida: comprei um chapelão.

Parêntese: eu sempre me pergunto porque as pessoas não usam chapéu no Brasil. Bem de veeez em quando a gente vê alguém com a cabeça protegida, e costuma ser 1) um velhinho de chapéu panamá; 2) meu pai, que é branco-alemão e careca. E velhinho. Fim do parêntese.

O chapéu tem lindas abas largas e moles, que podem ser ajeitadas pra proteger a cara do lado do qual vem o sol. Eu amarro um lenço em torno da copa, pra ter menos cara de praia e mais cara de trabalho, e lá me vou serelepe pela rua.

As moças da portaria do serviço do Maridinho acharam engraçado (e riram na minha cara). O Maridinho achou ótimo, porque consegue me localizar de longe. O pessoal do serviço achou... interessante. E um taxista, ontem, me achou madame: correu pra abrir a porta do táxi e perguntou se "a senhora" queria que ligasse o ar (depois de gastar uns segundos procurando "a senhora", eu disse que sim, bem feliz).

E tem toda uma etiqueta do chapéu, né? Tem lugar em que você tem de estar com a cabeça descoberta (tipo igreja) ; tem lugar que você tem de estar com a cabeça coberta (tipo sinagoga); tem lugar que não é bom tampar a visão da pessoa que está atrás (tipo teatro).

Estou aprendendo.
O meu chapelão é exatamente assim, só que sem as tiras claras.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Caso do Curso Intensivo de Francês

Sendo uma pessoa empolgada, corri para me inscrever no curso de inverno da Aliança Francesa. É um intensivão um-semestre-em-quatro-semanas, com aulas de três horas de segunda à sexta-feira. 

As aulas começaram nesta segunda. Antes da terceira aula eu já estava exausta. Na internet, o povo fala muito bem dos intensivos de francês: dizem que rende muito e que vale a pena. Mas eu estava achando corrido pra caramba. Não dava tempo de fazer o dever de casa! O professor ia pulando pelas atividades do livro conforme lhe dava na telha! Não sobrava hora pra ler os livros e revistas em francês da mediateca!

Então, quando ontem me avisaram que a turma ia ser cancelada - porque eram só três alunos, eu inclusa -, fiquei até aliviada. E olha que eu gosto de estudar francês. E que meu plano era fazer este curso de inverno, e depois o semi-intensivo no segundo semestre: um ano em seis meses!

Deve ser muito útil para quem precisa aprender a língua rápido rápido. Pra mim, não funcionou. Curto o esquema de duas vezes por semana: dá pra passar na mediateca depois da aula, namorar as novidades, pegar as revistas que acabaram de chegar, escolher um escritor clássico e um moderno. Eu acho que aprender um idioma é abrir uma porta para toda uma nova cultura: preciso de tempo para explorar a nova cultura, senão perde a graça! No esquema curso de férias + semi-intensivo, dá pra se formar na Aliança em dois anos. Mas e o tempo para a diversão? 

Agora que o curso foi cancelado, tive tempo pra botar a leitura mais ou menos em dia. Ando apaixonada pela Amélie Nothomb, uma escritora belga fantástica. Recomendo fortemente.