domingo, 28 de março de 2021

Guia minimalista de moda

 O minimalismo na moda se baseia em um único pilar: 

"Pode repetir, sim."

Esqueça o que sua  mãe, suas tias e as revistas de moda sempre te disseram. "Tendências" são um negócio milionário que serve para te convencer a gastar seu dinheiro em roupas novas, sendo que as antigas estavam perfeitamente boas. Sem falar da poluição e do trabalho escravo, né. 

Já que pode repetir, sim, você pode se livrar de todas as suas roupas (e sapatos):

- que incomodam;

- que apertam;

- que impedem movimentos; 

- que você tem de ficar arrumando o tempo todo; 

- que você não gosta, simplesmente. 

Adotar uma cartela de cores também ajuda. Passei a ter só roupas que combinam todas umas com as outras, e elimino de cara qualquer opção que esteja fora dessa seleção - o que também facilita as (poucas) compras. A minha cartela, por exemplo, é preto, branco, cinza, azul e vermelho. Estampas, só listras e poás. 

Em suma, o objetivo não é se privar: é descobrir e se concentrar no que mais gosta e que te deixa confortável. E então, como você gosta de todas as suas roupas, sempre vai ter o que vestir. 

Só vantagens. 

quinta-feira, 25 de março de 2021

Guia minimalista de beleza, parte II

Faça o mínimo. 

Pronto, é isso. 

* * * 

O ponto de partida são os cuidados básicos: tomar banho, lavar o cabelo, cortar as unhas, escovar os dentes. Ou seja, higiene. A partir daí, é tudo opcional. Não é incrível?

Quando me dei conta disso, parei com tudo mesmo. Foi ótimo. Ninguém morreu. Minha mãe reparou e criticou, claro. Ignorei solenemente. Depois voltei a usar batom (um batom! Uma única cor!) e esconder as olheiras de vez em quando. E a usar condicionador. 

Não consegui me livrar da depilação, mas hoje eu não tenho aquela neura. 

Na prática, o caminho é muito pessoal. Uma amiga minimalista tem uma lista de produtos para os cachos. Outra demorou para parar o esmalte. Não tem regra, é o que você achar melhor. 

E a ideia não é sofreeeer. Muito antes pelo contrário: a ideia é se reafirmar como indivíduo, ter consciência das exigências sociais, exercer a própria autonomia. 

Para mim, tem sido muito bom, gratificante e lucrativo (um real economizado é um real ganho!)

No próximo post, Guia minimalista de moda. 

domingo, 21 de março de 2021

Guia minimalista de beleza, parte I

1) Dê-se conta de que você pode ser bonita, mas você não precisa ser bonita. Você é um ser humano; isso basta. 

2) Pense nos seus objetivos de vida e no tempo/dinheiro/energia que você dedica a eles. Talvez seja uma questão de reorganizá-los? Se eu cuidasse mais da minha beleza, teria menos tempo para tirar sonequinhas, por exemplo. Um dos seus objetivos de vida é ser bela? Volte ao número 1. 

3) Reflita sobre o que as exigências ditas femininas te impedem de fazer, como correr atrás do ônibus (salto), pular na piscina sem pensar duas vezes (escova), digitar ou escrever furiosamente (unhas); mover-se com conforto (o modelito não deixa). 

4) Deixe de acompanhar moda e maquiagem em mídias sociais e revistas. Tente destreinar o olhar, tão acostumado a padrões de beleza uniformes (e que, coincidentemente, dão dinheiro para tantas empresas). Faça uma lista de mulheres que você admira por razões outras que a aparência. 

5) (Opcional) Mude-se para longe de sua família. 

Essa é base teórica do guia minimalista de beleza. A parte prática vem no próximo post. 

sábado, 20 de março de 2021

Minimalismo: uma historinha

Uma leitora pediu para eu me falar como me tornei minimalista. Tem posts a respeito nos blogues anteriores, mas está tudo junto e misturado. Então vamos lá, sucintamente: 

Em 2010, eu tinha 34 anos e me tornei uma feminista prática. Isto é, passei do discurso para... a prática. Deixei de usar maquiagem, roupas justas, curtas e decotadas, e salto alto; de pintar o cabelo e as unhas, de seguir a moda. 

Foi lindo e libertador. Depois voltei a esconder as olheiras e a usar batom (um cor só!) e, de vez em quando, vestidos. Sou muito feliz com o tempo/energia/dinheiro que não gasto com os ditos "cuidados femininos".  Apoio as irmãs, não faço comentários sobre corpos alheios, adoro ter chefe mulher e tento desmontar os discursos machistas. Meu marido parou de trabalhar para me acompanhar no exterior e nós dois achamos que fazemos um ótimo time: eu ganho dinheiro, ele cuida da casa. 

Mas estou me adiantando. Em 2011, eu e marido batemos o martelo: realmente não queríamos ter filhos. E aí pensamos - o que queremos fazer de diferente? A gente bem que podia tirar uma licença sem salário e sair viajando pelo mundo, hein. 

Como somos organizados, botamos tudo na ponta do lápis e concluímos que para manter uma casa montada no Brasil e viajar ao mesmo tempo ia custar dinheiro demais. Então descobrimos o pulo do gato, que muito estrangeiro estava fazendo (e registrando em blogues):  junte dinheiro, venda tudo e ponha o pé na estrada. 

Foi aí que descobri o minimalismo. Foi o pulo da mãe do gato: existe uma maneira de viver que permite que você concentre seus recursos e energias no que é mais importante para você. Isso ressoou muito com o feminismo prático, que é o mesmo raciocínio focado em um ponto específico. 

As duas coisas começaram a andar juntas. Juro para você: tem mulher que gostaria de viajar por períodos prolongados mas se angustia com a manutenção do cabelo, da unha, da depilação. Sem falar que fica mais difícil juntar dinheiro se você tem um monte de despesa no salão. E olha, eu super entendo. É uma barreira a superar.

Planos feitos, começamos a economizar fortemente no fim de 2011. O objetivo era sair do Brasil em 1º de janeiro de 2013. Tentávamos só gastar em comida, itens de limpeza e remédios. Ao mesmo tempo, fui me desfazendo do meu imenso guarda-roupa (eu não era  consumista, mas nunca jogava nada fora). Um tanto vendi em brechó, outro tanto doei. 

No julho de 2012, nos mudamos para um apê de um quarto, o que fez a despesa aluguel cair para menos de metade; aproveitamos que estávamos deixando o apartamento grande e fizemos um "Família vende tudo". Ficou só um enxoval-cápsula, que guardei na casa dos meus pais. 

Tudo isso foi feito com muita empolgação e alegria. Faz toda diferença do mundo deixar de fazer/comprar um monte de coisas se a decisão é sua. No fim de 2012, passamos o Natal com a família, nos despedimos dos amigos e pegamos um avião sem chaves no bolso. 

Foram 2 anos e 2 meses viajando pelo mundo, e essa é uma outra história. Mas posso dizer que o minimalismo foi essencial para o sucesso do projeto. Não compramos um único souvenir (ok, o Leo comprou ímãs para o irmão, que faz coleção). Embarcávamos com a menor mala possível (demos a sorte de minha irmã estar na Alemanha nesse período e nos emprestar o porão dela para guardar as roupas de inverno/verão). E às vezes ficávamos em apartamentos do AirBnb não muito confortáveis, mas faz parte. 

Voltamos para o Brasil em março de 2015. Levamos o minimalismo para a vida. Alugamos um apê pequeno e mobiliado. Não (re)compramos carro. Limpávamos a casa nós mesmos. Tirávamos os sapatos na porta. 

E, quando deixei o cargo de analista da Receita Federal para o de oficial de chancelaria do Ministério das Relações Exteriores, meu salário caiu pela metade. E tudo bem, porque a gente já vivia bem abaixo dos nossos meios mesmo. 

(Obs: sim, temos inteira noção do quanto somos privilegiados. Não é todo mundo que pode viver abaixo de seus meios, ainda mais no Brasil. Faz muita diferença também viver longe da família: não fica aquela comparação com o carro novo do primo fulano, ou a cobertura que a prima sicrana financiou.)

Hoje eu moro em Manila, nas Filipinas. Não tinha ideia de que um dia iria parar aqui. Também não imaginava que uma pandemia nos deixaria presos em nossas casas e cidades. Mas vamos que vamos, um dia de cada vez. 

* * * 

Quero agradecer à leitora anônima que pediu para contar sobre como foi meu caminho para o minimalismo. É um ótimo tema para abordar no blog. Continuo minimalista, continuo feminista prática, e nesse período tão turbulento, talvez seja um alento falar a respeito. 

Para quem quiser conhecer alguém que se tornou minimalista de forma menos rocambolesca, recomendo: 

Minimalizo, da Fernanda; 

Viver sem Pressa, da Yuka. 

sexta-feira, 19 de março de 2021

Dias de folga

Estou tendo uns dias de folga no trabalho. Fico trancadinha em casa, porque os números de casos aumentaram por aqui. Pedimos para entregar comida e compras, e até as idas ao Ayala Triangle (não é bem um parque, é um espaço aberto com grama, algumas árvores e muitos gatos) deixamos de lado por enquanto.   

Não estou reclamando: pedimos comida taiwanesa num dia, libanesa no outro e sempre temos a piscininha e o piscinão para sair de dentro do apartamento. 

A piscininha e o piscinão ficam no nono andar. É um espaço aberto entre andares, na sombra. A parte boa é que não precisa passar protetor solar; a parte ruim é que água do piscinão fica muito fria. Já a da piscininha tende a ser mais agradável. E tem bolhas! É só pedir que o pessoal da portaria liga, por um mecanismo misterioso (se fosse óbvio eu mesma ligava e desligava, claro). Também é possível pedir calor na piscininha, mas tem de ser com quatro horas de antecedência, que é o tempo necessário para a água esquentar. Ultimamente não tem precisado, mas no pico do inverno (em janeiro!) era bem bom. 

Então é isso: casa, piscininha, livros, filmes, séries, drinques e muitas sonecas. Fora a raiva diária com Twitter e sites de notícias do Brasil, a sensação de impotência e a culpa/alívio por estar longe, está tudo muito bem, obrigada. 

domingo, 14 de março de 2021

Umbiguices

Sabe o tênis branco? Depois de mantê-lo imaculadamente limpo por vários dias, saí usando com a base de borracha sujinha mesmo, e não deu nada. O pessoal aqui anda na rua com seus tênis impecavelmente alvos, e acho lindo, mas não o suficiente para limpar todo dia. 

* * * 

Perdi peso durante a pandemia. Desconfio que uma parte foi em músculos. E foi mesmo: a balança nova que mede composição corporal (a antiga completou 6 anos, estragou, era brasileira, não tinha como consertar) me contou que minha porcentagem de músculos não é nem baixa, é insuficiente. Só porque eu só saio de casa para ir para o trabalho e fico sentada a maior parte do tempo? Sacanági. 

* * * 

Por outro lado, resgatei do fundo do armário (eu sempre digo, pode desapegar sem dó, o que for importante não vai embora) calças cinza que voltaram a servir. Elas foram feitas em um alfaiate (indicado pelo Rotary, que exigiu que a turma que ia fazer intercâmbio profissional da Autrália por 5 semanas adquirisse um traje formal), e mesmo assim ficaram compridas, porque o diabo do alfaiate deixou um tanto a mais para o salto. Eu avisei que não usava salto. Mas ele é que sabia, né. 

* * * 

O Leo começou a estudar alemão. Quero começar também, mas estou com preguiça, e aí tive a brilhante ideia de fazer primeiro umas aulas de língua de alfabeto não-fonético, para em comparação o alemão parecer facinho. 

Eu sei, eu sei. Descobri este curso aqui: "Kit de contato em línguas orientais: chinês", e estou achando bacaníssimo. É online, gratuito, e ainda pratico um pouco o francês. 

sexta-feira, 5 de março de 2021

Pero nada me hará tan feliz como dos margaritas

Um fato curioso das Filipinas é que os drinques, em geral, contém muito pouco álcool. Não sei se é porque muitos asiáticos têm dificuldade em metabolizar a substância ou porque os filipinos, em geral, não são grandes. Só sei que é assim. 

Andei tomando umas margaritas - até em restaurante mexicano - e me frustrando muito. Aí aprendi a fazer em casa e fiquei feliz da vida. Vou até anotar a receita, para o caso de me esquecer no futuro:

- 1 dose de tequila

- 1 dose de suco de limão

- 1/2 dose de triple sec

- muito gelo

Para a versão frozen, tem de ter a manha com o liquidificador: primeiro dar uns pulsos para quebrar o gelo, depois ir aumentando a potência gradativamente. Confesso que ainda não acertei completamente a textura, mas tenho fé que dá próxima vez chegarei lá. 

Molhar as bordas do copo e passar no sal faz parte da receita, mas mesmo sem fica bom, podem confiar. 

Para minha alegria, o triple sec é um licor de laranja docinho e delicioso. Dá até para tomar sozinho. Já para a tequila ainda não achei função melhor do que fazer margaritas.