quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Como NÃO fazer uma torta de Nutella e Negresco

1. Ache essa receita linda na internet;

2. Pergunte para os amigos cozinheiros o que é queijo creme e natas batidas;

3. Descubra que se trata de cream cheese e chantilly. Ah, a ironia de entender o que são os ingredientes nas suas línguas originais, mas não em português;

4. Investigue em mais de um supermercado se dá para comprar pronto cream cheese e chantilly;

5. Leve pra casa de uma vez a Nutella e biscoitos Negresco;

6. Hesite entre o chantilly e o creme de leite fresco (que também te falaram que funciona) e não compre nenhum;

7. Decida experimentar a Nutella com um Negresco para ver se funciona;

8. Faça diversas combinações: recheie um Negresco de Nutella, recubra um Negresco com Nutella, faça palha italiana com Negresco e Nutella;

9. Não consiga decidir que combinação fica melhor;

9. Coma todo o Negresco e toda a Nutella.

FIM

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Rejuvelhecendo

Diz a lenda que, com a idade, as pessoas vão ficando mais sistemáticas e exigentes. Já sabem do que gostam, têm opiniões bem estabelecidas e sabem como o mundo funciona.

Meu caso é meio diferente. À medida em que o tempo vai passando, vou mudando de ideia e ambicionando novas experiências. Quando eu era criança, só tomava sorvete de chocolate: hoje, me empolgo com uma comidinha diferente. Na juventude, achava que sabia tudo; agora, tento ficar aberta a outras opiniões. Já fui muito na minha - era difícil me levar para uma festa. Nos últimos tempos, ando é convidando os outros para eventos.

Acho que a idade me deixou menos ansiosa e medrosa. Eu era meio tensa e muito preocupada com a minha dignidade.

Hoje me importo mais com minha felicidade mesmo.

domingo, 24 de setembro de 2017

Gentilmente usados

Ontem o Leo comentou, e eu concordei, surpreendida, que todos os nossos móveis e eletrodomésticos grandes são de segunda mão. Única exceção: a cama. Confesso que fiquei orgulhosa. 

Temos uma casa lindinha, com móveis branquinhos que combinam, um sofá bacana, uma mesa preta bonitona, um rack com pés palito, uma cozinha preto-e-branco. Demos a maior sorte porque as paredes do apartamento já estavam pintadas em tons (só dois, não cinquenta!) de cinza. Deu certinho com as nossas coisas. 

Não foi tudo baratésimo, não. Mas acho que dá pra dizer que desembolsamos uma média de 60% do que pagaríamos se tívessemos comprado tudo novo. E não acho que, nesse caso, a casa estaria mais bem equipada ou decorada!

Com a mudança, vi que a opção por móveis versáteis realmente funciona. O carrinho de aço, que servia para colocar toalhas no banheiro, migrou para sala e virou apoio para copos e taças. O pufe- baú deixou de guardar panos de prato e jogos americanos, foi para perto da porta e agora é sapateira. O aparador que servia de rack e estava cheio de livros passou a ser... um aparador de verdade. E um movelzinho baixo que compramos para a cozinha perdeu a vez assim que arranjamos um armário alto, muito mais fácil para pegar pratos e copos. Foi para a área de serviço e virou a casa dos aleatórios, como guarda-chuvas e ferramentas. 

E continuamos minimalistas, só que agora temos mais espaço. 

terça-feira, 19 de setembro de 2017

O preço dos sonhos

Sonhos têm um preço. Gostaria de dizer que não, que dá pra ter o bolo e comê-lo também, que o mundo é perfeito e maravilhoso, mas acho que a verdade é outra. Alcançar sonhos implica escolher e toda escolha gera uma perda. 

Dito isso, se o sonho é dos bons, a gente paga o preço sem pensar muito e sem sentir (muita) dor. O que os outros vêem como sacrifício vira só uma maneira, muitas vezes desafiadora (e portanto divertida), de alcançar objetivos. 

Sim, sei que sou privilegiada por poder escolher meus caminhos com tanta liberdade. E que dei muita sorte de ter um parceiro que tem ideais tão parecidos. Mas não foi do dia para a noite: foi todo um processo, que durou anos. Passei por mais de um período de terapia, por fases monótonas e aparentemente improdutivas, pela aprendizagem do desapego - não só de objetos, mas da ideia que eu achava que os outros tinham de ter de mim. Perdi (quase todo) o medo do ridículo. Descobri que só eu posso decidir o que acho importante. 

Admito que a idade ajuda. Tenho 41 anos, uma série de experiências, uns bons anos de vida profissional, um tanto dinheiro guardado no banco. Dá para bancar escolhas que não é todo mundo que pode. 

Essa introdução toda foi para contar duas historinhas. A primeira é a da filha de um professor, minha xará, que está no terceiro ano e quer fazer Artes Plásticas. Meu conselho para ela: vai atrás do sonho, mas vai pensando em pagar as contas também. É muita responsabilidade para uma carreira nos deixar plenamente satisfeitas e ainda nos garantir financeiramente. Parece contraditório com o que eu disse antes? Nem é. Acho que o maior presente que uma pessoa pode se dar é a autonomia.

A segunda historinha é a de um casal que conheci recentemente. A esposa quer pedir uma licença e se mudar para o exterior, talvez definitivamente. Ao mesmo tempo, eles estão se mudando e vendendo os móveis lindos e novinhos (alguns dos quais a gente comprou, aliás) porque vão fazer tudo planejado no novo apartamento. Então o discurso não está batendo com a prática, tanta financeira quanto psicologicamente. 

E quem sou eu para dar palpite na vida alheia, dirão vocês? Ora, ninguém. Até porque nem me perguntaram. Mas, de fora, superficialmente, sabendo só um pouco do que está acontecendo, achei os episódios bastante iluminadores: as pessoas têm sonhos, mas nem sempre estão dispostas a pagar o preço. 

domingo, 17 de setembro de 2017

O baile de máscaras

Ontem fui a um baile de máscaras.


Decidi no dia anterior. Fiz minha própria máscara, botei um vestido que a irmã mais nova trouxe para Brasília para um casamento, calcei minhas sapatilhas pretas de festa e lá me fui, felicíssima.

Eu sou a mais da esquerda.







Os amigos estavam lindos e animados. Minha máscara era diferente e, portanto, fez sucesso.



















Fiquei contente por ter decidido ir e me divertido a valer. Não sou a mais sociável das pessoas, mas olha, existe um lugar no meu coração para comida, bebida e risadas.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O caso da casa nova

A gente se mudou. A casa nova é maior, mais fresca, mais perto do trabalho. Só tem um ponto negativo: é mais barulhenta, porque fica ao lado de uma via movimentada. Por outro lado, os ônibus que eu pego passam nessa via, então agora moro grudadinha no ponto de ônibus. Quase dá pra espiar ele vindo da janela e descer correndo.

Ontem saí de casa cedo para trabalhar e já voltei para o apê novo. O Leo tirou o dia para tomar conta da mudança. Mais uma vez vimos como é bom ter pouca coisa: a mudança de uns amigos nossos, para mais ou menos a mesma distância, custou 50% a mais. E com certeza foi mais demorada.

E mais uma vez vimos que a gente tem mais coisa do que imagina. Começamos a abrir caixas e a nos surpreender com roupas e objetos que nem lembrávamos que possuíamos. Vai rolar mais um desfazimento? Com certeza.

Só que tem o seguinte: temos altos equipamentos para climas frios. Botas forradas com solas de borracha, roupa de baixo térmica, casacões grossos. Em Brasília faz um calor danado. Estamos usando? Claro que não.

Mas tenho fé que um dia morarei em algum lugar frio-gelado-abaixo-de-zero. Aí sim, vai ser tudo muito útil.

Basicamente, vivo tentando alcançar o equilíbrio entre não acumular inutilidades e não me livrar do que um dia é quase certo que vou precisar.

domingo, 3 de setembro de 2017

Tia Patinhas

Minha irmã mais nova tem a tese de que decidimos por ideologias/estilos de vida não só racionalmente, mas também e sobretudo porque eles batem com o que somos. 

Vejam o minimalismo. Para mim, que sou pão-dura e meio preguiçosa, ele é perfeito. Comprar menos, ou parar de comprar (que é o que prefiro), dá muito menos trabalho, não só para adquirir as coisas mas para conservá-las. E, evidentemente, não se gasta quase nada, o que muito me alegra. 

No entanto, ando me perguntando se não ando levando o apego a meu rico dinheirinho longe demais. O custo das coisas é sempre minha primeira preocupação, mas deveria ser, sei lá, a segunda ou a terceira. Porque não estou quitando dívidas, nem pagando escola para um punhado de crianças, né? 

Às vezes acho que o problema é que a inflação galopa na frente da minha coragem. Eu estava pensando, por exemplo, em comprar um segundo par dos meus sapatos preferidos, oxfords que uso para trabalhar e que são muito confortáveis. Só que, claro, eles não existem mais: agora a moda são oxfords de plataforma (!), com sola branca (!!) e cores metálicas (!!!). 

Após profunda introspecção, decidi que, se eu achasse um par do jeito que eu queria, eu encarava pagar até uns 200 golpinhos. Mas o que eu achei para comprar? Sapatos de 400 REAIS! 

Não dá, gente. Não dá.