segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Abaixo de zero

E então as crianças aqui tiveram a brilhante ideia de viajar para países mais ao norte do que a Suíça durante o inverno. Eu tinha que tirar férias, é verdade, mas os vizinhos estão indo para o México e a Costa Rica. E Lud e Leo? Naããão, Lud e Leo vão pra Noruega, Polônia e Alemanha.

Estou encasacadíssima em materiais tecnológicos, inclusive roupa de baixo térmica e luvas de esqui. Anda assim, está dando para sentir frio, muito frio (daquele que faz dançar no lugar para ver se esquento um pouco ou se meus dedos - dos pés e das mãos - recuperam a sensibilidade). E quando tem neve nas ruas, então, é danado: as calçadas ficam muito escorregadias e qualquer caminhada demora o dobro do tempo.

É bonito, claro, os telhados e as árvores branquinhos. Mas talvez não seja a melhor época para viajar, considerando que o que mais gostamos de fazer é andar pra todo lado. 

Em Zurique, nevou pouco e as temperaturas estão mais altas (ou menos baixas). Convenhamos que não é difícil superar sensação térmica de - 15° C, que pegamos em Gdansk. Agora, em Torun, está - 10. Ou seja, quando as férias acabarem voltaremos para uma cidade praticamente tropical.

O lindo (e gelado) castelo dos Cavaleiros Teutônicos, em Malbork, Polônia. 

domingo, 27 de novembro de 2022

Eu ontem fui à França

No sábado eu e o Leo acordamos cedo (ele, como sempre) e decidimos dar um pulinho em um país vizinho. Temos um passe de viagem na Suíça que nos levou até a Basileia, na tríplice fronteira (Suíça, França e Alemanha). De lá compramos uma passagem de trem até Mulhouse, uma cidadezinha francesa cujo nome lembra o amigo do Bart Simpson. 

Basileia (ou Basel, ou Bale, em francês) é muito bonita. Fiquei impressionada. Acho que é influência da França, viu. 

Spalantor, um dos portais da antiga muralha de Basel

Mulhouse é bem pequena, mas tem um centrinho histórico arrumado, tomado pelo mercado de Natal. Compramos belas nhá-bentas (que na França se chama guimauve) de diversos sabores e eu tomei uma cerveja quente com aroma de cereja. Sim, é tão ruim quanto o nome sugere. 

Com estamos no fim do outono, tem anoitecido bem cedo: às cinco e pouco da tarde já está escuro e o meu corpo acha que são oito da noite. A vantagem é que vimos a decoração de luzes de Natal de Mulhouse antes de pegar o trem de volta para casa! 

Feira e iluminação de Natal em Mulhouse

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Balagan

Aprendi uma palavra nova: balagan. Balagan quer dizer confusão em hebraico, e quem me ensinou foi um amigo que está morando em Tel Aviv. Andei sumida, sumidíssima, porque minha vida esteve um grande balagan. 

Primeiro houve um projeto grande no trabalho que durou meses, envolveu uma grande quantidade de gente, sugou muitas horas de trabalho e botou minha ansiedade no teto por semanas (a ponto de eu perder peso porque eu estava com um nó no estômago. Sim, procurei um médico. Sim, agora estou bem).

A primeira fase do projeto foi o maior balagan. A segunda se desenrolou melhor. No fim das contas, deu tudo certo. E, 48 horas depois da entrega, eu estava de volta ao normal, o que significa, claro, que não havia razão para tanto sofrimento. Sim, eu sabia disso. Não, saber não resolveu. 

Aí encaixamos uma viagem de uma semana e meia a Israel. Foi maravilhoso. 

Verdade que meu planejamento de viagem foi um balagan. Confiei nas aulas de Catequese da escola e no fato de ter o lido o Exodus, do Leon Uris, na adolescência. Arrumei uns livros sobre Jerusalém e não passei do segundo capítulo. Fiz a mala de véspera e esqueci um monte de coisas: condicionador, óculos escuros, boné e, o mais importante, calcinha. Bom que chegamos a Tel Aviv no meio tarde, o comércio estava aberto e consegui comprar novas na primeira loja onde entrei. 

Conhecemos Tel Aviv, Jerusalém, o Mar Morto, Narazeth, Tiberíades (às margens do Mar da Galileia). Adorei tudo Não sou religiosa, mas gostei muito de visitar os lugares santos das três religiões: Judaísmo, Cristianismo, Islamismo. 

(Sim, quando se fala em Israel há toda a questão política envolvida. Foi algo sobre o que conversei bastante durante a viagem. É um tema complexo e, apesar de eu ser bastante otimista, não sei se há uma solução à vista, ainda mais com a extrema-direita subindo ao poder.)

Voltei da viagem feliz e animada. Não é à toa que antigamente, quando não existiam medicamentos para a depressão, os médicos mandavam o paciente viajar. O bom é que na segunda semana de dezembro embarcamos de novo. Não tive férias no segundo semestre e agora vou tirar a desforra.  

Ano que vem, em Jerusalém... já estou pensando no retorno.

domingo, 16 de outubro de 2022

A trilha de outono

No sábado um casal de amigos nos convidou para fazermos uma trilha perto de Zurique. Tanto eles quanto nós somos fãs do site Swiss Family Fun, que sugere um monte de trilhas e passeios e dá todas as dicas e detalhes. Eles escolheram a trilha Wasserfallen Chellechöpfli, nós topamos, e lá nos fomos. 

Uma hora e pouco de carro para chegar ao ponto de partida; depois, 9 km e meio a pé, por subidas e descidas muito razoáveis. O que atrapalhou um pouco foram as chuvas dos últimos dias, que resultaram em barro e folhas encharcadas e escorregadias em alguns trechos. Sim, os tênis voltaram imundos, mas temos tanque na lavanderia do prédio e já resolvemos o problema (depois de esperarmos a lama secar e escovar os sapatos vigorosamente no lixo). 

No começo da trilha, toda valente

Encalorada e cansada

As lindas cores de outono

Almoço: batata rosti e ovos "espelhados"

No banco gigante aleatório (instalado por um banco - de dinheiro - em seus 150 anos)

Gostei da experiência. Foi um pouco cansativo (quase 10 quilômetros), mas recompensador. Vi paisagens lindas e bati muito papo. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Logo ali na Alemanha

Uma das razões pelas quais eu quis morar na Europa é a facilidade de passear pra lá e pra cá. A Alemanha, por exemplo, é logo ali. 

No começo de setembro fomos matar a saudade de amigos em Berlim. Como compramos a passagem com antecedência numa low-cost (Easy Jet), pagamos baratinho. Como pagamos baratinho, os voos eram o último de sexta e o primeiro de segunda. Como era uma low-cost, o voo de sexta-feira atrasou mais de uma hora. E o de segunda... também!

Acordamos antes das 4 da manhã para irmos para o aeroporto (que em Berlim é longe). O horário da partida era 6:40. No fim das contas, o avião saiu às 8:40. Sorte que na segunda-feira era feriado em Zurique e eu não tinha de trabalhar!

Em Berlim, passeamos muito a pé, comemos, bebemos e conversamos. Nossos amigos moram no Sony Center, um marco arquitetônico de Berlim. É um complexo de lojas, restaurantes e apartamentos, com essa grande flor, ou guarda-chuva, como cobertura. 

No fim de semana seguinte, fomos a Baden-Baden conhecer pessoalmente a Rafaela, que estava fazendo aniversário. Amizade feita na internet, pelo meu blog e pelo dela! Finalmente conseguimos nos encontrar ao vivo. 

Dessa vez foi um bate-e-volta (fomos e voltamos de trem no mesmo dia). Assim que saímos da estação de trem, começou a chover. Lá pelo meio do caminho, depois que estávamos molhados, o sol resolveu dar as caras... e um arco-íris também! Presente de aniversário pra ela, né.  

sábado, 17 de setembro de 2022

Covirgem

Mais de dois anos pandemia adentro e eu continuo alegremente Covirgem (e o Leo também, claro). Passar grande parte dela nas Filipinas, com suas inúmeras restrições, ajudou muito. Chegando à Europa, já estávamos acostumados a cuidados básicos como usar máscara em lugares fechados, e assim continuamos. 

Aqui na Suíça não há mais limitação alguma. Em janeiro, ainda era necessário apresentar o certificado de vacinação para entrar em restaurantes, mas logo depois isso caiu, mesmo com apenas 70% das pessoas vacinadas (não é um número ruim, mas também não é ótimo). Dois colegas do trabalho pegaram desde que comecei, provavelmente por causa do atendimento ao público, mas eu continuo firme e forte (e mascarada). 

Esta semana tomei minha quarta dose, o segundo booster. As três primeiras foram em Manila, de graça. Em Zurique tive que pagar 60 francos pela aplicação, o que é um preço baixo pela saúde. Estão dizendo que a vacinação vai voltar a ser gratuita lá por novembro, quando o frio chegar para valer, mas preferimos não esperar. 

O Leo tomou semana passada e o braço incomodou bem durantes uns dias. Depois de fuçar na internet, ele me disse para colocar uma compressa quente antes e gelada depois da agulhada, o que funcionou muito bem - meu braço doeu pouco, praticamente só quando eu encostava nele ou tentava dormir em cima dele. Não escapei de um certo mal-estar e uma febrinha à noite (38º), que usei para fazer um charme. Um paracetamol e uma hora de descanso depois eu estava boa de novo. 

O que mais me preocupada na Covid são os relatos das pessoas que dizem que a memória piorou - a minha, que era excelente, tem dado sinais de cansaço faz uns anos. Gostaria muito de mantê-la assim, boa. Porque senão... o que eu ia dizendo mesmo?

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Licença pra ser chata

Então eu li "Silêncio - O Poder dos Introvertidos num Mundo Que Não Pára de Falar de Susan Cain" e aprendi muito sobre os introvertidos. Basicamente os introvertidos apreciam menos estímulos do que os extrovertidos, vivem muito internamente, precisam de tempo para se recuperar depois de eventos e gostam tanto de pessoas quanto os extrovertidos, mas em doses menores. 

O livro defende a tese de que ambas as maneiras de ser são importantes, mas existe um culto aos extrovertidos, principalmente nos Estados Unidos, e isso faz com que, muitas vezes, os introvertidos sejam considerados chatos e esquisitos e acusados de não saberem se divertir. 

Como introvertida de carteirinha, me senti vingada. Não, eu não curto carnaval, micareta, aglomeração, e até shows me deixam cansada. Não sou tímida - na escola, eu participava do coral e do grupo de teatro -, mas não tenho muita paciência com pessoas. Sim, eu era aquela aluna que passava o recreio grudada em um livro. Em certos momentos, tive grupos legais de amigos, mas só quando o santo batia. 

(Acho ótimo ter leitoras no blog. Tenho tempo de ler os comentários com calma, pensar e responder. Lembro com saudade da época de ouro dos blog, antes de as redes sociais tomarem conta da internet.)

Resumindo, eu não sou chata, eu sou só introvertida. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

A menina que catava livros


Era uma vez uma menina que tinha um leitor eletrônico (mentira, tinha três, para o caso de um falhar) e uma biblioteca digital. 

Então a menina foi morar em uma cidade em que as pessoas, quando queriam se livrar de livros de papel, não jogavam fora, porque custava muito caro jogar qualquer coisa fora nessa cidade. As pessoas colocavam os livros de papel em estantes em esquinas. 

Um dia a menina, muito desconfiada, levou pra casa um dos livros de papel. 

No dia seguinte, ela levou dois. 

No dia seguinte, ela levou três. 

Se antes ela catava livros na internet, hoje ela cata nas esquinas. 

domingo, 7 de agosto de 2022

Fim do curso de alemão. Do primeiro...

Vou ter revisão na terça, prova na quinta e o curso de alemão acaba, para meu alívio e alegria (não vou mentir). Por "curso de alemão" entenda-se a unidade A1.1, que durou dez semanas. Há muitas outras unidades pela frente - 17, mais exatamente, até chegar ao último nível, que é o C2.3. 

Se eu seguir as unidades sem parar, é possível (é possível?) fazer umas quatro por ano, o que significa quatro anos e meio para finalizar tudo. Vai rolar? Não vai rolar. 

Não vai rolar porque eu acho que não aprendi o suficiente, e não quero ir fazendo aula de qualquer jeito, como muita gente faz, para depois se desesperar e começar do zero de novo. 

Sim, eu acompanho as aulas, sou boa aluna e provavelmente irei bem na prova final. Mas só porque concluí o nível não quer dizer que eu tenha absorvido completamente o conteúdo. Alemão é uma língua arranha-céu - isto é, você tem de construir bem um andar antes de ir para o próximo, ou o edifício não se sustenta. 

Sim, tenho críticas a fazer em relação à escola que eu frequento aqui em Zurique, a Hallo Deutschschule. O material é excelente, as instalações são boas, a professora (que eu tive) é razoável. Mas assistir à aula e fazer o dever de casa não é suficiente, e o curso não está nem aí pra isso. Ele não oferece biblioteca, exercícios suplementares ou um professor para tirar dúvidas (como a Alliance Française, por exemplo). 

Uma das colegas só fala farsi (= persa). É visível que ela não entende metade do que está acontecendo, pois até o alfabeto é diferente. Não tem uma boa alma do curso para dizer pra ela repensar. Bem disse o Leo, "Mas você acha que o curso está aí para ensinar alemão? Não, ele está aí para ganhar dinheiro!". Como todo negócio.

A colega sobrevive às aulas grudando do meu lado e me fazendo pronunciar para ela as respostas que ela tem de falar em voz alta. O que não seria um problema se ela não me interrompesse tanto e se eu conseguisse me comunicar com ela para explicar a matéria. Eu gosto de ajudar, até porque é bom para fixar, mas nesse caso é um exercício contínuo de frustração. Nem o Google Translator resolve. 

Então, em vez de começar a próxima unidade na semana que vem, vou dar uma pausa, viajar de férias, encarar um grande projeto no trabalho e retornar ano que vem. 

Isso não quer dizer que eu vá parar de estudar alemão - muito antes pelo contrário. Meu plano é pegar firme no Clube do Alemão (o ótimo curso online) e avançar por conta própria para voltar ao curso presencial no A1.3. O Leo me deu a ótima ideia de comprar o livro A1.2 da Hallo. Aí não tem erro. 

* * * 

Atualização: tirei 74 em 85 na prova, quase 90%. Tá ruim não. 

É óbvio que foram os artigos que me tiraram pontos. Mas acertei "das Buch" (o livro), claro. 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

O longo labirinto

Depois de quase dois meses me sentindo (uns dias mais, outros menos) tonta e enjoada, finalmente fui a um médico e ele me botou no caminho da recuperação. Diagnóstico: cristais do labirinto fora de posição. 

É verdade que isso eu já sabia. Mas o otorrino conseguiu precisar que o problema era do lado direito, e me ensinou a fazer a manobra de Epley, um exercício no qual a pessoa se deita, vai virando o corpo e depois se senta de uma vez, e que botou os cristais em seu devido lugar.

Uma leve náusea permaneceu, e ele avisou que ia demorar uns dias mesmo para o sistema se normalizar. Mas já saí da consulta me sentindo muito melhor. 

Se eu tiver episódios de tontura de novo, é para eu repetir o exercício duas ou três vezes, e é isso. Não me recomendou fisioterapia nem nada. Quanto ao remédio que costumo tomar nesses casos, o Vertizine D, ele disse que pode ajudar no enjoo, mas que não põe os cristais no lugar. 

Ou seja, imagino que, nos outros episódios de labirintite que tive pela vida, o corpo ajeitou os tais cristais em alguns dias e se auto-resolveu. Há uns anos, quando os casos eram razoavelmente frequentes, o otorrino me mandou para a fisioterapia, que por certo aplicou a manobra de Epley, mas não me ensinou a fazer sozinha, nem me mandou fazer em casa. Ou talvez ela tenha ensinado e eu me esqueci? Pode ser. Eu ainda morava no interior de Minas quando isso aconteceu, ou seja, mais de 10 anos atrás. 

Para concluir, aprendi algo muito útil nas minhas pesquisas internéticas: quando bate a tontura, o bom é fixar o olhar na frente e para longe. A tendência que a gente tem é fechar os olhos ou olhar pra baixo, e isso não ajuda, só piora.

E eu agora não pioro, só melhoro. 

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Logo ali em Annecy

Faz um tempão que quero conhecer Annecy, uma cidade fofolucha que é - adivinhem! - a "Veneza da França". Se até na Veneza de Manila eu já fui (é um shopping, o Grand Canal Mall), imagina se a francesa ia me escapar. 


Na sexta-feira vamos pegar um trem para Genebra, ainda na Suíça, e de lá terminar de chegar a Annecy de ônibus. É uma cidade bem pequena (50 mil habitantes!) e toda charmosa. 

Vamos ficar três noites (segunda-feira é feriado: é o Dia Nacional da Suíça. Que passarei em outro país), embora a maioria das pessoas ache que dia em Annecy seja suficiente. Mas elas provavelmente não têm o meu amor por todas as coisas francesas, que faz com que qualquer boulangerie seja um evento e qualquer cartaz seja lido com emoção (olha! Eu entendo! Eu entendo!). 

Voltarei com fotos. 

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Braço a torcer

Depois de quase dois meses piorando e melhorando da labirintite, dei o braço a torcer: marquei um otorrino para semana que vem. 

Depois de meses achando sorvete muito caro na Suíça. dei o braço a torcer: aproveitei uma promoção e comprei logo três potes de Ben&Jerry's. 

Depois de uma quinta-feira na qual não consegui trabalhar de tanta tontura, dei o braço a torcer: nada de bate-e-volta na França para almoçar e ir ao supermercado. Mas o Leo vai, com a lista de compras. 

* * * 

Atualização: o Leo foi, passeou, viu amigos e se divertiu. Fiquei quietinha em casa e me diverti também, lendo, vendo seriado e tirando sonequinhas. Ele voltou com saudades e muitas delícias francesas! Inclusive pastilhas de hortelã Vichy, que servem pra matar as saudades das pastilhas de hortelã Garoto. São bem parecidas - só o formato que é diferente. 

domingo, 26 de junho de 2022

Verão

Junho foi agitado: três visitas diferentes, uma crise de labirintite que durou quase dez dias e duas semanas substituindo o colega que atende diretamente o público. O mês está acabando, o colega voltou das férias, as visitas e a labirintite foram embora e estamos de volta à programação normal, o que deve incluir viagenzinhas de fim de semana e muitas visitas à bibliotequinha da esquina. 

Meus pais estavam pensando em me visitar em agosto, mas estão enrolados porque estão reformando a casa na fazendinha que era dos meus avós. Ou seja: provavelmente virão em setembro. Ou outubro. Ou ano que vem.

Enquanto isso, vamos aproveitar os dias longuíssimos (o sol está se levantando às 5:30 e se pondo às 9:30). A ideia é nos planejar para comprar passagens com antecedência, o que garante belos descontos. Hoje fechamos uns dias em Annecy, "a Veneza dos Alpes", e em Berlim. 

Para minha grande tristeza, perdi três dias do curso de alemão  por causa da labirintite. Fiz (a maioria dos) exercícios do livro em casa e apareci toda pimpona na aula seguinte. Que, obviamente, começou com diálogos em dupla sobre substantivos e expressões ensinado na aula anterior. Lá me fui, aos trancos e barrancos, mas sem sofrer demais, porque "o ótimo é inimigo do bom" e "feito é melhor que perfeito". 

E sigo na minha vidinha suíça. 

domingo, 12 de junho de 2022

Alemão ao vivo

As aulas que eu faço online são excelentes, mas eu fico assistindo aos cursos de alemão instrumental e aos vídeos de técnicas de aprendizagem em vez de seguir o programa de estudos. Então, e como o trabalho ofereceu, comecei a frequentar um curso presencial. 

Cada módulo são dez semanas, com aulas de duas horas todas as terças e quintas. Esta semana fiz minhas primeiras aulas e, claro, me diverti muito. Como já sei um pouquinho, a dificuldade foi na medida certa: acompanhei e aprendi sem me sentir massacrada (como acontecia na bendita aula de russo). 

Sempre acho que, em curso de línguas, a gente deve tentar ficar na turma mais avançada possível. Nesse caso, comecei no A1.1 mesmo, porque alemão é todo um novo universo e eu tenho muito poucas referências. E, ok, porque não quero ser a pior aluna da turma. 

A  Ludmila Fonseca, minha professora online, explicou que crianças aprendem línguas por absorção e adultos, por comparação (com as linguagens que já sabem). O curso que estou fazendo é daqueles que ensinam alemão em alemão, para atender a alunos do mundo todo. Ou seja, a comparação vai ficar por minha conta. 

Alguns colegas são totalmente iniciantes e estavam bem perdidos na aula. Desconfio que o método de ensinar alemão em alemão só funcione bem para quem sabe holandês, que é uma língua próxima. Só sei que vou mostrar os vídeos em que minha xará ensinar a pronunciar as letras e palavras para os coleguinhas brasileiros, portugueses e hispano hablantes. São ótimos e aposto que vão ajudar muito, mesmo se eles não entenderem tudo que a Lud está falando. 

Agora, a colega afegã que só fala persa ainda não sei como ajudar. 

domingo, 29 de maio de 2022

Bainha de fita crepe

Consta que, em caso de necessidade, o povo faz bainha de fita crepe na calça e sai pra vida. Eu mesma nunca precisei, porque minha mãe tem dotes de costura e disposição para arrumar a roupa das filhas. Mas sim, esse dia chegou. Só que não foi pra fazer bainha de calça, foi pra fazer bainha de cortina. 

Eu explico: na Europa, muitos apartamentos têm persianas de metal, que vedam totalmente a luz (e, portanto, dispensam cortinas). Nosso apartamento, no entanto, veio com rolôs externos que, se têm a vantagem de serem abertos e fechados pelo toque de um botão, são semi-opacos e só servem para segurar um pouco o sol. À noite, até a luz da lua cheia é forte o suficiente para incomodar. 

O jeito foi comprar cortinas blackout. A Ikea vende? Vende. A Ikea faz bainha? Faz. A Ikea cobra um terço do preço das cortinas para fazer a bainha? Cobra. O escorpião no bolso se agitou todo e eu decidi que era melhor levar as cortinas para casa, experimentar na janela, ver se funcionava mesmo e se eu gostava da cor e da textura antes de me comprometer. 

Funcionaram muito bem. Aí descobri que a Ikea, além de cobrar um terço do preço das cortinas para fazer a bainha, só faz bainha de cortinas se elas estão na embalagem original. Obviamente, nessa hora a embalagem original já tinha ido para o(s) lixo(s) - papelão para a pilha de papelão, plástico para o Züri-sack, é claro.  

Sim, deve existir alguma loja em Zurique que faça esse serviço. Só que aí eu já tinha emburrado e declarado que eu mesma ia dar jeito. Que jeito? Fita crepe, oras. 

Pedi ajuda do Leo, dobrei a barra na cortina pendurada mesmo e sai pregando. E olha, funcionou. Ficou meio torto, mas funcionou. 

Por uns dois dias. 

O Leo então sugeriu que a gente usasse fita dupla face. Achei a ideia linda, inclusive porque a fita ficaria escondida dentro da dobra da cortina. Ele comprou e, num dia de disposição, tiramos as cortinas da janela, estendemos em cima da mesa, medimos certinho o tamanho da bainha (60 cm) e, com toda a calma, fizemos a bainha, bem retinha. Em ooooito cortinas, porque no meio tempo também compramos para o quarto de hóspedes. 

Ficou joíssima. Agora, a única coisa que separa as cortinas da perfeição é serem desamassadas. O fato de elas estarem dependuradas há dias não ajudou muito. O problema é que não temos ferro de passar há muitos anos. 

Vou perguntar no trabalho se alguém tem um ferro a vapor vertical para emprestar. Rá!

domingo, 22 de maio de 2022

A mudança

Depois de quatro meses em diversos navios, o contêiner com a mudança chegou. Para minha grande alegria, nada mofou e nada quebrou. 

Como não tínhamos móveis, a mudança ter demorado tanto não foi problema. Compramos móveis aqui e pronto. Na hora de ir para o próximo posto, no entanto, vamos ter de pensar se vale a pena se livrar deles e voltar a morar em apartamento mobiliado, ou se é mais negócio carregar os móveis e ficar acampado no apartamento sem mobília até o contêiner chegar. Veremos. 

O que veio foram artigos de cozinha (oi, Air Fryer!), roupas e objetos pessoais - além de uma cômoda que já foi para o quarto de hóspedes, uma esteira que compramos na pandemia e um móvel de cozinha. A esteira e o móvel foram para o keller, uma instituição suíça (e alemã) utílissima: como em geral os apartamentos são pequenos, todo mundo tem um espaço no porão do prédio para guardar o que não está usando no momento, o que inclui roupas pesadas de inverno. 

Nos livramos de bastante coisa ainda em Manila, mas é claro que botei no contêiner um monte de tralha, porque a minha tese é que a gente nunca sabe se pode precisar. Agora que sei que não vou precisar, quero me livrar delas, mas infelizmente em Zurique nada é simples de jogar no lixo.  

Você até pode, mas cada saco de lixo de 35 litros (o "Züri-sack") custa 2 francos suíços, isto é, 10 reais. Então a população separa papel e papelão (recolhidos a cada 7 dias, alternadamente); vidro e garrafas pet (tem uma lata de lixo especial na rua para deixar); roupas (idem); lixo orgânico (idem, mas tem de estar em um saco biodegradável). O resto vai no saco de lixo de 10 reais mesmo. Claro que todo mundo (a gente inclusive) quer usar o mínimo de sacos de lixo de 10 reais. 

(Isso dá um trabalhinho. Um caderno de espiral usado, por exemplo, tem de ser desmanchado: as capas vão para a pilha de papelão, as folhas para a pilha de papel, e o arame em espiral para o Züri-sack.)

A casa está finalmente ficando com cara de casa, mas confesso que eu gostava bem de ter todo aquele espaço vazio. 

sexta-feira, 20 de maio de 2022

London London

Posso dizer que passei quatro dias de férias em Londres e voltei completamente apaixonada? 

Que cidade bonita. Que ruas largas. Que parques lindos. Que tanto de evento, show, peça e exposição acontecendo. 

É verdade que entender a língua. os pôsteres e os avisos no metrô ajuda muito, e que a Suíça é tão cara que os preços em libras nem me assustaram muito. Sem falar que ficamos na casa de uma amiga e que o quarto tinha uma vista incrível. 

De dia. 


De noite.

Confesso que cheguei a me questionar se não teria sido melhor ir para Londres em vez de Zurique. Mas logo me lembrei que não vou ficar a vida toda na Suíça: no próximo ciclo de remoção, posso muito bem me candidatar à Inglaterra. 

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Viajandinho

Aniversário + férias: Colmar, Besançon, Paris, Bruxelas, Londres. 

Melhor de tudo: entender a língua.

Melhor de tudo: bater perna o dia inteiro, sem obrigação de ver ponto turístico nenhum.

Melhor de tudo: rever um monte de amigos.

Melhor de tudo: comer, beber, conversar. 

Melhor de tudo: ir de trem pra tudo quanto é lado, e pegar um único voo de 2 horas para voltar. 

quarta-feira, 27 de abril de 2022

100 dias na Suíça

No domingo completei uma centena de dias nas terras helvéticas. Quer saber? Estou feliz. A adaptação foi mais fácil do que a de Manila, o trabalho é mais legal, a cidade é mais bonita. E estou adorando o clima fresquinho (como cheguei na segunda metade do inverno, não peguei temperaturas realmente baixas e dias escuros). 

A única coisa que não está andando é a aprendizagem do alemão. No escritório eu falo português; na rua, inglês; e na verdade em Zurique não se fala alemão, mas alemão suíço, um dialeto. Espero que a situação mude quando eu voltar das férias em maio e começar as aulas presenciais da língua germânica. Não vou tolerar ser a pior aluna da sala e isso vai me obrigar a estudar. 

A verdade é que eu ando tranquila e sossegada. Minhas ambições atuais são fazer bainhas nas cortinas do quarto (foi bem fácil instalar, mas sobraram na altura) e decorar as paredes de concreto do apartamento com artes de fabricação própria. Se na kitchenette de Brasília eu arrumei as cadeiras, as mesinhas, a geladeira, a porta do quarto e algumas paredes com papel contact, imaginem agora, com mais espaço e mais verba?

Cartaz do festival de cinema que organizei em Manila

sábado, 16 de abril de 2022

Aventuras na Ikea

Primeiro fomos à loja física espiar. Depois pesquisamos o site. Depois voltamos à loja física. Então fomos ao apartamento novo para tirar medidas. Depois pesquisamos de novo o site. Aí sim, voltamos à loja física e compramos cama, sofá e ilha de cozinha. 

Dias depois uma amiga nos contou que no domingo a loja estaria excepcionalmente aberta e que cada compra geraria um bônus de 20%. Corremos lá para comprar cama de hóspedes, mesa de jantar e cadeiras. E conseguimos que tudo fosse entregue junto na terça-feira. 

Pedimos ferramentas emprestadas para os amigos e montamos tudo (quer dizer, o Leo montou, a Lud ajudou). Menos a cama de casal, que achamos melhor não arriscar. O povo que veio montar demorou para entrar em contato, ligou na parte da manhã dizendo que estava chegando e só deu as caras à tarde, e ainda criou o maior caso porque o prédio não tinha número, o que, segundo eles, os fez perder muito tempo dando voltas no quarteirão até achar o endereço certo.

Sim, o prédio ainda não tem número. Mas se você chega à rua indicada, vê um prédio terminando de ser construído, descobre que o anterior é o 17 e o seguinte o 53, o que você imagina? Pois é. 

Montar os móveis da Ikea não é difícil, é trabalhoso. Depois que você começa a entender os manuais (não tem nenhuma palavra, só desenhos), a coisa flui. Infelizmente só temos um móvel de cada tipo (menos as mesas de cabeceira), porque depois que se monta o primeiro, o seguinte é moleza. 

Seguem as nossas belezinhas: a ilha de cozinha e a mesa de jantar. 


As várias idas à Ikea compensaram: ao experimentar, descobri que a mesa que eu queria comprar era alta demais e me deixava igual a um Tiranossauro Rex, com aqueles bracinhos alcançando o tampo. Troquei para a mesa acima, mais baixa e mais comprida, e estou muito satisfeita. Inclusive com as cadeiras, que são confortáveis e, como não são de tecido, facinhas de limpar. 

É verdade que tivemos que pedir ajuda a um outro amigo para terminar de montar a mesa. Mais especificamente, para virá-la de cabeça para cima depois que a estrutura estava pronta. O Leo não achou que eu daria conta (e ele estava certo). Nada que mais um par de braços fortes não resolvesse. 

A casa ainda não está com muita cara de casa, mas com o tempo vai se ajeitando. A mudança deve chegar no começo de maio, e aí teremos almofadas, toalha de mesa, edredom, essas coisas. 

E pensando onde os trens tudo de cozinha e as roupas vão caber. 

segunda-feira, 28 de março de 2022

Casa nova (ou quase)

Muita coisa acontecendo por aqui, tudo em grande paz e serenidade. Temos aproveitado os fins de semana para passear de trem nas cidades próximas. Os dias estão ficando cada vez mais longos e quentes. A primavera tem dado as caras, uma flor de cada vez. 

E hoje recebemos as chaves do apartamento, ueba! Deixaram a gente entrar quatro dias antes do início do contrato. Bom demais, porque vamos poder nos mudar em etapas, em vez de nacorreriatudodeumavez. O novo lar fica a três pontos de tram de distância. Já fizemos duas viagens, de malas na mão, e ainda queremos fazer mais uma ainda hoje. O que tanto tem nessas malas? Para a surpresa de ninguém, livros. (Eu estava até contida, mas uma moça ofereceu no Facebook 100 livros + quadrinhos em francês, e aí eu não resisti.)

Além de livros, levamos uns básicos da Ikea. Abaixo a cozinha, já com um paninho de prato devidamente instalado (se fôssemos alpinistas, seria uma bandeira). 


E aqui o quarto de casal. Atrás da porta aberta tem um armário embutido espelhado (guarda as roupas e depois te mostra como elas estão - muito útil). 


E, para nossa grande alegria, o apê tem lâmpadas em todos os cômodos (sim, os sites diziam que vinha sem).

Os móveis mesmo chegam na quarta-feira. Aguardando ansiosamente. 

sábado, 5 de março de 2022

If it fits, I sleeps

Acabo de voltar de uma testagem de colchões. Eu e o Leo nos deitamos em vários e avaliamos nosso agrado de cada um. O Leo prefere colchões mais firmes. Eu? Estando em situação de horizontalidade estou bem. Tirava uma sonequinha fácil em qualquer um deles. 

Sim, estamos atrás de cama. E mesa, e sofá. A notícia boa é que finalmente conseguimos um apartamento para alugar (visitamos 18, nos candidatamos a 5, recebemos 2 nãos e finalmente um sim). A notícia não tão boa é que quase não existe apartamento mobiliado em Zurique, e este também não é, então vamos ter de comprar móveis. 

Montar casa é legal, mas não é fácil. Da primeira vez, lá em Coronel Fabriciano, havia uma única loja com móveis legais. Da segunda vez, em Brasília, me arranjei toda com o Mercado Livre. Dessa vez, temos a Ikea, o que é fantástico, mas há muitíssimas opções. Difícil escolher.

Espiamos outras lojas, para não dizer que não exploramos o mercado, e a conclusão é que elas são 1) muito mais caras e/ou 2) muito parecidas com a Ikea. Resultado: vamos de original sueca mesmo. 

O apartamento novo tem um charme, que são as paredes de concreto aparente. Estou confiando que, por causa disso, não vou precisar decorar nada: jogo uns móveis e tá pronto!

E se o apartamento não tem móveis, tem cozinha montada. Ou seja, só vamos precisar de uma cama (ou de um colchão) para nos instalarmos alegremente no dia 1º de abril.

Não é pegadinha, é a previsão de início do contrato. Que vai chegar, pelo correio, semana que vem.

 Aqui é assim.  

Namorando ilhas de cozinha na Ikea. A cozinha do apê é montada, maaas tem pouca bancada. 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Amor eterno, amor verdadeiro

Lud ama livros.

Lud ama Kindle.

Lud se muda para uma cidade onde os livros de papel estão por todos os lados, inclusive nas ruas e no trabalho. 

Lud tem pego livros de papel, nas ruas e no trabalho, e tem lido desajeitadamente (ainda sabe virar as folhas, mas acha incômodo quando está lendo na cama e cai no sono e o livro, por sua vez, cai em sua cara). 

Lud devolve livros de papel, nas ruas e no trabalho, depois de ler ou quando começa a ler e não gosta. 

Lud deixa de devolver um livro de papel que pegou na rua e nota que, na rua (isto é, na estante-biblioteca que fica na esquina), os livros se multiplicam cada vez mais. 

Lud se lembra que, na Suíça, é caro jogar lixo fora.

Lud se dá conta de que, se levar um ou dois ou três livros para casa e ficar com eles, a população de Zurique não vai reclamar. Ao contrário, a população de Zurique vai ficar contente porque os livros foram tirados das ruas. 

Lud está pronta para tirar das ruas muitos livros de papel. 

Lud espera (im)pacientemente sua vez. 

domingo, 6 de fevereiro de 2022

A primeira semana

Está tudo indo muitíssimo bem. 

Fomos várias vezes a vários supermercados e enchemos a casa de comidinhas gostosas. Nessa brincadeira tem até salada (pronta e limpa, uma maravilha) e pelo menos 2 quilos de chocolate. 

Passeamos muito pela cidade. Subimos suas duas montanhinhas (Zürichberg e Uetliberg). Investigamos todos os bairros próximos ao trabalho. E alguns não tão próximos, mas fáceis de alcançar de tram.  

Almoçamos em dois restaurantes, porque os colegas/amigos em potencial chamaram, e nos horrorizamos com os preços. Resolvemos que comer fora não vai ser nossa rotina. 

Já que as temperaturas, conforme esperado, estão baixas (- 2 a 7º C), estamos muito contentes com nossos casacos e sapatos de inverno, que estão dando conta de tudo, inclusive de caminhos com barro e/ou neve nas montanhas. 

Começamos a visitar apartamentos e vamos ver mais três esta semana. Estamos otimistas de que vamos encontrar algo simpático e bem-localizado. Confirmamos que a maioria absoluta  vem sem armário embutido nem lâmpadas no teto (lustre, nem se fala). Por outro lado, eles têm cozinha montada e lavadora/secadora, o que é excelente. 

Como tomamos duas doses de vacina mais booster nas Filipinas, estamos achando bom que as restrições, aqui, sejam muito menores. Ninguém nunca ouviu falar em face shield, máscara é só para lugares fechados, e quem não tem passaporte vacinação (será o nosso caso, porque a Coronavac não é aplicada na Suíça) pode entrar em supermercados e usar o transporte público. Verdade que, antes de sair de Manila, conseguimos tirar esse passaporte pela internet, mas ele só dura 30 dias. A partir de semana que vem, ou tiramos de novo (e pagamos de novo 30 francos suíços por cabeça, ui) ou vamos atrás de descobrir se rola de tomar vacinas locais (o que faremos com prazer). 

Para completar tanta alegria, na esquina aqui da casa provisória tem uma estante-biblioteca: as pessoas doam livros e pegam livros (e devolvem, ou não). São cinco prateleiras pequenas e tem sempre movimento: gente trazendo volumes para doar, gente devolvendo o que já leu, gente escolhendo o que vai levar... E até bom que muitos livros não voltem, porque senão simplesmente não caberia! Eu já peguei um de ficção, que devolvi depois de ler, e encontrei um Corso di Italiano A1 justamente no dia em que eu estava concluindo que seria muito mais fácil aprender italiano do que alemão. É um sinal!  

Estou gostando cada vez mais de Zurique. É segura, limpa, tranquila, com acesso a muito verde e a muita água. Se não tem aquele charme evidente de Paris ou Barcelona, está parecendo muito boa para morar (nem sou só eu que estou dizendo, são as pesquisas de qualidade de vida também). Eu e o Leo somos fáceis de agradar (a gente era feliz em Coronel Fabriciano, no interior de Minas), é verdade, mas Zurique? Nosso número. 

Pessoas felizes descendo a Uetliberg

sábado, 29 de janeiro de 2022

O primeiro dia de trabalho

Ontem foi meu primeiro dia de trabalho (sim, arrumei as férias para começar numa sexta-feira e ter logo um fim de semana). A primeira impressão foi ótima. Os chefes parecem ser acessíveis, e os colegas, comprometidos. Vou ter muito a aprender e bastante serviço pela frente, mas em um clima agradável e cordial. Faz toda a diferença. 

Também faz diferença o fato de não ser a primeira remoção. Agora sei mais sobre o funcionamento dos postos e da dinâmica de trabalho. E sobre a chegada, adaptação, busca do apartamento, espera pela mudança... gosto de mudar, mas o período "vida sendo ajeitada" é prolongada. Eu e o Leo combinamos que não vamos nos estressar com isso. As coisas vão acontecer no momento delas, no ritmo suíço (qualquer que seja ele).

Passeamos por Zurique na quinta, na sexta e hoje, sempre acompanhados de colegas e amigos. Foi excelente, mas confesso que prestei tanta atenção na conversa que não consegui prestar muita na cidade. Já senti que é limpa, graciosa e organizada. Mais impressões vão ter de esperar pelos próximos dias. 


Nestes primeiros tempos, estamos em um apart hotel perto do trabalho, o City Stay. São 350 metros de distância, 4 minutos a pé. O endereço definitivo provavelmente será mais longe, porque os apartamentos próximos são velhos, caros ou ambos, mas não mais do que 20 minutos de tram (espero), preferencialmente sem baldeações. 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Os primeiros dias

Estou em clima de férias, mas adianto que está sendo ótimo passar este período de transição na Suíça em vez de em Abu Dhabi e Dubai, que era o plano original. Estamos quase acertados com o novo fuso horário e nos acostumando com o frio e o jeito suíço de ser. Os locais são muito gentis. E muita gente fala inglês. 

É verdade que estávamos em Interlaken, que é interior. Geralmente o povo mais mala habita as capitais (vide parisienses e portenhos). E ninguém nunca acusou os suíços de serem mal-educados, mas sim de reservados demais. Ninguém vai nos maltratar, mas em tese é difícil fazer amigos. Veremos

Depois de quase duas semanas, vou ter de dar o braço a torcer: o Leo tinha razão. As Filipinas, apesar da imensa distância geográfica (antípoda de Brasília!), são muito mais parecidas com o Brasil. Aqui a diferença começa com a língua alemã (não estou nem falando do alemão suíço!), continua com o clima e termina... não sei onde. 

Em Manila era tudo escrito em inglês, o que facilitava muito a nossa vida, embora não fosse todo mundo que o dominasse. Aqui, até o momento, encontramos muitos falantes de inglês (britânico, devido à proximidade com a Inglaterra), mas nos sentimos analfabetos diante das placas, avisos e letreiros. 

Vamos aprender, claro, mas vai demorar um tempinho.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Fotos das férias, parte I

Estamos curtindo demais. O frio, o céu, o ar puro, o silêncio. Dormir debaixo do edredom. Esquentar as mãos na caneca de chá. Fazer fondue (em Manila a gente fazia também, mas o clima não era lá o mais adequado). Caminhar para tudo quanto é lado. Ver o nascer do sol (às 8 da manhã).

E, claro, passear! Nos eficientes, confortáveis, silenciosos e pontuais trens suíços. 

Iseltwald

Thun

Spiez

Interlaken com sol

Brienz

Blausee

Kandersteg

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Em um relacionamento sério: eu e o frio

Não sou a pessoa mais óbvia para morar em um país frio. Sou das que vai agasalhada ao cinema e deixa um casaquinho no trabalho por causa do ar-condicionado. No entanto, surgiu a oportunidade de trabalhar na Suíça e eu aceitei. Sim, frio, estou certa de que conseguirei vencer os empecilhos que ameaçam nosso amor. 

Estratégia número 1: não existe clima ruim, existe roupa não-apropriada (como dizem os finlandeses). Eu trouxe todas as minhas roupas quentes e estou disposta a comprar quantas mais forem necessárias (contanto que sejam bem bonitas e não muito caras).

Estratégia número 2: sai, casaco. Dá preguiça, mas ao entrar em qualquer ambiente aquecido (loja, restaurante, trem, metrô), o casaco tem de ser tirado, ou o corpo se acostuma com a nova temperatura e a gente congela quando sai de novo. Essa foi a irmã Isa que me ensinou (ela morou na Alemanha). 

Estratégia número 3: pezinhos aquecidos. Minha primeira compra em Interlaken foi um par de pantufas da vovó. O apartamento que alugamos é quentinho, mas o chão, como sói acontecer, é gelado. E não há meia ou chinelinho que dê conta. O jeito é arrumar pantufas macias de sola grossinha e isolante. 

Estratégia número 4: pontos estratégicos. Além dos pés, gorro, cachecol e luvas grossas fazem muita diferença para impedir que o calor do corpo escape. É bom que estejam sempre na mochila. 

Estratégia número 5: aceitação. Em alguns momentos vou sentir um pouco de frio, e isso é um fato da vida. Tenho que me vestir de maneira a ficar minimamente confortável, e não quente como um forninho. 

Por enquanto essas estratégias estão funcionando. Mas você também tem de fazer a sua parte, frio. Estou pensando que, quando o inverno acabar, a gente devia dar um tempo na nossa relação. 

No fim do ano reatamos, prometo.

Por enquanto está dando certo. 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Hallo, Schweiz!

Interlaken, 15 de janeiro de 2022. 

Depois de dois voos bem longos (9 horas e 7 horas, respectivamente) e 3 horas de trem, chegamos ontem ao nosso destino: Interlaken, uma cidadezinha suíça de mais ou menos 6 mil habitantes situada em uma região linda, com muitos passeios a fazer. 

Pousamos empolgados: inclusive combinamos e descemos o último degrau da escada de desembarque ao mesmo tempo para pisarmos no solo helvético juntos. Depois foi uma correria para tentar pegar o trem que saía dali a pouco. Deu tudo certo e entramos no vagão com dois minutos para o trem partir. 

O tempo estava ótimo: céu azul e sol. Temperaturas bem baixas (em torno de zero), que é o que a gente esperava mesmo. Arrastamos as malas da estação de trem para o apartamento e demos uma voltinha básica (passando no supermercado Coop, com direito a todos os derivados do leite que encontramos - nas Filipinas iogurtes, queijos e afins são poucos e caros) antes de voltar pra casa, tomar banho e apagar. 

Hoje acordamos cedinho, antes do sol nascer (mas também, o sol está nascendo depois das 7) e passeamos um bocado. O tempo esteve nublado e com névoa, o que dá um charme. 

Estou encarando os dias que vamos passar em Interlaken como férias. Ainda não estou pronta para lidar com o fato de que vamos morar neste país por uns bons anos. É muita alegria de uma vez só. 

Vendo a Suíça do alto. 


Vendo a Suíça do trem.

Interlaken cedinho. 

Olha a alegria nos olhinhos da pessoa. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

O último dia

O resultado do PCR saiu às 8 da manhã: negativo! Dançamos alegremente pela a sala, nos lançamos às tarefas do dia e...

... só agora, as 4 da tarde, é que conseguimos dar uma parada. Entre diversas providências burocráticas, um último acerto no trabalho e a vistoria para a devolução do apartamento, foi uma correria. E eu, a boba, achando que estava tudo adiantado e que hoje seria tranquilo. Imagina se não estivesse adiantado!

A parte boa é que com tanta agitação a gente se distrai. 

* * * 

Demos uma parada nada. Ainda corri no trabalho para deixar as identidades locais e uma lembrança para um amigo. No momento, estou juntando forças para tomar banho e fechar definitivamente as malas. Daqui a 2 horas saímos para o aeroporto. 

Acho que só lá vai dar tempo de respirar e sentir o peso da despedida. 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Contagem regressiva

Hoje, terça-feira, a equipe da mudança veio embalar as nossas coisinhas. Eram 5 pessoas e uma manhã foi suficiente. Eles estavam de máscara, nós estávamos de máscara, e esperamos que ninguém tenha contaminado ninguém. 

Olhaí outra vantagem do apartamento mobiliado: a mudança foi retirada, mas ainda temos cama, mesa e sofá. Vamos ficar bem acomodados até partirmos, na noite da quinta-feira 13, ou seja, não vamos precisar ir para um hotel. 

Amanhã cedo: teste de Covid em casa. Eu gostaria de estar mais tranquila a respeito, mas ontem o terceiro colega de trabalho deu positivo. E, com ele, eu tinha muito mais contato. Sim, usávamos máscaras. Mas não dá para afirmar com 100% de certeza que elas estavam perfeitamente ajustadas o tempo todo. Só nos resta torcer. 

Também tem o fato de que todos os laboratórios de testes em Manila estão assoberbados. Fomos espertos e marcamos nosso horário no começo da semana passada. Mesmo assim, os resultados estão demorando a sair. De novo, fomos espertos e marcamos o teste para o começo do dia anterior ao voo, com resultados em 24 horas. Ou seja, pode atrasar 12 horas que ainda dá tempo de a gente embarcar. 

Não pode é dar positivo. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Choque de cultura

Não, não estou falando do programa com os maiores nomes do transporte alternativo, mas do fenômeno que atinge quem muda de país. Também é conhecido como choque cultural e o quadro abaixo, como fases da adaptação cultural (ou curva do expatriado). 


A teoria é que nos primeiros meses é só alegria e a felicidade chega lá no alto. Depois, a pessoa começa a ver os defeitos do novo lar: fica rabugenta e passa a reclamar de tudo, além de comparar com o país natal (ou anterior). Na terceira fase ela vai se adaptando. Na quarta, se ajusta à nova realidade, e o nível de satisfação sobe novamente. 

Pra mim foi um pouco diferente. A crise (de ansiedade) bateu assim que cheguei. Quando melhorei, começou a pandemia, avacalhando a curva e atrapalhando a adaptação. De qualquer forma, foi um período muito interessante. Tédio não passei: a cada dia uma aventura!

E tem o fato de a estada nas Filipinas ser temporária, o que é uma vantagem grande. Dois anos e meio uma hora passam, como de fato passaram. Isso ajuda a gente a focar no que é legal e não ligar muito para o que não é. 

Estou curiosa para ver como vai ser a minha experiência na Suíça. É um país mais bem-estruturado e mais próximo do Brasil, tanto geográfica quanto culturalmente. Por outro lado, as expectativas são bem altas.  

Não percam as cenas dos próximos capítulos. 

* * * 

O Leo comentou que acha as Filipinas mais parecidas culturalmente com o Brasil do que a Suíça: também foram colonizados por país latino, são majoritariamente cristãos, são muito influenciados pelos Estados Unidos, sofrem com a corrupção e democracia é recente. Já eu estava pensando em termos de Oriente/Ocidente, relações com a China e senso de comunidade. 

Veremos que tem razão. 

sábado, 8 de janeiro de 2022

Adeus, apê rico

Estou me despedindo do apartamento mais rico que já morei ou morarei. 

Fomos os primeiros habitantes e ele veio mobiliado e decorado. Com lustres grandes, móveis pesados, projeto de iluminação, amplos tapetes, amortecimento em cada gaveta. A cama é king size. A mesa de jantar é para dez pessoas.  

Gostei de morar aqui? Sim. Vou sentir falta? Nenhuma. 

O apartamento é grande e chique e bonito. E não parece nada comigo. 

Tem a questão de os móveis não serem meus, claro. Mas não é só isso. Sobra espaço nele. O corredor é longo demais. Há bege até onde a vista alcança. E, por causa do papel de parede, nunca penduramos nada. 

A próxima casa vai ser menor, mais simples e vou querer torná-la mais minha.

Gosto de menor e mais simples. 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

O cerco se fecha

Primeiro foi a notícia de vários contaminados nos prédios dos colegas; antes de ontem, chegou aqui o aviso que um vizinho estava infectado no nosso prédio também. 

Hoje um colega de trabalho fez o teste e deu positivo. Outro, que estava de férias, avisou que o mesmo aconteceu com ele. 

Eu conversei com o primeiro no escritório, de longe e de máscara, três vezes esta semana. Tomara que o contato não tenha sido o suficiente para eu me contaminar. 

Como eu e o Leo tomamos duas doses de vacina + booster, estou tranquila em relação à saúde. O problema é o teste PCR que vamos fazer um dia antes de embarcar, porque a vacina impede os sintomas piores, mas não impede a infecção. Se ele der positivo, vamos ter de adiar o voo em pelo menos duas semanas, resolver onde morar nesse período, desmarcar reservas... 

Não estou me afligindo antecipadamente: estou pensando em um plano C (sim, já estamos no plano B, pois cancelamos as férias no Oriente Médio, que eram o plano A). 

O Leo disse para a gente nem esquentar a cabeça, porque pandemia é assim mesmo. Atrasos e cancelamentos fazem parte do pacote. Ficar com raiva não adianta. Se os lindos dias de férias em Interlaken, que estamos aguardando ansiosamente, floparem, paciência. 

A gente come uns chocolates nacionais para se consolar. 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Felizinha

Exceto pela escalada da Ômicron, que impediu todo e qualquer evento de despedida, está tudo indo bem. Hoje fizemos a pré-vistoria do apartamento, amanhã termino mais um projeto no trabalho. 

Estou muito contente com o fato de que, embora estejamos próximos ao uma mudança, eu esteja tranquila. Em 2019, eu estava muito aflita, feliz mas apreensiva com a perspectiva da primeira remoção. Até fiz umas sessões de terapia, mas foram poucas, porque faltavam semanas para a minha partida. 

Aí cheguei às Filipinas e tive meu surto de ansiedade. Dei sorte de encontrar rapidinho um psiquiatra que falava bem inglês. Estou me sentindo ótima há vários meses, mas decidi continuar com o remedinho por um tempo na Suíça. Depois vou diminuindo a dose até parar de vez.  

Quando vim para Manila, estava achando que dava conta de gerenciar o nervosismo. Não sei se fui confiante demais ou se minha tolerância ao sofrimento é maior do que devia (em vez de buscar ajuda, sempre quero resolver sozinha). Só sei que, embora as circunstâncias agora sejam um pouco diferentes, não vou cometer o mesmo erro.

Até porque vamos chegar ao novo país em um momento meio delicado: pico do inverno, com restrições da pandemia. Estamos bem conscientes dessas condições; assim, não vamos nos frustrar. E teremos uma vantagem: uns dias de férias antes de começar a trabalhar. Vou poder me adaptar um pouco ao país antes de pegar no batente. Em 2019, voei mais de 20 horas, cheguei quase meia-noite às Filipinas e fui para o trabalho no dia seguinte, com o pior jet-lag da vida. 

O que temos feito, então, é planejar, com muita alegria, esses dias de férias. Vai ser ótimo! 

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Mudança de planos

A gente ia aproveitar que o voo para a Suíça faz conexão em Abu Dhabi para passar uns dias por lá, maaaas os números de infectados pela Covid, e as restrições, subiram demais nos últimos tempos. Então, resolvemos não arriscar ficarmos presos e/ou quarentenados pelo caminho e ir direto para as terras helvéticas. 

Como não conhecemos o Oriente Médio, teria sido uma o p o r t u n i d a d e, uma das minhas palavras (e ideias) favoritas. No entanto, em tempos de pandemia não dá para dar chance ao azar. 

Confesso que pesou na decisão um resfriado violento, desses que derrubam por vários dias, que o Leo pegou, e eu logo depois. No ano passado, passamos o Natal sozinhos, mas este ano, estando todos os adultos vacinados e a situação em Manila, boa, decidimos celebrar com alguns amigos. Não deu outra: na segunda-feira o Leo já estava espirrando e tossindo e eu, depois de muito gabar minha imunidade, fiquei de molho a partir da quinta. 

O PCR deu negativo, ainda bem. Mas o episódio serviu para nos lembrar como doenças respiratórias se propagam com facilidade. Basta um descuido e já era. Então, não é dessa vez que vamos visitar uma exposição mundial, suspiro. 

Por outro lado, nossa vida foi facilitada. Não temos mais de colocar roupas para calor nas malas. Na Suíça vai estar muito é frio. 

Costumo viajar com pouca bagagem, mas dessa vez vou ter de levar trajes de trabalho que durem até a mudança chegar, dois ou três meses depois. Ou seja, não vai rolar só a malinha de bordo. 

Tem sempre aquela solução, vestir um monte de roupa de frio e "levar no corpo". Pena que Manila, com seus mais de 30 graus de média de temperatura, não colabore com esse plano.