sexta-feira, 29 de junho de 2018

Em busca do tempo perdido

Hoje vou fazer um teste de nivelamento de francês. Como já aconteceu da outra vez que voltei a estudar essa língua, minha sensação era de que eu tinha deixado as aulas a pouquíssimo tempo - até pegar a gramática e ver que, para meu horror, ela foi comprada em 2013, quando fiz um curso pela última vez.

Ou seja, 5 longos anos. A capacidade de autoengano do ser humano (especialmente deste ser humano específico aqui) é espetacular. Leio livros em francês de vez em quando e estive uns dias na França este ano e pronto, isso é suficiente para que eu ache que sou uma estudante regular.

Não sou. E não há nada de mal nisso, mas vamos encarar a realidade, né?

Se quero ser uma estudante regular, é só separar uns minutinhos duas vezes por semana e ir revendo os livros didáticos e a gramática (se eu relembrar o que já aprendi e esqueci, já fico bem contente).

E torcer para ter gente suficiente para abrir uma turma depois do teste de nivelamento de hoje.

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Mudança de planos: não vou mais fazer mais curso de francês, vou fazer curso de alemão. Motivo: vou trabalhar dois meses em Munique no segundo semestre (sim, tenho o melhor emprego do mundo #sorrynotsorry).

É o melhor emprego do mundo, e todo mundo pode ter: oficial de chancelaria, cargo público. Da próxima vez que tiver concurso eu aviso, xá comigo.

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Atualização 2: não abriram curso de alemão e o de francês não vou poder fazer, por causa do horário. Aaaargh. Pelo menos os 2 meses em Munique continuam de pé.

domingo, 24 de junho de 2018

E a aposentadoria?

Quando entrei no mercado de trabalho, no começo dos anos 2000, o plano (e a lei) era contribuir por 30 anos e me aposentar aos 55. Hoje, com 42, acho que aos 55 anos serei jovem e produtiva demais para parar de trabalhar. 

Sorte minha, porque se eu estivesse contando os dias ia me desapontar grandemente. Com todas as mudanças na legislação, estou certa que não vai rolar (o que é uma grande sacanagem com quem começou cedo e faz trabalho braçal, claro). 

Então estou planejando me aposentar aos 65, o que significa mais 23 anos de labuta. No emprego antigo, esse fato provavelmente me faria derramar umas lágrimas e planejar mais uns sabáticos (a cada 10 anos, talvez?), mas no emprego novo acho que vai ser tranquilo. Tecnicamente, dá para ficar até os 75, mas acho que aí também seria demais. 

Lógico que vai depender da saúde, das oportunidades de aprendizagem, das mudanças na rotina de trabalho (muita coisa vai ser diferente daqui a 20 anos, espero). De repente aos 65 anos estarei empolgadíssima e envolvida em projetos e nem considerando me aposentar. Tenho colegas que têm essa idade e estão muitíssimo bem.     

Também tem a questão do dinheiro. Meu plano é continuar economizando, para não precisar contar somente com o salário de aposentada (qualquer que seja ele em 2040 e poucos). O fato de não ter filhos ajuda a manter as despesas baixas, mas o que mais me tranquiliza é que sei viver uma vida (razoavelmente) simples (comparando com família e colegas). Tenho internet, livros, chocolate e chuveiro quente? Estarei feliz. 

quinta-feira, 21 de junho de 2018

A vida dos outros

No começo desse mês fez um ano que tomei posse no Itamaraty. Como diz o Leo, agora a ampulheta virou, porque em tese quando eu completar dois posso ir trabalhar (ou, como diz o povo, "servir") no exterior. 

Fico bem contente com a perspectiva. Não sei onde vou parar - pode ser em qualquer lugar onde o Brasil tenha uma embaixada ou consulado -, mas tenho certeza que vou curtir. Adoro conversar com os colegas a respeito de futuros destinos. Trocamos um monte de ideias e descubro que tem gente que não quer morar em lugar muito quente, ou muito frio, ou onde álcool seja proibido, ou onde não exista vida noturna.

Acho que estão certíssimos. Cada um sabe o que quer da vida, ora. Eu e o Leo somos bem tranquilos nas nossas exigências, até porque somos um casal: a gente diverte e faz companhia um ao outro. Quem é solteiro talvez pense duas vezes antes de topar servir em uma cidade do interior do Japão (Hamamatsu e Nagoia têm consulados brasileiros!), por exemplo. 

O que a gente quer: água potável, internet, certa segurança (guerra não, por favor). Doenças não nos preocupam tanto, porque vivemos em um país onde tem zika, dengue e chicungunha, né? Achamos que, obedecendo direitinho as orientações dos locais (como usar repelente e colocar telinha nas janelas), vai dar tudo certo. 

Aliás, seguir direitinho as orientações dos locais será nosso lema. Estamos em um país frio, onde o povo se diverte no inverno esquiando e patinando? Bora aprender a esquiar e patinar! Moramos em um lugar tropical, onde a hora de caminhar nos parques é ao amanhecer e ao anoitecer? Bora botar o despertador pras 6 da manhã! Na nossa cabeça, não faz sentido mudar de país e continuar se comportando igualzinho. 

Muito antes pelo contrário: viver como os outros vivem será uma bela experiência. 

domingo, 10 de junho de 2018

Dietinha

Lamento informar que estou de dieta. O feminismo me ajudou a me livrar de um monte de exigências sociais, como passar esmalte, pintar o cabelo ou acompanhar as tendências da moda, mas infelizmente ainda me sinto obrigada a ser esbelta.

Nem é porque "quero ser magra para mim mesma" ou "me sinto melhor com menos peso". É porque a sociedade diz que mulher tem de ser magra mesmo (e malhada - mas aí já é demais pra mim). Tem o fato de minhas roupas de trabalho estarem chegando ao limite, e eu morrer de preguiça de comprar roupa nova, mas desconfio que isso é desculpinha. Afinal, minha saúde é ótima e meu IMC é normalíssimo. Estou de regime por pura vaidade.

Não é bonito, mas é o que temos para hoje.

Fico imaginando se um dia chegarei a uma idade na qual vou chutar o pau da barraca e me permitir virar uma vovó fofa e gorducha.

Temo que não. Aposto que serei uma velhinha magrela e chata.

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Atualização: a dieta durou 3 semanas. Perdi 1 quilo e meio. Aí fui fazer outras coisas.

sábado, 9 de junho de 2018