domingo, 13 de maio de 2018

O desejo de não-maternidade e o dia das mães

A amiga de uma amiga está escrevendo uma tese sobre o desejo de não-maternidade. Corri para me escrever para ser entrevistada. Curiosíssima sobre o que ela vai perguntar.

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Nunca ninguém me chamou na lata de egoísta por não querer filhos, mas sei que é uma acusação frequente. Se algum dia isso acontecer, pretendo responder: sim, sou egoísta. Egoísta E preguiçosa.

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Quando era adolescente, tive meus conflitos com minha mãe. Poucos, mas tive. Hoje nem lembro mais a respeito do que foram.

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Hoje acho minha mãe um exemplo. Ela dava conta de tudo: trabalhava fora, cuidava da casa, cuidava da gente. Dominava todas as prendas domésticas, inclusive costurar, e era professora universitária. Herdei dela a responsabilidade no trabalho e nos estudos, o controle financeiro, a exigência estética. Já os cuidados com o lar evitei aprender, confesso. Mas hoje, quando tenho que fazer alguma coisa em casa, me lembro da maneira como ela fazia, e isso ajuda muito.

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Minha mãe se aposentou há várias anos, mas continua muito ativa. Admiro. Quando me aposentar, pretendo ficar ainda mais preguiçosa.

sábado, 12 de maio de 2018

Minimalismo fashion

Estou supercontente porque tem um monte de blogueiras de moda entrando na onda do consumo consciente. O esquema dos armários-cápsula já data de algum tempo, mas agora parece que finalmente caiu a ficha de muita gente que comprar compulsivamente não é construtivo, nem para as pessoas (porque não tem fim, sempre tem uma novidade), nem para o meio ambiente.

Pode ser modinha, o hype do momento? Pode. Eu ligo pra isso? Não. O importante é o resultado. Se o povo der uma pausa na obrigação de fazer o "look do dia" com roupa nova sempre, já fico contente. E acho bem possível que muitas percebam que repetir peça é bacana. Primeiro porque é um exercício de criatividade. Segundo porque abre espaço para a individualidade (não tem graça nenhuma todo mundo usando os mesmos lançamentinhos sempre). E terceiro porque gera economia, né? Talvez não para as profissionais que vivem (e lucrem!) exclusivamente com isso e recebem muitos produtos de patrocinadores, mas para a turma que só se diverte com isso, com certeza.

Não, eu não acompanho sites e blogs e revistas femininos. Foi uma das coisas que cortei quando me dei conta de que eles promoviam ideais absolutamente inalcançáveis de beleza e felicidade. Logo depois decidi parar de comprar e pronto, jamais voltei (já que eles também promovem consumo desenfreado). Mas de vez em quando dou uma olhadinha, para ver se estou perdendo alguma coisas (conclusão: não estou. Uma colega de trabalho me contou que a modinha do momento é bota vermelha (!!!) e  muito me ri) ou um post sobre comprar menos aparece na minha timeline.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Muitas emoções

Eu sempre quis morar fora do Brasil. Virei funcionária pública e desisti. O que não me impedia de dizer de várias cidades no exterior que conhecia, como o maior dos elogios: "morava aqui fácil!", mesmo sabendo que não tinha como rolar.

Aí muito tempo se passou e muitas coisas aconteceram e, bem, nos próximos anos irei morar fora do Brasil. Sim, os sonhos se realizam (e ainda estou chocada com esse fato. Sempre fui da turma dos céticos).

Mês passado estive em Barcelona de férias. Pela primeira vez tive a sensação que, puxa, realmente tenho chance de viver aqui. O coração acelerou, a pressão caiu (um pouquinho). Me senti feliz e animada e aterrorizada com a perspectiva.

Não sei como vai ser. A irmã mais nova, que já morou na Alemanha e agora está na Espanha, avisou que continuarei a mesma pessoa, só que em um cenário diferente. Ou seja, morar no exterior não significa que minha vida se tornará magicamente perfeita e que eu jamais terei de novo dúvidas e angústias e um vazio no peito.

A diferença é que poderei encher esse vazio com chocolate suíço, né.

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Não estou fazendo charme sobre meu futuro, não: não contei para onde vou porque não tenho ideia. Trabalho no Itamaraty e posso ser enviada (com a minha aquiescência, e só a partir do ano que vem) para qualquer lugar onde o Brasil tenha uma embaixada ou consulado. Existe um mecanismo de remoção, com datas, prazos e vagas disponíveis, com resultados basicamente imponderáveis, então estou tentando não me apegar a nenhum destino determinado.

Vai ser bom, tenho certeza.