domingo, 31 de março de 2019

Minimalismo e mudança e Marie Kondo

Às vezes ter pouca coisa tem seus inconvenientes: um amigo me deu uma tulipa de madeira e eu não tinha um mísero vaso para colocar (aí improvisei com uma garrafa de vidro e deu tudo certo, não temam). Mas, em outros momentos, o minimalismo brilha. Um desses momentos é uma mudança.

Está tudo encaminhado, mas 100% de certeza de que vamos sair do país, só no fim de abril. Mas somos ágeis (ou ansiosos) e já estamos nos organizando.

Está tranquilo: para começar, não temos carro para vender. Então, não temos de correr atrás de comprador, negociar, transferir documento. Para continuar, temos poucos móveis, e a maioria deles vai ser deixada para trás (o plano é alugar um apartamento mobiliado no destino). Para completar, como quase todos eles são de segunda mão, não vamos nos afligir se não conseguirmos vender tudo. O que não rolar a gente doa, e ainda faz uma boa ação.

Entendo perfeitamente quem faz questão de levar todo o conteúdo da casa quando muda de endereço, e ainda mais de país. Psicologicamente, é reconfortante estar rodeado de objetos familiares. Um desraizamento, por mais desejado que seja, é uma fonte de stress. No meu caso, estou confiando que algumas coisinhas estratégicas (e o mais importante, o maridinho) sejam suficientes.

Como ainda vou morar em muitos lugares diferentes, pode ser que uma hora eu mude de ideia. Por enquanto, estou querendo é muita praticidade e pouco trabalho mesmo.

* * *

E o que mais uma mudança é? Uma oportunidade! De dar uma boa avaliada em tudo que se possui e despachar o que não está sendo mais usado ou apreciado. No meu caso, isso se reflete principalmente no armário. Mesmo evitando comprar, ganho roupinhas da família e de vez adquiro alguma coisa em viagens. Aí já viu.

Por coincidência, uma amiga perguntou se alguém tinha o livro da Marie Kondo (A mágica da arrumação, lembram?) para emprestar e eu estou aproveitando para reler. Eu implico um pouco com o estilo dela de escrever, apesar de saber que é um manual de instruções e não uma obra de literatura, mas gosto das das ideias.

Fiquei inspirada e arrumei minha gaveta de blusas de frio. De fato, é muito melhor colocar as roupas dobradinhas de pé, como ela orienta, em vez de em pilhas, porque dá pra ver tudo que está guardado - e cabe mais também! (Sei que ela manda tirar todas as roupas das gavetas e fazer uma triagem geral, mas eu sou rebelde.)

Agora é partir para as próximas gavetas.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Movimento e falta de

Completamos 6 semanas de academia. Digo "completamos" porque sem a luxuosa companhia do Leo eu já teria escapado há muito tempo. A gente vai direitinho, de segunda a sábado, e só deixei de ir duas vezes - uma vez por causa do dentista, outra vez eu quis tirar uma sonequinha mesmo.

Alguns estudos dizem que ter um companheiro de exercícios ajuda muito as pessoas a persistirem. Outros mostram que, se uma pessoa que você gosta está segurando sua mão, levar um choque dói muito menos do que se você estivesse sozinho. E essa tem sido minha prática. Tem dias que eu não quero ir pra academia, tem dias que o Leo não quer ir para a academia, mas como esses dias não coincidem, um incentiva o outro e nós vamos. E lá a gente sofre, sua, faz força, se esforça, se esfalfa, mas trocamos sorrisos quando passamos um pelo outro e, pronto, é o suficiente para nos sentirmos melhor.

E falando em se sentir melhor: detesto admitir, mas tenho tido bons resultados com a musculação. Depois de um mês, eu já estava me sentindo mais forte, mais flexível, mais coordenada e mais contente. Tenho a impressão que minha memória de curto prazo, que sempre foi muito boa mas andou dando sinais de cansaço nos últimos tempos, melhorou. Talvez até menos sono eu esteja sentido.

Para completar, estou lendo as memórias "The world I fell out of (O mundo do qual eu caí)", da Melanie Reid, jornalista inglesa que, aos cinquenta e dois anos, sofre um acidente a cavalo e fica paraplégica. Não preciso dizer quão devastador é um evento desses. Ela usa a leveza possível para contar como reconstruiu, na medida de suas possibilidades, a vida, sem deixar de ser sincera sobre a realidade da situação.

Obviamente o livro tem me deixado muito alerta sobre a pequena maravilha diária de ter um corpo saudável e obediente.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Antes tarde do que nunca, ou avaliação física depois de um mês de academia

Eu não quis fazer avaliação física na hora de entrar na academia, e claro que não foi uma boa ideia. Pedi para a instrutora fazer uma ficha para eu ganhar massa muscular (porque o último médico a que fui me fez um longo discurso sobre a perda dos músculos com a idade), e o resultado é que eu fiquei com muita fome, comi a valer e ganhei um quilo em um mês.

Desconfiei que esse quilo não era de massa magra e fui fazer a avaliação, né.

A notícia boa é que eu pareço ter no máximo 25% de gordura no meu corpinho. A notícia ruim é eu tenho de fato 29% de gordura no meu corpinho.

A notícia boa é que fiz 25 flexões em um minuto (apoiada nos joelhos, tá) e isso é um resultado excelente (e que atribuo a todos os exercícios que fiz para meus bracinhos esse último mês). A notícia ruim é que eu fiz 12 abdominais em um minuto e isso é um resultado regular ("regular" quer dizer ruim na vida real).

A notícia ruim é que acharam que eu tenho um ombro mais alto que o outro. A notícia boa é que já fui ao ortopedista por causa disso, da última vez em que fiz uma avaliação física, e não tenho nenhum problema de coluna.

A notícia ruim é que não preciso de uma ficha de exercícios para ganhar massa muscular (que é a minha atual), mas de uma ficha de exercícios para perder gordura. O avaliador físico disse que, se eu adquirir músculo sem me livrar da massa gorda, eles vão ficar escondidos e eu vou ganhar medidas em vez de perder. A notícia boa é que, para alcançar minha primeira meta, que é 26% de gordura corporal, preciso perder só dois quilos.

A notícia ruim é que 70% da perda de peso vem da alimentação.

E é isso. Não tem nada de bom para contrabalançar esse fato.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Minimalismo, um balanço

Sou minimalista desde 2011. No início, eu não tinha ambições à uma conversão permanente: resolvi adotar esse estilo de vida porque era o mais prático no momento, tanto para juntar dinheiro quanto para sair viajando. Quando voltei ao Brasil, achei uma boa continuar, não só porque eu tinha me adaptado muito bem a ele, mas também porque seria útil para refazer o patrimônio. E porque meu objetivo final era eventualmente morar de novo fora do país, então quanto menos objetos para me desfazer antes da mudança, melhor.

Papo vai, papo vem, são oito anos de minimalismo. Convenhamos que é uma quantidade de tempo respeitável. O que não quer dizer que eu esteja pronta a me comprometer para o resto da vida, porque a gente nunca sabe o que pode acontecer. Mas, por enquanto, continua funcionando bem. Com ele, eu e o marido conseguimos trabalhar menos e ter mais tempo para o que gostamos de fazer. Nos preocupamos menos em guardar e cuidar de bens. E também não ficamos competindo com os outros (tipo "Quem tem o carro mais legal?" A gente nem tem carro).

Ser minimalista me trouxe muitas coisas boas: mais oportunidades, mais criatividade, mais coragem, mais dinheiro guardado. Mas, para ser sincera, também incentivou umas características não tão bonitas: egoísmo, pão-durismo. Faço as coisas do meu jeito, sem me importar com as outras pessoas. Às vezes, economizar é mais importante do que sair com os amigos. A ideia de parar de dar presentes físicos para a família, substituindo por experiências (um jantar, um passeio) se perdeu no meio do caminho; agora ninguém ganha nada (só as crianças).

Ou seja, nem tudo é perfeito-lindo-maravilhoso. Mas que o saldo é muito positivo, isso é.

terça-feira, 5 de março de 2019

Staycation

Não somos fãs do carnaval, mas gostamos do feriado. Só que este ano teve tanta coisa acontecendo que meio que nos esquecemos dele.

Quando lembramos, em cima da hora, estava fazendo um calor terrível em Brasília. Aí tivemos a ideia de ficar pela cidade, mas mudar de ambiente: passarmos um dia em um hotel com piscina e ar-condicionado.

Não foi difícil encontrar um hotelzinho bacana a preço razoável. Quando fizemos a reserva, queríamos fugir do calor, só que acabou chovendo no feriado e as temperaturas caíram bastante. Mas uma das piscinas do hotel era aquecida, então deu tudo certo. Também aproveitamos a sauna e (pasmem!) a academia (que tinha ar-condicionado, uma glória). Para completar, transformamos o café-da-manhã em brunch, já que em plena terça-feira de carnaval estava tudo fechado por aqui, e voltamos para casa alimentados, exercitados e felizes.

E foi bom que ainda testamos um apart-hotel de Brasília. Provavelmente passaremos uns dias em algum deles depois de entregar o apartamento. Para uma noite só, foi ótimo, mas para muito tempo achei enganação a denominação "apart". De apartamento não tinha nada: a diferença para um quarto clássico de hotel era a presença de uma pia de cozinha, uma geladeira e um microondas, o que é um bônus interessante, mas não o suficiente para uma pessoa ou um casal morarem por meses. O que também não é nossa intenção, então tudo bem.

domingo, 3 de março de 2019

Diarinho

Apesar de toda a ingratidão do post passado, as coisas estão andando muito bem por aqui. Reduzi o expediente; estou indo à academia todo dia (menos domingo, porque não abre) e sofrendo bem pouco com isso; fui à dentista e à olftamologista e está tudo bem (exceto o fato de que tenho miopia, astigmatismo e vista cansada, só que em doses mínimas, então vou ignorar olimpicamente a prescrição de óculos que a médica me passou). Para completar, abriu o mecanismo de remoção do primeiro semestre, e acho que tenho boas chances de conseguir uma vaga interessante.

(Uia, talvez o blog seja meu caderninho da gratidão e eu não tinha percebido.)

Ando bem agitada, e isso é legal, embora às vezes destruidor (deixei as capas - azuis - dos travesseiros no alvejante para peças coloridas durante a noite toda, e em vez de limpíssimas elas ficaram manchadas). Arrumei a gaveta do banheiro. Reorganizei os livros de papel de casa (são do concurso para diplomacia: peguei emprestado do marido de uma prima, nunca li, devolvi. Depois peguei emprestado de novo e também não li, mas no momento eles estão servido para levantar o notebook ao nível dos meus olhos, já que voltei a usar o computador de pé). 

Acho que 2019 vai ser um ano cheio de emoções. Já temos as novidades de trabalhar 6 horas e de voltar à academia, depois de muitos anos jurando que não punha mais os pés lá. E ainda estamos no carnaval!

sábado, 2 de março de 2019

Emburradíssima

Sabe o caderninho da gratidão? Durou três dias, se tanto. A verdade é que eu acho essas coisas bem piegas e sentimentais, e eu sou basicamente uma pessoa sarcástica e impaciente. E ingrata, obviamente.

Li com toda boa-vontade os livros de psicologia positiva e felicidade baseada na ciência. Quer saber? Alguns aspectos fazem sentido, outros não. Uma questão complicada é a insistência de que a felicidade é principalmente interior, e o que o ser humano pode escolher ser feliz. E as injustiças e desigualdades? Vamos ignorá-las e ir ali meditar?

Outra grande discussão é se alcançar felicidade é mesmo a finalidade última da vida humana. Não há objetivos mais importantes? E se eu quero sofrer aqui no cantinho, pode?

No momento, minha gratidão vai para o fato de que posso arrancar à vontade páginas do caderninho que minha irmã mais nova me deu e ele não se desmancha. Vou transformá-lo no caderninho do "deixa eu viver minha vida".