segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Ter ou não ter (carro)?

Eu costumo dizer que meu minimalismo é bem instrumental - vendemos tudo porque queríamos sair viajando, oras. Mas a simplicidade faz a gente ver as coisas de um jeito meio diferente e refletir sobre as decisões que a gente toma.

Na prática, isso significa que percebemos que várias das nossas escolhas "sobravam": a gente tinha mais carro, mais casa e mais coisas do que precisava - e usava (porque às vezes você não precisa precisa, mas usa e gosta, então está valendo).

Quando falo que nossas escolhas "sobravam", não estou usando como base de comparação o mínimo necessário, não (passei por essa fase, mas saí dela, rs). A minha base é uma vida legal, confortável e significativa, que faça sentido para nós, nossas personalidades e preferências.

A mudança - Assim, voltamos de viagem decididos a morar em um apartamento menor e a dirigir um carro mais econômico. E não é por falta de grana, não - embora, se fosse, não seria vergonha nenhuma. Ao contrário, seria inteligência (primeira regra da educação financeira: viva abaixo de seus meios). É porque de fato constatamos que é mais barato e mais fácil adquirir e manter uma casa e um carro mais simples.

Parênteses: sim, sabemos que é um privilégio poder optar por menos. Muita gente não pode se dar a esse luxo. E sim, morar longe da família facilita esse tipo de escolha - não tem a comparação diária com o carro do ano da prima fulana e o espertofone novo do tio sicrano. Fecha parênteses.

O fato de que vamos para Brasília ajuda, é claro: é possível morar razoavelmente perto do trabalho e a cidade é totalmente plana, então um motor 1.0 dá conta. Aí, de novo, não estou falando do mínimo necessário: quero um apartamento pequeno, mas com banheiro e cozinha reformados, porque as monstruosidades dos anos 60 ninguém merece; e o carro vai ter ar-condicionado, porque em Brasília faz um calor de lascar.

O carro - Conversamos com gente que entende de carro. Escutamos: "carro barato e econômico? HB20, não tem erro!". Explicamos que não achávamos que 40 mil era barato. No fim das contas, as opiniões convergiram no Palio 1.0, usado - porque preço de carro cai assim que ele sai da concessionária.

E aí toca a procurar carro (nem preciso dizer que é difícil achar o que queremos comprar pelo preço que estamos dispostos a pagar). E a botar na ponta do lápis os custos com IPVA, DPVAT, seguro e gasolina. E a lembrar da chatice das manutenções, das trocas de pneus, dos problemas mecânicos que às vezes aparecem...

A alternativa - Então a gente pensa na outra possibilidade: que tal não ter carro? Não temos filhos, nem dificuldades de locomoção. Como ainda vamos nos instalar na cidade onde vamos trabalhar, podemos nos organizar, isto é, tentar morar perto do emprego, perto do comércio, perto do transporte público.

Também estamos dispostos a não ficar pão-durando na hora de pegar táxi, seja para ir a um lugar mais distante, seja porque está chovendo. Este site calcula quanto custa manter um carro. Segundo ele, se comprássemos um Paliozinho usado por 20 mil, gastaríamos, hoje, 8 mil reais por ano com a teteia. Conforme nossos controles financeiros, antes de viajarmos, gastávamos quase 6 mil reais por ano. Então daria pra andar bem de táxi, né?

A decisão - Afinal, ter ou não ter (carro)? Não conseguimos nos decidir. Então, o que fazer? Um experimento prático, claro. Nos primeiros tempos em Brasília, vamos ficar a pé (e de ônibus, e de táxi, e de carona). Depois de algumas semanas, teremos dados suficientes para confrontarmos os pós e contras... e bater o martelo.

Será a zebrinha nossa futura melhor amiga?
Foto daqui.

7 comentários:

  1. Vendi meu carro no começo do ano porque detesto dirigir e detesto a manutenção básica do carro. Sem falar que a noite quando saio costumo beber, então deixava o carro em casa pra sair a noite e gastava com táxi, mesmo tendo carro.
    Era meu primeiro carro, veio pra mim velhinho, mas muito bem cuidado, foram 7 mil num palio 1.0 do ano de 98 (eu até brincava que ele podia até votar), gastava pouco gasolina e em dois anos não estragou uma só vez.
    Mas acabei vendendo e não me arrependo. Moro em uma cidade pequena, meia hora de BH, e prefiro caminhar por aqui ou pegar ônibus lendo um livro, ouvindo uma musiquinha do que ficar estressada todo dia atrás de um volante pegando congestionamento e rodando séculos pra achar lugar pra estacionar.
    Aliás, devido as faixas de ônibus daqui, tá mais rápido ir de ônibus que de carro pra alguns lugares...
    O problema mesmo é quando quero sair a noite pra um lugar mais longe e ou não tem táxi (na minha cidade é uma vergonha, quase todos desligam o celular depois da meia-noite, problema que alguém que vive numa capital não tem) ou até tem mas dá dó de gastar uma fortuna com o táxi.

    Desculpa o textão. rs

    Abçs

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  2. Pra mim, é "fácil" não ter carro, pois nem sei dirigir, mas confesso que sinto muita falta, às vezes. Principalmente agora que estou fazendo tratamentos médicos, ter um carro pra levar e buscar faz toda a diferença.
    Na verdade, se o transporte público funcionasse melhor e fosse mais seguro, dava pra precisar muito menos de carro. Mas como sair, por exemplo, pra um show, e voltar de ônibus? (Levando em conta que ainda terá horário. Onde moro, nem tem metrô.)

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  3. Olá Lud tudo bem?

    Tb abri mão de muitas coisas para fazer algumas viagens que sempre quis, porém não consegui abrir mão do carro...


    Beijinhos;
    Débora.
    https://vamosprovar.wordpress.com
    http://derbymotta.blogspot.com.br/

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  4. Anônima de 4 de agosto,
    Aha, bem que me disseram que o Palio não dava aborrecimento! Mais um testemunho, rs.

    Pois é, não dá pra ter dó de gastar em táxi, ou a gente acaba perdendo mobilidade. Pensa que você não está pagando IPVA, seguro, gasolina, manutenção... Sem falar na grana que você apurou vendendo o carro.

    Agora, quando não tem táxi é danado. Será que existe uma associação de taxistas na sua cidade na qual você consegue descobrir o contato daqueles que trabalham à noite?

    Beijos e obrigada por compartilhar sua experiência!

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  5. Anônima de 5 de agosto,
    concordo inteiramente: com transporte público de qualidade, fica muito mais fácil dispensar o carro. E aí eu fico pensando que ele só vai melhorar quando a gente usar e reclamar. É chato e é um processo, mas é o que dá pra fazer, né?

    Não tenho dúvida que carro traz bastante conforto, ainda mais se você tem muitos compromissos em lugares diferentes (quando é o mesmo lugar a gente descobre as maneiras mais rápidas/práticas de ir por conta própria e aí fica mais fácil). Mas vamos tentar e ver o que acontece!

    Beijos e boa sorte nos seus tratamentos!

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  6. Débora,
    falando com toda sinceridade: não sei como vai ser, não. Pode ser que a gente odeie ficar sem carro, que se sinta preso, que o transporte público de Brasília não corresponda às nossas expectativas. Mas também pode ser a gente goste, né? Vamos experimentar e ver o que achamos!

    Beijos

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  7. Lud,
    O que eu acho legal é essa perspectiva de ver o que acontece. Vivi 15 anos sem sentir falta de um carro. A vida mudou, o emprego mudou, ficou muito estressante não ter carro. Mas antes, foi exatamente o contrário. Não dirigir, não me preocupar com a manutenção, nem sequer com gasolina, tudo isso representava não ter cansaço desnecessário.
    Enfim, isso tudo pra dizer, que curto demais essa postura de vocês de "ver qual é". Acho que ensina muito sobre como nada é definitivo. Desapegar também serve pra decisões e isso é tão minimalista!
    Abraço!

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