segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A pergunta de um milhão de reais

Um colega de trabalho do Leo perguntou para os outros o que eles fariam se ganhassem um milhão de reais. A resposta quase unânime foi: "Um milhão? É muito pouco! Não dá para fazer nada! É só comprar um apartamento maior e um carro bom que o dinheiro acaba!". 

Na vez do Leo, ele respondeu: "não tenho vontade de comprar apartamento nem carro. Com um milhão, o que eu faria é não aparecer mais aqui no trabalho."

Parece uma boa parte das pessoas acha que um prêmio ou uma herança inesperada vão trazer felicidade se forem usadas para adquirir mais bens. "Mudar de vida" é morar em um lugar mais chique e dirigir um veículo mais caro. Na prática, a rotina da pessoa não muda. Depois que as exclamações de admiração dos amigos e da família terminarem, restará pagar um IPVA e um IPTU mais pesados.

Segundo um amigo nosso economista, esse um milhão bem investido proporcionaria um retorno real (isto é, descontada a inflação) de 0,5%. Ou seja, 5 mil reais livrinhos todo mês para serem usados como a pessoa quiser.  Ou acumulados para um projeto mais ambicioso.

Acho que, mais que comprar bens, investir em experiências, em saúde, em educação e em relacionamentos é que proporcionaria a verdadeira mudança de vida. Eu e o Leo sugeriríamos um sabático (que, aliás, custou muito menos que um milhão). Há quem queira abrir um negócio próprio. Há quem prefira parar de trabalhar para se dedicar a atividades não lucrativas. Moral da história: consumir não é a única resposta.

PS: estamos falando de gente de classe média pra cima. Quem passa dificuldade para pagar o aluguel provavelmente vai ficar muito feliz adquirindo a casa própria. Mas essa pessoa não entra na nossa amostragem: ela jamais diria que um milhão "é muito pouco".

9 comentários:

  1. Oi Lud, concordo com você! Provavelmente eu iria querer investir em algum curso, em saúde, de repente uma viagem, fazer algum benefício para alguém.... e também investir e guardar para o futuro pois não sei o que poderá acontecer daqui para lá.
    No meu caso, não tenho nenhum desejo de me mudar para um lugar maior ou melhor, nem comprar um carro mais poderoso.
    Com certeza, como você falou, para quem mora de aluguel e paga com dificuldade e deseja comprar uma casa própria ou não tem carro a visão é outra.

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  2. Fê, bem lembrado: investir e guardar para o futuro é muito importante. Sou funcionária pública, mas acho que, quando me aposentar (daqui a uns 30 anos, rs), vamos todos estar recebendo, no máximo, o teto do INSS. Então faço economias para essa parte da vida por conta própria mesmo (fugindo como o diabo da cruz dos planos de aposentadoria privada, que cobram altas taxas e fazem promessas que não podem cumprir - mas que são uma alternativa para quem tem dificuldade em economizar, até por demandas da família e etc).

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    1. Por falar nisso, já que você falou sobre previdência privada, eu nunca fiz um plano desse. Quando comecei a pensar em fazer e fui ao banco ver as alternativas, mas já era tarde para mim (por causa da idade) e achei que não iria compensar. Se eu contribuísse com pouco, no final iria receber um valor irrisório. Para valer a pena teria que disponibilizar um valor alto mensalmente para poder receber um bom valor de aposentadoria. Enfim, continuei e continuo a investir na poupança, como sempre fiz.Já ouvi várias pessoas falando que a previdência privada é melhor do que a poupança mas tenho medo. Gosto de investir o que dá para investir no mês. Se sobrar muito no final do mês, coloco muito, se sobrar pouco coloco pouco. Mas até hoje fico em dúvida se este é realmente o melhor investimento.

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    2. Fernanda, previdência privada é furada porque as taxas de carregamento e de administração são altas. Mas, ultimamente, poupança também não está bacana - pelo jeito está dando menos do que a inflação. Que tal conversar com seu gerente a respeito de renda fixa e tesouro direto? Mas nunca acredite em tudo que ele disser, rs. Lembre-se que ele defende primeiro os interesses do banco, depois os deles e só depois os seus. Faça muitas perguntas, insista em saber todas as taxas envolvidas, lembre-se que ganhos passados não são garantia de ganhos futuros e nunca decida em que investir sob pressão (sim, gerentes pressionam mesmo).
      Beijos e boa sorte!

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  3. Certamente eu não iria querer comprar casa, carro ou qualquer outro bem, mas dentro da minha realidade de classe média e sendo única fonte de renda, não ousaria parar de trabalhar pois penso na possibilidade de um acidente ou doença no meio do caminho, coisas que sempre demandam muitos recursos e limitam. Mas daria para um belo sabático, ah, se daria.

    E tem a aposentadoria, claro. Também penso como você e guardo dinheiro para esse momento porque acredito que as regras vão mudar para muito pior, muitos colegas dizem que sou louca mas aposto que nosso poder de compra vai cair assustadoramente nos próximos anos 10 anos, embora eu ainda tenha dúvidas se vou me aposentar no serviço público.

    Beijo!

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    1. Ilka,
      tenho certeza que você não chegou a essa conclusão sem refletir muito a respeito. Tem alguma ideia do que podemos fazer a respeito, além de viver abaixo de nossos meios - que já é o que todo mundo devia estar fazendo mesmo?
      Beijos!

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  4. Que mundo bizarro esse em que um milhão é pouco, né?

    Eu tiraria um sabático, sem dúvida. Ou vários. É, provavelmente vários. Acho que não conseguiria ficar 3 anos viajando, sei lá... mas faria uns sabáticos de 6 meses ao longo da vida. :)

    Sobre previdência privada: o PGBL tem a vantagem de diferir o pagamento do imposto de renda. Você pode aplicar até 12% do rendimento tributável anual e abater na declaração de imposto de renda completa. Aí, em vez de pagar 27,5% sobre esse valor, você não paga nada agora e, quando sacar, paga apenas 15%.

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    1. Vários sabáticos é uma ideia ótima. Difícil é conseguir várias folgas longas do trabalho, rs.

      Sobre previdência privada, você tem razão a respeito do IR. Mas eu prefiro administrar eu mesma meu dinheiro...

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  5. Lud fiquei pensando nessa parada de 1 milhão. Carro, eu tenho um utilitário com 10 anos de uso q ando pensado em trocar por um mais simples por questões de IPTU e gasolina cara. O apartamento eu tb já tenho, é antigo, tamanho bom, num bairro de classe média, perto de tudo o q eu preciso, e o mais importante: QUITADO.. E cara... p mim essa foi a grande conquista da minha vida. Na verdade, comecei a trabalhar p poder comprar minha casa própria, fiz de tudo e aos 25 anos dei entrada, me rachei de trabalhar em horas e projetos extras, pegando frelas q nem louca, fiz uns bons negócios p pagar, parei de gastar em quase tudo e consegui quitar aos 32 =)
    Acho q é pq meus pais passaram por muito perrengue na vida e fiquei com pavor de envelhecer empobrecida saca... meu pai quebrou quando eu tinha 15 anos e ainda hj não retomou seu padrão de classe média de antes e hoje as filhas dão uma ajuda extra. Acho q por isso essa parada de casa própria sempre foi tão importante p mim. Tinha muito medo de chegar aos 40 sem nenhum tipo de estabilidade e tendo q pagar o aluguel com dificuldade.

    Então se eu ganhasse uma grana dessa eu viajaria muito, faria um sabático de 6 meses e investiria p só trabalhar em coisas q me dessem prazer e motivação. Pq o básico eu já tenho. E quanto a 1 milhão ser pouco, apenas acho q essas pessoas estão loucas...hahaha

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