domingo, 13 de maio de 2018

O desejo de não-maternidade e o dia das mães

A amiga de uma amiga está escrevendo uma tese sobre o desejo de não-maternidade. Corri para me escrever para ser entrevistada. Curiosíssima sobre o que ela vai perguntar.

* * *

Nunca ninguém me chamou na lata de egoísta por não querer filhos, mas sei que é uma acusação frequente. Se algum dia isso acontecer, pretendo responder: sim, sou egoísta. Egoísta E preguiçosa.

* * *

Quando era adolescente, tive meus conflitos com minha mãe. Poucos, mas tive. Hoje nem lembro mais a respeito do que foram.

* * *

Hoje acho minha mãe um exemplo. Ela dava conta de tudo: trabalhava fora, cuidava da casa, cuidava da gente. Dominava todas as prendas domésticas, inclusive costurar, e era professora universitária. Herdei dela a responsabilidade no trabalho e nos estudos, o controle financeiro, a exigência estética. Já os cuidados com o lar evitei aprender, confesso. Mas hoje, quando tenho que fazer alguma coisa em casa, me lembro da maneira como ela fazia, e isso ajuda muito.

* * *

Minha mãe se aposentou há várias anos, mas continua muito ativa. Admiro. Quando me aposentar, pretendo ficar ainda mais preguiçosa.

7 comentários:

  1. Quando me chamam de egoísta, eu penso: tão egoísta quanto é quem tem filho para satisfazer uma vontade própria, não? Você não está satisfazendo a SUA vontade? E isso não é egoísmo??

    Ah, vai, não me encham - você pode não ter ouvido diretamente, mas eu ouvi muito (uma vez só, corto logo o papo, rsrs)

    Em tempo: Quando alguém diz "mas você vai mudar de ideia, é nova", eu respondo "Você gosta de comer cocô? não? mas vc é novo, vc vai ver!" (desculpe a pequena baixaria no seu blog tão lindo)

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    1. Haha, é uma boa resposta.

      Tem muitos tipos de egoísmo no mundo, inclusive o de ter filhos "para não envelhecer sozinha", "para deixar algo para trás quando eu morrer" e "para dar a eles tudo que eu não tive" (e cobrar deles tudo que você não foi, imagino). Mas, em caso de ataque, acho que concordar com a pessoa a deixa totalmente desarmada.

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  2. Lud, você me deu uma ótima ideia de resposta. Acho que, nesse caso, concordar com a pessoa gera um silêncio constrangedor com grilos cantando no fundo, o que é ótimo. Também ainda não sou mãe, tenho 35, e nem sei se um dia vou querer ser. Acho que esse é um assunto tão pessoal que o povo deveria parar de meter o bedelho e deixar as mulheres em paz para decidir sobre sua maternidade. Adoro seu blog. bjs

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    1. Sim, é muito pessoal! E ter filho nem resolve, né? Se você vira mãe começam os palpites infinitos sobre a educação dos pimpolhos.

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  3. A parte que mais gostei foi "quando me aposentar, pretendo ficar ainda mais preguiçosa"... Hahahahaha
    Eu também tenho esse mesmo plano.

    Sobre maternidade, to grávida quase parindo. Foi uma decisão bem pesada e pensada. Sei que em alguns momentos vai ser difícil, não espero um mar de rosas, mas foi uma decisão racional.
    Assim como a sua de não ter filhos.
    Acho que o importante é isso: Que a escolha de ter ou não ter filhos seja lúcida e consciente. Ambas são opções válidas e não existe "certo e errado". Errado mesmo é quem fica querendo se meter na vida alheia.

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    1. Sim! O importante é ter consciência, não "ter por ter" ou "porque todo mundo tem".

      Muitas felicidades nessa nova etapa da sua vida!

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  4. Que tema interessante para uma tese! Avisa e divulga aqui quando estiver pronta! Também não penso em ser mãe e é bem chato lidar com a cobrança o tempo todo, faço 30 esse ano e sou casada a quase 9 anos e os amigos e conhecido continuam insistindo! Geralmente desconverso, mas quando to inspirada dou umas repostas atravessadas...kkkk!

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