Nos filmes, a pessoa entra em um banco suíço com uma mala de dinheiro, vai com o gerente para a sala dos cofres, recebe um número de conta e uma chave e adeus. Para tirar a grana, basta saber o número do cofre e ter a chave.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
Suicismos bancários
domingo, 7 de dezembro de 2025
Suicismos
Curiosos hábitos das terras helvéticas:
- cada saco de lixo doméstico de 35 l custa 2,20 francos suíços (13,30 reais). Tem pouquíssimas lixeiras públicas. Então...
- ...todos os objetos que são vagamente reutilizáveis são colocados em murinhos na rua para quem quiser levar. Já catei muita coisa interessante: uma luminária, duas garrafas de vinho (uma maravilhosa, a outro em estado vinagre), uma oncinha de madeira. A última foi uma latinha em formato de árvore de Natal.
- no transporte público, não há roletas ou máquinas para validar o bilhete. De vez em quando pintam fiscais. Nunca vi ninguém ser pego sem passagem, exceto um jovem - suíço - em um ônibus (o fiscal pediu uma identidade dele para emitir a multa de 100 francos e ele sacou o passaporte vermelho).
- falando em passaporte: a Suíça emite passaportes para bebês com validade de 5 anos. A criança está quase entrando na faculdade e circula por aí com um documento com foto de recém-nascido.
- até bem pouco tempo, a mulher que se casava na Suíça obrigatoriamente perdia seu(s) sobrenome(s) e tinha que adotar o sobrenome do marido (eles só usam um). Os filhos recebiam o sobrenome do marido e ponto. Agora ela pode manter o sobrenome dela e o marido pode adotar esse sobrenome também, mas somar os dois não pode.
- as geladeiras e congeladores são minúsculos, porque o suíço gosta de fazer compras com frequência e se alimentar de produtos frescos. Só que...
- ... tudo fecha no fim da tarde. Supermercados fecham no fim-de-semana (exceto na estação de trem e no aeroporto) e nos feriados.
- o suíço ama fazer trilha, subir montanha, andar de bicicleta. Não tem tempo ruim: pode estar chovendo ou nevando, vai ter um suíço correndo ou levando as crianças (com suas pequenas galochas e seus mini-chapéus de chuva) para passear na floresta.
- cães são educados para não incomodarem e não interagirem. Aí de quem quiser passar a mão num doguinho: ele não vai dar bola e o dono vai fazer cara feia. Já gatos costumam ser amigáveis: como podem sair de casa e passear na rua (nunca vi uma janela/varanda com rede e há muitas escadinhas para felinos), não têm medo de humanos e gostam bem de uns carinhos.
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| Levei a onça pro trabalho. |
domingo, 30 de novembro de 2025
O ano acabô, gente
Incrível: segunda-feira já é dezembro. 2025 está no finzinho. Quem fez fez; quem não fez pode correr pra ver se ainda faz, mas por que deixar para amanhã o que você pode deixar pro ano que vem?
A palavra do ano foi "aceitação". Passei a aceitar mais que o mundo é assim, que as pessoas são assim, que muito está fora do meu controle (especialmente no trabalho) e é assim. Que eu sou assim. É um pouco Gabriela? ("Eu nasci assim/eu cresci assim/vou ser sempre assim.") Sim. Buscar, perseguir, ambicionar, correr atrás tem seu valor, mas uma hora dá, não dá? Até porque a vida muda a nossa vida com frequência, sem nem perguntar. Vem embutido no programa. Ainda mais no meu, que escolhi uma carreira...assim.
A frase do ano foi "Bora viajar?". Em janeiro fui para Brescia, na Itália, para fugir do escuro do inverno em Zurique, e para Atenas, encontrar irmã mais velha e família. Em março, à Málaga e a Madri, de onde saía o melhor voo para Belo Horizonte, onde a mesma irmã deu um festão de 50 anos. No fim de abril, Roma (de novo, de onde saía o melhor voo, dessa vez pra Xangai). A Etihad avacalhou as passagens e acabei passando o aniversário em Abu Dhabi em vez de com os amigos, mas foi legal (hotel com prainha e mais um país pra lista) e não atrapalhou em nada as duas semanas no Japão. Em maio, uns diazinhos com irmã mais velha e marido em Avignon, na França. Em julho, meu afilhado de 14 anos veio nos visitar e passou duas semanas aproveitando o verão na Suíça. Em setembro, o destino foi Rimini, na Itália, e em Amsterdã, para ver a Lu, a Lê e a Lari. Em outubro, um fim-de-semana na Eurodisney decorada para Halloween com a Fê, amiga que fez Disney College Program comigo lá em 2002, e uma semana em Londres, Cardiff e Winchester.
A decepção literária do ano foi "Rose Field", do Philip Pullman. Phil é o autor da sensacional trilogia de fantasia "As Fronteiras do Universo" (His Dark Materials): A Bússola Dourada, A Faca Sutil e a Luneta Âmbar. Pois bem, quase 20 anos depois ele decidiu escrever outra trilogia para complementar a primeira, com resultados no mínimo duvidosos. Ele publicou La Belle Sauvage em 2017, The Secret Commonwealth em 2019 e eu fiquei esperando impacientemente até 2025 para que ele lançasse The Rose Field, o último livro da sextologia, cuja função seria reabilitar magicamente os dois anteriores. Infelizmente, isso não aconteceu. The Rose Field é longo, chato, detalhista quando não precisa e, pior de tudo, avacalha os princípios da trilogia original (exatamente como Gladiator 2 fez com o primeiro Gladiador. Só que As Fronteiras do Universo me é muito mais querido que Gladiador, então eu senti muito mais).
Em compensação, este ano fiz duas descobertas literárias: Tana French, que apesar do nome é irlandesa, e escreve policiais psicológicos interessantíssimos; e R. F. Kuang, escritora sino-americana jovem e produtiva (ela não tem nem 30 anos e já publicou seis livros, em diferentes estilos). Fico contentíssima com o fato de que elas ainda têm muitos anos de carreira pela frente. Da TF, sugiro começar com O Bosque da Memória (In the woods); da RFK, meu preferido é Babel - Uma História Arcana.
Para 2025 terminar de verdade ainda temos dezembro pela frente, de fato. Mas vai passar voando: três semaninhas e estaremos quase no Natal. Aí emenda com o Ano-Novo... e já era.
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| Suíça? Que nada. Shiragawa-go, a Suíça... do Japão |
sexta-feira, 28 de novembro de 2025
O saga do vestidinho florido
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| Bolsos! Bolsos! |
sábado, 8 de novembro de 2025
São muitas (r)emoções
Aêêê! Estamos de volta àquele emocionante período que define de que maneira minha vida vai mudar. Porque minha vida muda sempre, a cada punhado de anos (o que eu acho sensacional). O que está em minhas mãos, na medida do possível, é qual será o próximo destino.
O emocionante período é composto por vários etapas: inscrição no mecanismo de remoção, lista de vagas disponíveis, oferta de vagas, seleção de vagas, resultado do mecanismo. Isso dura dois meses. Depois é esperar a autorização para partir, e aí tenho 90 dias para puxar o carro.
Desta vez muitas das datas não estão definidas. Mas uma, muito importante, está: 30 de junho de 2026 é o prazo final de partida. Provavelmente partirei nele, mesmo querendo ir embora antes, porque uma das peculiaridades do cantão de Zurique é que só se pode terminar um contrato de aluguel em três dias do ano: 31 de março, 30 de junho e 30 de setembro. E tem de avisar o locador com três meses de antecedência. Como é impossível que a autorização para partir saia em dezembro, o jeito é ter paciência e se programar para junho mesmo.
Em suma, toda essa conversa para dizer que siiim, estou partindo para um novo e emocionante país, mas só daqui a 8 meses.
Que anticlímax.
domingo, 2 de novembro de 2025
Kaos
O mundo está o caos. Me sinto no último baile da Ilha Fiscal, tomando champã enquanto o Império rui ao meu redor. Imagino museus do futuro, em que arqueólogos discutirão quem ocupou a maior extensão territorial no pré-apocalipse, os romanos ou o MacDonalds. Fui ver a Távola Redonda e descobri que o Henrique VIII (o das 6 esposas) mandou retocar a pintura em 1522 e pintar o rei Arthur... com sua própria cara.
* * *
Jane Austen, uma dos meus escritores favoritos (sim, a concordância é essa), fez 250 anos este ano. O Leo planejou uma belíssima viagem outonal ao Reino Unido, com paradas em Londres, Cardiff (capital de Gales - país 73, ueba) e Chawton, onde Austen viveu de 1809 a 1817, seus anos mais produtivos, quando reescreveu três livros e criou outros três. A casa virou um museuzinho caprichado, e a entrada vale por um ano, o que quer dizer que já estou planejando um retorno.
* * *
Voltei a tomar o remedinho mágico (escitalopram) em julho do ano passado e estou muito bem. Não é que eu não fique brava ou chateada quando as coisas não dão certo, é que consigo colocar os problemas em seu devido lugar (que é "daqui a 50 anos vamos estar todos mortos mesmo. Talvez antes"). Agora é continuar a ser usuária constante desse milagre da farmacologia e torcer para ele não parar de funcionar de repente (acontece).
quarta-feira, 1 de janeiro de 2025
Retrospectiva 2024 em tópicos aleatórios
Melhor gelato: pistache salgado (Atenas)
Pior gelato: bacon defumado (Lyon)
Ponto mais baixo: minha mãe teve um AVC (e ficou um mês no hospital)
Ponto mais alto: minha mãe não teve sequelas do AVC
Idas ao Brasil: 2
Países novos visitados: 6
Datas festivas: minha mãe fez 80 anos (no CTI); o Leo fez 50 (em casa); meu casamento fez 20 (no Chipre)
Idiomas estudados: francês (28 horas de aula); alemão (2 horas de aula, que me fizeram desistir de vez)
Terapia: 14 sessões online
Custo da caixa de escitalopram: 32 francos suíços na Suíça, 16 euros na Itália, 5 euros na França
Melhor Pizza Hut: Luxemburgo (com vinho branco)
Pior Pizza Hut: Baku (com molho barbecue)
Melhor drinque: Alexander (Roma). Achava que nem faziam mais
Melhor jantar: restaurante georgiano em Yerevan (que é a capital da Armênia, então sim, é irônico)
Melhor trilha: Eichhörnliweg (Arosa). Os esquilos pegam nozes na mão da gente!



