Ajudar as pessoas, dar roupas e objetos, doar dinheiro para organizações é muito bom e eu faço, mas não RESOLVE. Aliás, uma das minhas birras com a igreja católica é tal da caridade, porque alivia uma dificuldade de momento mas incentiva o status quo, a situação como está. E a grande problema É a situação como está.
Aí eu me sento na sala do meu apartamento no plano-piloto da capital e, no meu laptop, vejo textos sobre desigualdade social e concordo plenamente, enquanto tomo sorvete de creme com petit gateau de chocolate. Tem alguma coisa errada aí ou só eu que estou achando?
Não tem nada de errado em você comer um petit gateau, Lud! Não exagera! rsrs.. Você também é trabalhadora, também rala e também ganha seu dinheiro... então pode, ao menos, se satisfazer comendo uma sobremesa pra lá de boa! Errado seria se você pegasse um jatinho particular pra comer o dito lá na França! Aí é que eu falaria que você está esbanjando!Ou pelo menos acharia ruim de você não me levar junto! rsrsrs
ResponderExcluirbjo! Chris
Penso muito nisso... e nao consigo achar a resposta. Como tudo nesse mundo, acho que eh la pelo lado do equilibrio. Mas ai me enrolo tambem, equilibrar o que? A qualidade da minha vida vs a qualidade de vida que proporciono a outros? Ou doar todos os meus recursos (financeiro, tempo, energia) e dedicar a vida completamente e exclusivamente a causa (o que nao acho que tenho a capacidade de fazer) para compensar pelas pessoas que fazem zero?
ResponderExcluirAs vezes acho que se todos fizessem uma parte, talvez alguns nao precisassem se dedicar ao extremo. Mas como nem todos fazem, se ninguem se dedicasse ao extremo, a coisa emperrava ainda mais.
Entao, essa eh uma demonstracao clara de como esse tema me faz pensar em circulos. Estou ansiosa para ler os comentarios, quem sabe me desempaco.
Quanto a caridade, seja no universo financeiro ou emocional ou qualquer outro, a vejo como algo capaz de sustentar alguem durante maus tempos, ate que reganhe as forcas para virar o jogo. Como uma doacao de sangue para o fraco ate que ele recupere as forcas para ser autosuficiente. Mas como nada eh preto ou branco, entendo seu ponto e concordo que as vezes a dependencia se instala.
Eu gostei do seu post!
Oi Lud,
ResponderExcluirvenho aqui há um tempo e até já comentei antes..
Hoje, vim para dizer que indiquei teu blog para um selo, passa lá no meu blog para receber.
Sinto isso as vezes, lembro da minha me reclamando quando a gente deixava comida no prato quando tanta gente não tinha comida... E depois que saí do Brasil é que vi como temos regalias em relação a maior para da população, mas na verdade se voce for para para pensar somos privilegiados até mesmo a nível do mundo mesmo!
Lud,
ResponderExcluirSinceramente, não sei dizer se há algo de errado, até porque hoje eu me encontro em situação parecida. Mas isso me lembrou a revolta que eu sentia no colégio em relação a um grupo de alunos classe média, filhos de professores universitários na sua maioria, que eram de "esquerda" e se achavam os verdadeiros porta-vozes dos fracos e oprimidos. Eu só estudava lá (era uma escola vinculada a uma universidade pública) pois havia entrado por meio de sorteio, o que ocorria para algumas poucas vagas, mas venho de família (bem) pobre. E, apesar de ter preocupações sociais, até porque isso me afetava diretamente, nunca me identifiquei muito com o que é tido como "esquerda' por não concordar com sua visão de Estado, que, na minha opinião, acaba favorecendo uma elite burocrática que PENSA que sempre sabe o que é melhor para o "povo", do alto de suas vidas confortáveis, exatamente como o tal grupinho achava que sabia. Primeiro, ficava inconformada com a agressividade da turma em relação às pessoas com posição diferente, logo tachadas de reacionárias (eu, com idéias anarquistas na época, achava quase piada ser vista como reacionária!). Eu, que era parte totalmente interessada, simplesmente não tinha a menor vontade de discutir com eles, por causa da postura agressiva e de ridicularização de quem não tinha a mesma opinião, coisa que, ainda hoje, associo mais aos esquerdistas. Em segundo, minha indignação vinha do fato de que, na minha visão, eram eles os burgueses!!!! Para mim, qualquer um que tivesse telefone, carro e casa própria era rico! Enfim, não via nenhuma legitimidade para esse grupo defender, por exemplo, certos regimes totalitários em nome de uma suposta preocupação social, dado que eles estavam muito longe de saber o que é realmente a vida de pessoas pobres.
Hoje acho que a minha percepção era quase inocente, mas a lição que ficou disso tudo é que, por mais que haja boa intenção (e eu sei que eles tinham), enquanto estivermos falando de uma posição socialmente confortável (e agora eu também me incluo), cabe muita humildade nas nossas opiniões a respeito do que é melhor para os outros. Acho que vale sempre a postura de admitir os erros e as falhas dos partidos que apoiamos, por exemplo, coisa que eu tenho visto muito pouco, tanto de parte da "direita" quanto da "esquerda". Talvez, ainda hoje, eu tenha dificuldades em me alinhar com a esquerda porque, na MAIORIA das vezes, é nela que eu vejo as posições mais inflexíveis e a relutância em admitir falhas e erros. Parece gente apaixonada, que não consegue ver os defeitos da pessoa, e acredito mesmo que muitos sustentam o discurso muito mais com base na paixão do que na reflexão.
Lud,
ResponderExcluirNão sei o que ocorreu, mas o comentário saiu repetido várias vezes! Peço desculpas e peço para descartar, por favor!
já deixei de me martirizar pelo que tenho.
ResponderExcluirclaro que ajudar os outros é importante, mas acredito que fazer bom uso daquilo que tenho tbm é importante.
Achei que poderia se interessante divulgar uma pesquisa do senado sobre o aborto de fetos anencéfalos. http://www.senado.gov.br/noticias/OpiniaoPublica/votar_enquete.asp
ResponderExcluir[]'s
Lud,
ResponderExcluirEu te entendo muito. Acho que a pergunta passa por saber se o nosso modelo de vida é sustentável. Não só do ponto de vista ecológico, mais social mesmo. E pensar em o que, no meu dia a dia, contribui (ou atrapalha) pra que haja espaço para todos.
Eu tive uma crise muito pesada alguns anos atrás qdo vivia na França. Pesada mesmo. Achava q não haveria a menor possibilidade de ser feliz num mundo tão perverso sem ser cínica e/ou mal caráter (é, foi pesado assim). Até entender que o mundo não será um lugar melhor se a gente não comer petit-gateau. Mas gente infeliz não fará o mundo mais feliz. O que a gente te que fazer é um trabalho de formiga de questionar estes modelos excludentes. E isso, você tem feito por aqui.
No mais,você e seu marido são funcionários públicos, né? Então, o outro caminho é fazer o seu trabalho com empenho, dedicação e seriedade (e acredito q vcs já façam). O "coletivo" agradece.
Lud, eu enfrento esse mesmo dilema muitas e muitas vezes e simplesmente não consigo encontrar uma resposta. Acho que essas ações de "caridade" são muito mais para aliviar a consciência de quem doa do que para realmente ajudar a outra parte. Mas, por outro lado, não sei exatamente o que posso fazer. Como estudante de direito em uma universidade pública, eu me sinto até mais responsável que a maioria das pessoas. Talvez um caminho seja, seguindo a carreira de juíza, conceder sentenças progressistas e voltadas para a justiça social. Mas, analisando ainda mais, não vejo isso como suficiente, porque é o sistema todo que está errado. Enfim, se algum iluminad@ tiver uma ideia mais consistente, por favor manifeste-se!
ResponderExcluirPor esses dias eu me peguei pensando isso também, mas o mais frustrante nessa história é que eu queria poder ajudar alguem por inteiro.
ResponderExcluirAcho que as pessoas precisam de muito mais do que alguns centavos, ou uma doação uma vez por ano.
Pra mim essa questão vai muito mais além do 'ter'.
(Sei que esse post já é antigo, mas gostei do seu blog e principalmente do jeito como você escreve e li vários posts até que cheguei nesse e me identifiquei rs)