terça-feira, 1 de março de 2016

Filosofia de ponto de ônibus

O ponto de ônibus é pertinho da minha casa e eu sei os horários em que os meus passam. No entanto, às vezes o ônibus que devia chegar naquela hora é engolido por um buraco negro e eu fico 10, 15, 20 minutos esperando o próximo.

O que não é problema. Quem tem leitor eletrônico (e sai cedo de casa) não se aperta. Saco o meu e avanço uns capítulos enquanto o “ons" (como nós mineiros dizemos) não chega.

Hoje fiquei pensando em como essa situação e a vida são parecidas. Imagine que os ônibus são oportunidades: pessoas interessantes, vagas de emprego, convites para eventos, concursos públicos. A gente sabe mais ou menos o lugar e a hora em que eles vão aparecer, mas na prática nada é garantido. Às vezes aquela viagem, aquele presente, aquele resultado simplesmente não dão as caras.

Quando eu era mais jovem, ficava muito irritada quando o ônibus demorava a passar. Só faltava sapatear de raiva. Hoje, mais experiente e madura (e com um Kindle debaixo do braço), não me aflijo.

É claro que é mais difícil aplicar essa lição em relação às oportunidades. Afinal, a gente quer muito o estágio, o curso, o aumento. A gente chegou na hora certa. A gente está no lugar certo. Mas as oportunidades, como os ônibus, são caprichosas e volúveis. Às vezes elas vêm quando deviam. Às vezes não. O problema é que, no ponto, esperamos minutos. Na vida, são semanas, meses, anos.

Mas isso não é motivo para desânimo. Tanto o ponto quanto a vida têm uma grande vantagem: se perdermos aquele ônibus, aquela oportunidade, uma hora passa outro. Pode demorar, e pode ser uma linha parecida que leva a gente para perto de onde queríamos chegar, e não exatamente para onde queríamos chegar. Mas que passa, passa.

8 comentários:

  1. Eu só precisava ler isto hoje! Muito obrigada :)Seu texto foi uma bela oportunidade para repensar umas coisas aí.

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  2. Eu precisava ler isto hoje! :)
    Bj,
    Rafaela

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  3. Além de menos poluente, cooperativo e prático, ônibus também é cultura ;)
    Saudade docê!

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  4. Caramba, você conseguiu fazer uma analogia perfeita para minha situação atual. Passei em um concurso estadual no início de 2015, tinha certeza de que até o final do ano seria nomeada e a vida seguiria o seu curso. Como o ônibus que atrasa, as nomeações estancaram e há seis meses não sai uma listinha sequer para um órgão que é conhecido por chamar candidatos às baciadas. Fiquei uns meses chorando, esperneando e fazendo birra a toa, agora parti pra outra. Comecei a estudar para um órgão similar mas da esfera federal. Tô tentando encarar esse gap profissional como uma oportunidade de me preparar melhor para este concurso que é bem mais concorrido. Enfim, uma hora sei que meu ônibus vai passar...

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  5. Iracema, é isso aí: o jeito é tocar a vida. Talvez daqui a algum tempo você fique feliz de não ter entrado naquele primeiro ônibus.
    Beijos e boa sorte. Tamo na luta também!

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