sábado, 12 de dezembro de 2020

A (longa) reta final

Como a quarentena começou em março em Manila, estamos completando 9 meses cheios de restrições. Pelo menos não foi comprovada nenhuma contaminação por Covid por meio de superfícies, o que nos encorajou hoje a almoçar na mesinha de fora de um restaurante bem vazio (sendo que a única mesa próxima permaneceu desocupada). 

Há 9 meses nossa temperatura é tirada toda vez que entramos e saímos do nosso prédio e de qualquer supermercado; há 9 meses usamos máscara toda o tempo que saímos de casa (face shield: 8 meses); há 9 meses só encontramos os amigos em ocasiões ultraplanejadas, no parque, ao ar livre; há 9 meses não cogitamos sair de Manila, quem dirá das Filipinas. 

Todos esses cuidados funcionaram e estão funcionando: não pegamos Covid, nem tivemos suspeita de termos pegado. Para minha grande sorte, estive de férias bem na época em que a esposa de um colega testou positivo. Quando voltei ao trabalho ele já estava quarentenado. Ou seja, até agora escapamos de fazer o teste do cotonete que cutuca o cérebro. 

Enquanto isso, em vários lugares do mundo as pessoas se comportam como se a pandemia já tivesse acabado. Não estou falando de gente que precisa trabalhar para viver, mas a turma dos passeios, barzinhos e aglomerações. Dá vontade de copiar? Dá. Vamos imitar? Não. 

Pensamos a longo prazo. A longo prazo, ainda vamos viver muitos anos. Não vale a pena perder a paciência logo agora, quando as vacinas estão surgindo, correr o risco de nos contaminarmos e sofrermos sequelas imprevisíveis (a esposa do colega se recuperou, mas tudo ela que põe na boca está gosto de metal, inclusive pasta de dente. E isso é o de menos. Imagina ficar com pulmão comprometido? Eu só tenho um).

Mesmo com as vacinas surgindo, há um longo caminho pela frente. Vai demorar para ela ser aplicada maciçamente na população. Ou seja, estamos projetando mais 9 meses de quarentena, e imaginando que a próxima vez que vamos pegar um avião será na remoção para outro posto, no final do ano que vem. 

Estamos felizes com isso? Não. Estamos conformados? Sim.   

Um comentário:

  1. Também estou trabalhando e me sinto mais afiada no protocolo do que muitas pessoas com quem convivo e que em teoria estão em isolamento maior que eu... Não me sinto no direito de continuar saindo, sendo que já vou diariamente ao trabalho. Isso de certa forma me protegeu mais!

    Também não sinto coragem de me colocar em situações de risco, ou pior, de ser vetor ao meu pai ou sogra. Vamos conseguir!

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