Ludmilismos
Minimalismo. Feminismo. Chocolatismo. Umbiguismo.
sábado, 2 de novembro de 2024
O remedinho mágico
terça-feira, 2 de julho de 2024
De repente 48
A última data que teve um peso maior na minha vida foram os 40 anos. É aquela coisa, "Vai fazer 40? Tá na hora de uma crise de meia-idade". Só que alguns dias (onze, para ser exata) depois do meu aniversário saiu o resultado do concurso, e eu passei. Aí esquece crise, esquece tudo, o importante é que eu vou morar fora do Brasil com emprego garantido.
E entre a longa demora para a posse (mais de um ano), os primeiros dois anos do trabalho em Brasília, a primeira remoção (Manila), a pandemia, a segunda remoção (Zurique), o tempo voou. Estou sinceramente surpreendida com os 48. Mas já?
No meu aniversário, em abril. Festival das Tulipas, Morges. |
E mais, daqui a pouco serão 50. Vou começando a pensar em umas palavras de sabedoria para compartilhar quando eu chegar ao meio século.
quarta-feira, 24 de abril de 2024
Falsiane
Estamos em plena primavera, e:
- antes de ontem nevou;
- as temperaturas têm chegado perto de zero.
Quer saber? A primavera é a pior época do ano. Ela PROMETE que o tempo vai melhorar e bota um monte de flores pra fora, mas na hora do vamovê chove e faz frio (até ligaram o aquecimento do prédio de novo). O que não seria tão ruim se não fosse depois de SEIS MESES de frião.
Fica aqui registrado meu protesto.
domingo, 10 de março de 2024
Pra lá de Marrakesh
Passamos a penúltima semana de fevereiro em Madri, com amigos que vieram do Brasil. Eles nos avisaram que iam dar um pulinho no Marrocos (3 dias em Marrakesh) e nós falamos: "Tamo junto!".
Finalmente botei o pé no continente africano. Agora fica faltando só a Antártica (o Ártico é feito só de gelo, sem terra por baixo, então não entra na conta).
Ficamos dentro da medina (a cidade antiga cercada por muralhas), em um riad (casa tradicional com pátio interno). Foi uma experiência intensa. Dentro da medina, as ruas são estreitas, cheias de gente, barulhentas, e volta meia passa uma motinho buzinando, sem qualquer consideração pelos pedestres. Ou pelas bicicletas. Ou pelos jumentinhos.
As fotos do Leo ficaram lindas. Como sempre, fotos não capturam a poluição sonora, o calor e o desconforto. Em suma, foi um lugar ao qual adorei TER IDO, mas que não foi muito fácil enquanto eu estava lá.
No dia anterior à partida, saímos da medina e fomos passear na cidade propriamente dita. Encontramos ruas e calçadas largas, prédios mais modernos, lojas simpáticas e um Carrefour Gourmet de tirar o chapéu.
O resultado é que percebi que estou dando bobeira. É tão fácil voltar aos países europeus que conhecemos e gostamos que acabamos repetindo passeios em vez de expandir nossos horizontes viajísticos. Pois bem, vamos fazer um esforço para desbravar novos destinos.
(Botei Marrocos na lista de futuros postos? Botei Marrocos na lista de futuros postos. Sou facinha.)
Riad Dar El Masa |
Todo um visual mil e uma noites |
Praça Rahba Kedima |
O minarete da mesquista Koutoubia |
O Jardim Secreto, um oásis de tranquilidade no meio da medina |
Os souks (mercados)... |
sábado, 10 de fevereiro de 2024
A aurora de dedos rosados
Em 2022, usamos as férias de fim de ano para ir visitar Noruega e Polônia, para incredulidade dos vizinhos de prédio que, na festinha de confraternização, nos contaram que estavam indo para o Caribe e a América do Sul. Embora a viagem tenha sido ótima (aurora boreal! pilhas de neve!), nos demos conta do erro de cálculo: se for para viajar no inverno, que seja para um lugar mais quente e ensolarado que a Suíça, e não para um onde o frio e o escuro sejam ainda piores. Em Zurique, as baixas temperaturas duram de outubro a março. Tem a sua graça, mas uma hora cansa. Aí você percebe como o clima no Brasil é maravilhoso, como a gente não valoriza etc.
Assim sendo, em 2023 voamos para em Porto em dezembro e, agora, para a Grécia. As temperaturas estavam bem baixas (em Portugal, chegamos a pegar 0º C), mas o céu azul e os dias luminosos compensam tudo.
O céu azul, os dias luminosos e a comida, claro.
Começamos com três noites na ilha de Santorini. Essa é Oia, a cidadezinha mais famosa. |
Depois partimos para a capital. Sim, o Partenon (templo da deusa Atenas, que dá nome à cidade) está em processo de restauração. |
O amanhecer na varanda do hotel em Fira, Santorini |
quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
Morte de um Kindle
Eu sou a alucinada do Kindle de tecla. Desde dezembro de 2011, quando adquiri meu primeiro, depois de uma viagem na qual gastei metade do valor dele comprando livros, é um dos meus bens meus preciosos.
Em 2012 o Leo comprou um para ele também. O que foi ótimo, porque eventualmente a Amazon parou de fabricar o Kindle de tecla e passou a produzir os detestáveis Kindle touch screen. Tenta andar pela rua, pegar tram, subir escada com Kindle touch screen. Você olha pra ele torto e pronto, sai tudo do lugar. Até o livro que você estava lendo vira outro. Ou seja, alguns anos depois dei para o Leo um desses e tomei o de teclas.
Durante os últimos anos, não perdi a chance de aumentar o meu stash. Meu pai me deu o dele depois de confessar que preferia os livros de papel. Outro comprei no Carousell, o Mercado Livre das Filipinas. Um terceiro (um Kindle 2, a segunda versão fabricada) ganhei no Free Your Stuff Zurich, um grupo de Facebook local. E o último, a pérola da minha coleção, é um Kindle DX, lançado em 2009, com uma tela de quase 24 cm de diagonal e caixa de som, perfeito para ler PDF, que achei na Amazon americana e que foi entregue na Suíça pela DLH.
Isso quer dizer que sou a orgulhosa possuidora de seis deles. Ou melhor, cinco, porque aquele que eu tomei do Leo decidiu não ligar nunca mais após 11 e meio valorosos anos de serviço. Aconteceu em novembro do ano passado e eu fique na esperança que ele ressuscitasse, mas em vão.
O que demonstra que estou certa em ter um estoque. Um dia todos eles vão pifar. Desejo ardentemente que, quando isso acontecer, a tecnologia do livro digital tenha evoluído para projeção em lente de contato e passagem de página com uma piscada forte.
Oremos.
Minha preciosa coleção. O mais gasto, em cima, à direita, é o primeirão. |
terça-feira, 2 de janeiro de 2024
e aí
Aí finalmente você está em paz com seus cuidados mínimos de beleza, sua única bolsa, sua única cor de batom (agora duas). Passam uns anos e vem o papo que os cinquenta são os novos trinta, que olha-que-sorte-as-mulheres-de-hoje-não-precisam-envelhecer. E o cabelo branco é lindo mas arrepiado e aparecem uns quilos que antes não estavam lá. E você evita revistas femininas, mas a internet te mostra as celebridades (e as sub) cheias de botox, preenchimento e quetais. E surgem remédios que causam emagrecimento e o movimento de inclusão de corpos diferentes vai por ralo abaixo.
E aí além de querer mudar o mundo você também tem de viver nesse mundo. E descobre que um xampu caro e um secador de cabelos caro funcionam e seu cabelo fica bonito de novo. E que se exercitar todos os dias é melhor coisa que já inventaram para sua saúde mental desde o antidepressivo (que você não toma mais, mas que pode voltar a tomar, nunca se sabe).
E aí você continua firme sem ir a salão de beleza, apesar de ter sido a coisa que sua sogra te perguntou 15 minutos após te encontrar depois de três anos sem te ver. Continua sem usar salto ou joias ou esmalte. Mas come menos chocolate e aproveita as promoções de fim de ano para comprar um calendário de advento de cosméticos e fica sem saber o que fazer com tanta miniatura de hidratante facial. Pelo menos você aproveita e faz uma limpa geral de creminhos e xampuzinhos encostados e põe na rua pro povo levar.
domingo, 31 de dezembro de 2023
Novembro, dezembro
O fim de ano passou voando. Teve neve no fim de novembro (deixou Zurique toda branquinha, durou três dias e se foi sem deixar traços). Teve sol e frio em Porto (dias maravilhosos de céu azul e muita comida boa). Teve amigos no Natal (dois casais que vieram de Luxemburgo e Berlim. E muita comida boa).
2023 foi aquele ano em que já estávamos instalados no país novo, e por enquanto o plano é ficar por aqui, mas é claro que a gente acompanha as idas e vindas dos amigos da carreira e cresce o olho no próximo destino. Não dá para saber com certeza onde estarão as vagas quando terminar nosso tempo na Suíça, pois as pessoas podem ficar entre 2 e 5 anos em cada cidade, e elas mudam quando lhes dá na telha. Você imaginaria que quem está em posto A vai ficar o máximo do tempo, e que quem está em posto C ou D vai sair correndo assim que cumprir o mínimo, mas não é bem assim. O ser humano é infinitamente misterioso e toma decisões que quem está de fora não entende - e, às vezes, nem ele mesmo que está de dentro entende.
* * *
Ia esquecendo de contar minhas aventuras médicas na Suíça: meu dedo indicador ficou vermelho e inchado na articulação do meio durante duas semanas, então decidi ir ao médico. Uma clínica geral olhou meu dedo, não perguntou nada sobre alergias e pediu vários exames de sangue e uma ressonância magnética. Os exames de sangue eu fiz, e eles vieram zerados (nenhuma doença auto-imune, que bom). A ressonância magnética ia demorar uma hora, incluía contraste e ia custar 1.450 francos suíços (uns 1.700 dólares). O seguro médico cobre 80%, mas achei tudo demais e me recusei a fazer.
Nos dias seguintes o dedo milagrosamente melhorou. Acho que foi o susto.
Nevembro |
quinta-feira, 16 de novembro de 2023
Entrando numa fria
Lá estava eu toda valente, crente que tinha descoberto a fórmula mágica para não hibernar no frio (trilha na floresta + tô na rua enquanto tiver luz), quando me dei conta de que o inverno AINDA NEM COMEÇOU.
Os dias vão continuar encolhendo até 22 de dezembro. O frio ainda vai piorar um bocado, e não vai melhorar até março, no mínimo.
O pior não são as temperaturas baixas. É a chuva chatonilda que não para de cair.
Mas não há de ser nada. Comprei bota impermeável, calça de trilha e caminho todo dia, junto com o Leo, faça sol ou faça chuva. Quando chove demais, vou de esteira.
O exercício me deixa de bom humor, diminui o sono e a fome. Até perdi uns quilinhos.
E saí de casa em pleno domingo nublado para ver a primeira neve do ano (que não foi na cidade de Zurique, mas em um dos morros que a cercam, o Uetliberg).
Cores nas folhas, neve no chão |
* * *
Enquanto o inverno não chega, trato de aproveitar o outono, que tá lindão.
segunda-feira, 23 de outubro de 2023
Ficou barato
Divertiu? Divertiu. É muito bom? Não, não é muito bom (embora valha lembrar que sou uma pessoa enjoada, que tem a maior dificuldade de gostar das coisas). Depois do primeiro capítulo catei os contos do Poe para apreciar melhor, e alguns capítulos são mais uma referência do que uma citação, o que no fim das contas foi positivo, porque algumas das histórias são chatíssimas.
No fim das contas (SPOILER), o que Roderick Usher, o personagem principal, fez foi trocar imunidade total em relação a seus crimes pela extinção dos descendentes quando ele mesmo morrer. É um básico pacto de vender a alma ao demônio.
Na verdade, o moçoilo não era boa bisca: tinha feito um acordo com a Justiça para contar os malfeitos do chefe, e na hora do vamovê virou a casaca; aí matou o chefe para ficar com o cargo dele. Depois de fazer o acordo com satanás, ele ocupa o lugar do chefe, conforme planejado, e inunda o mercado farmacêutico com... opioides, claro, causando dependência e morte, e ganhando bilhões de dólares.
Em suma, Roderick tem uma vida boa e regalada, e seis filhos basicamente detestáveis, dos quais ele não gosta nem um pouco. Só se salva a neta, Lenore, que é bacaninha.
Quando ele está perto dos 72 anos, os filhos começam a morrer de maneiras horríveis e ele passa a desconfiar que o fim está próximo. A diversão dos espectadores é imaginar como o capeta vai se livrar dos próximos descendentes.
A minha conclusão é que ficou barato. O hômi fez e aconteceu e quem pagou foram outras pessoas.
Assim fica fácil. Até eu.