quarta-feira, 29 de abril de 2015

O caso do casamento

Há duas semanas passada fui a um casamento com o Leo e meus pais. Fui por causa da festa, né, e da vontade de interagir.

(Interessante isso aí: desde que voltei da viagem tenho topado todo evento social que me aparece, de festa de criança a almoço na casa da avó. Acho que é para compensar os meses de viagem, nos quais acabei não tendo tanto contato com as pessoas. Engraçado é que o Leo não teve essa reação, não. Ele está indo, mas meio arrastado - por mim. Mas depois que vai ele gosta.)

Fui com meu vestido preto longo.  E de sapatilhas. Minha mãe queria porque queria que eu colocasse um salto, mas não dei bola. Ela foi de salto alto e bico fino, e no final da festa reclamou que os pés estavam doendo (me contive e nem tripudiei - muito).  Ela também perguntou se eu queria que marcasse hora para mim no salão para fazer as unhas, e eu recusei alegremente. Continuo com as unhas curtinhas e sem esmalte.

É verdade que usei maquiagem. E também fiz a maquiagem da minha mãe. Quando me desfiz de quase tudo que eu tinha, os pincéis e os produtos mais sofisticados sobreviveram, porque eu achei que podia querer um dia sair colorindo pessoas por aí.

Não preciso nem dizer, porque é o óbvio ululante, que ninguém apontou o dedo ou fez cara de horror porque eu estava sem salto e sem esmalte. Sinceramente? Acho que ninguém nem reparou. Às vezes a gente acha que o mundo gira em torno do nosso umbigo, mas, né - gira não. Tava todo mundo muito mais preocupado com o espumante.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Interesses da última semana

Startups. Bel Pasce, a menina do Vale (do Silício). Que tal um Tinder pra fazer amigos em vez de pra arrumar peguetes? Já tem um (vamos ver se pega. E chega no Brasil). As estratégias da indústria alimentar para fazer as pessoas comerem mais do que elas querem (em suma: açúcar, gordura e sal nos deixam muito loucos. Não é questão de força de vontade, não). Sete princípios para o casamento dar certo (finalmente um livro de relacionamentos baseado em ciência. Eu quero estapear o fulano que escreveu "Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus"). O Kindle It (programinha que transfere páginas de internet pro leitor digital) virou Push to Kindle. Assinei a Marie Claire francesa (e tive acesso imediato à versão digital. Muito amor pela tecnologia). As revistas femininas francesas não acham que feminismo é palavrão, acham que é fato consumado. Descobri a Academia Khan. Quero fazer um curso de HTML. Todos esses assuntos davam post - mas né, a vida é curta e eu estou tentando descobrir como se faz dinheiro com blog sem estimular o consumo de bens materiais. Resposta: não faz.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Faz um blog!

Eu já achei que a solução para (quase) todos os problemas era fazer um blog. E olha, a ideia não é tão estapafúrdia quanto parece, viu? Ando me divertindo com livros sobre psicologia, comportamento e motivação e vários concordam sobre a importância de certos comportamentos. Fazer um blog inclui um monte deles!

1) Escrever: ajuda a organizar os pensamentos. Ponto positivo 1: é um desabafo. Ponto positivo 2: ao colocar as palavras no papel (ou na tela), percebemos que uma situação que parece terrível ou extrema não é beeem assim, não.

2) Contar para os outros os nossos objetivos (economizar, estudar mais, se organizar, ficar um tempo sem comprar): faz com que pensemos duas vezes antes de sair da linha. Já que falamos que íamos fazer, sentimos que temos que "prestar contas" e isso é um incentivo a mais. (Falando em prestar contas, sabe aqueles 15 minutos de exercício por dia? Não rolou. Mas os objetivos "me importar com as pessoas", "passar mais tempo com os sobrinhos" e "caber nas roupas de trabalho"? Check, check e check.)

3) Encontrar a nossa turma: às vezes a gente se sente sozinho com certas ideias e metas. Aí entra a internet, onde a chance de localizar quem pensa parecido conosco é muito maior do que no nosso bairro. Quem tem blog acaba fazendo conhecidos - e amigos! - que por vezes sabem mais da gente do que o coleguinha de trabalho.

4) Entrar em fluxo: o povo da psicologia positiva ama o estado de fluxo (dizem até que passar bastante tempo nele faz parte da receita da felicidade). Ele é provocado por atividades na qual a gente usa nossas capacidades e talentos, são desafiantes mas não impossíveis e nos absorvem tanto que nem vemos o tempo passar. É verdade que tem vezes que a gente mais xinga o Blogger (ou o Wordpress) que se diverte, mas eu passo muitos momentos felizes aqui.

Fiquei contente em ver a comprovação prática do meu palpite.

Faz um blog! (E toma chá.)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

A pegadinha do eu futuro

Tem muita informação legal no "The Willpower Instinct" (O Instinto da Força de Vontade), da Kelly McGonigal. Inclusive a de que gostamos de deixar as coisas para depois porque achamos nosso "eu futuro" vai dar conta do que a gente está com preguiça ou sem vontade de fazer hoje.

Então, é difícil para as pessoas se livrarem de maus hábitos agora (como gastar tudo o que ganham ou se alimentarem mal) porque elas acham que "depois" elas terão mais tempo e disposição para lidar por isso. Isto é, a gente imagina que nosso eu futuro vai ser mais disciplinado, mais animado e mais persistente.

É por isso que muita gente adora marcar o início da dieta ou do programa de estudos para a próxima segunda-feira, para o mês que vem ou para o primeiro dia do ano. Porque aí não só tomamos uma decisão ("olha, no dia tal eu começo" - o que nos dá a impressão de que estamos lidando com o problema, embora na prática não tenhamos feito nada ainda), como empurramos a chatice/desgaste/sacrifícios para "outra pessoa" - o nosso eu futuro.

A solução? Ter em mente de que o eu futuro é a gente mesmo. Se não estamos a fim de tomar certas atitudes agora, é pouco provável que fiquemos depois. Aí fica mais fácil decidir largar mão do projeto (e gastar o tempo e a energia em algo que empolgue mais) ou criar um sistema de recompensas (e se ele for bom mesmo é provável que a gente comece a agir agora mesmo).

Para mim, a carapuça serviu. Me enxerguei totalmente nessa pessoa feliz que faz lindos projetos para o depois e, quando chega lá, descobre com grande surpresa que o ânimo continua pouco (ou inexistente). Ah, ser humano, seu danadinho.

(Obs: no Brasil o livro foi publicado pela Editora Fontanar, com o título "Os Desafios à Força de Vontade".)

sábado, 18 de abril de 2015

Balanço de um mês e meio no Brasil

Na terça vou completar seis semanas de volta ao Brasil. Foi - e está sendo - muito tranquilo e gostoso. Reencontrar a família e os amigos é ótimo. Contar casos de viagem, idem. Saborear as comidinhas brasileiras, então, nem se fala (só estou frustrada por não ter encontrado Freshen up de canela em Belo Horizonte. Aliás, nesta cidade não tem Freshen up de sabor nenhum). Para completar, estou alcançando minhas metas de encontrar pessoas e dar mais atenção aos meus (quatro) sobrinhos.

Em suma, está tudo bem. Sem choque de reentrada nem nada do gênero. (Minto: tive um choque, sim - com o preço dos vinhos no supermercado. Ou seja, vou voltar a tomar guaraná.)

Mas estou percebendo um troço esquisito: eu, que sempre quis fazer mais mais uma faculdade, mais um concurso e mais uma língua, me vejo, no momento, inteiramente sem ambições. Estou sossegada e satisfeita, e achando isso muito bizarro.

Cheguei a ligar para uma escola de francês e para outra de hidroginástica para pegar informações, é verdade. E parei aí. Entre visitas e passeios, eu organizo materiais de estudo para o Leo, dou umas dormidinhas e fico agarrada no Kindle. Andei lendo livros sobre motivação e força de vontade, para ver se eu me animava com uns objetivos, mas todos eles partem do pressuposto que você já sabe o que quer. E eu não sei, não.

Antes, eu não sabia porque muitas opções me interessavam e eu não conseguia escolher. Hoje, eu não sei porque não sei, mesmo.

De repente eu atingi o nirvana e nem percebi.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

O caso no passeio no shopping

Minha mãe me chamou para acompanhá-la numa expedição de compras. Ou melhor, de comprA. Ela queria um conjunto resistente à chuva e confortável para viajar.

Lá nos fomos para o BH Shopping, que foi o primeiro a ser inaugurado em Belo Horizonte. Quando eu era adolescente, passei horas divertidas naqueles corredores. A graça era combinar com as amigas de ir ao cinema. Antes de entrar na sala, a gente passava na Lojas Americanas e comprava umas guloseimas. Mais divertido ainda era cruzar com colegas da escola e ignorá-los solenemente (sim, eu desenvolvi habilidades sociais meio tarde).

Apesar das lembranças boas, fiquei impaciente logo. Shopping é um troço meio artificial, né? Não tem janela, não tem luz natural, é todo reluzente e brilhante e... quer saber? Todos eles são meio parecidos entre si.

Eu já gostei de ver vitrines, mas não ligo mais. Até porque as três portas de armário que eu e o Leo temos na casa dos meus pais estão bem cheias, então a nossa sensação é de fartura e saciedade.

E também tem outra: eu sempre tive desejos (de fazer um outro curso, de aprender uma outra língua, e de comprar uma coisa ou outra), mas ultimamente não tenho ambicionado nada.

Ainda não decidi se isso é bom ou preocupante. Mas isso é assunto para um outro post.

PS: não, minha mãe não encontrou o que ela queria no shopping. E olha que eu tive a maior paciência e entrei com ela em um monte de lojas. Aliás, achei os vendedores muito simpáticos.  Talvez porque fosse 10 da manhã, o shopping estivesse vazio e nós fôssemos praticamente as únicas clientes...