segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Ficou barato

Nas últimas duas semanas, assisti aos 8 capítulos de A Queda da Casa de Usher, na Netflix. Gostei da conceito da série, inspirada contos do Edgar Allan Poe e ambientada em tempos modernos. Sempre acho interessante esse tipo de transposição, ainda mais se for em uma mídia diferente. 

Divertiu? Divertiu. É muito bom? Não, não é muito bom (embora valha lembrar que sou uma pessoa enjoada, que tem a maior dificuldade de gostar das coisas). Depois do primeiro capítulo catei os contos do Poe para apreciar melhor, e alguns capítulos são mais uma referência do que uma citação, o que no fim das contas foi positivo, porque algumas das histórias são chatíssimas. 

No fim das contas (SPOILER), o que Roderick Usher, o personagem principal, fez foi trocar imunidade total em relação a seus crimes pela extinção dos descendentes quando ele mesmo morrer. É um básico pacto de vender a alma ao demônio. 

Na verdade, o moçoilo não era boa bisca: tinha feito um acordo com a Justiça para contar os malfeitos do chefe, e na hora do vamovê virou a casaca; aí matou o chefe para ficar com o cargo dele. Depois de fazer o acordo com satanás, ele ocupa o lugar do chefe, conforme planejado, e inunda o mercado farmacêutico com... opioides, claro, causando dependência e morte, e ganhando bilhões de dólares. 

Em suma, Roderick tem uma vida boa e regalada, e seis filhos basicamente detestáveis, dos quais ele não gosta nem um pouco. Só se salva a neta, Lenore, que é bacaninha. 

Quando ele está perto dos 72 anos, os filhos começam a morrer de maneiras horríveis e ele passa a desconfiar que o fim está próximo. A diversão dos espectadores é imaginar como o capeta vai se livrar dos próximos descendentes. 

A minha conclusão é que ficou barato. O hômi fez e aconteceu e quem pagou foram outras pessoas. 

Assim fica fácil. Até eu.