domingo, 27 de junho de 2010

O Caso do Guarda-Roupa

Estamos aproveitando a mudança para dar uma geral nos pertences e passar adiante o que não temos usado ou nunca usamos. Hoje fiquei tentando reduzir a quantidade de roupas que tenho, mas tá difícil.

Tenho a tendência a nunca jogar roupa fora, porque morro de preguiça de comprar novas (acho tudo feio e caro). A sorte é que as que eu tenho costumam servir por um longo tempo (tipo, até estragar). E que minha mãe costure, e volta e meia decida fazer uma calça ou vestido pra mim. No fim das contas, eu até que ando bem-vestida (pelo menos eu acho).

Então eu penso mil vezes antes de passar uma roupa adiante. Mesmo que ela esteja fora de moda, porque acredito piamente que uma hora a tendência volta. Às vezes eu levo peças para a casa da minha mãe para ver se alguma das minhas irmãs ou tia quer, e um ano depois eu acho as que ninguém quis, fico toda feliz e pego de volta. O Maridinho morre de rir. Ele até tentou instituir uma política de que as roupas que saem daqui de casa não podem mais voltar, mas não conseguiu implementá-la, porque ele não as reconhece!

Fiquei muito tentada a usar aquela regra que manda dar fim em tudo que você não usou nos últimos seis meses (incluindo vários sapatos de salto alto, que eu abandonei mesmo). Mas puxa. Estou mudando de cidade - e se em Brasília o povo andar todo nos trinques e eu me sentir obrigada a entrar no esquema? Vou ter de comprar tudo de novo? Aí não, né? Nessa horas o poupancismo (é: agora, ao invés de pão-dura, me intitulo de poupançuda) fala mais alto.


Além disso, vamos ter de contratar uma empresa de mudança mesmo, e vai custar uma fortuna mesmo. Uma caixa a mais de roupa não faz diferença.

O problema, claro, vai ser elas não caberem no guarda-roupa do futuro e diminuto apê.

O Caso dos Cortes

Ah, como o dia tem horas, depois que eu dispensei um monte de coisas que eu passei a achar pouco necessárias. E como estou achando minha pele ótima, talvez porque eu tenha deixado de passar um monte de produtos nela, talvez porque agora eu não fique examinando cada poro. Ou talvez porque o nível de estresse em minha vida tenha caído.

Minha coleção de cosméticos está passando por outro corte. Descobri que eu não tenho apenas um, ou quem sabe dois, mas TRÊS auto-bronzeadores. Aqui faz muito sol e calor; os braços ficam bronzeados, as pernas, branquinhas. Só que: 1) auto-bronzeadores têm um cheiro bizarro e persistente 2) auto-bronzeadores deixam minha pele meio alaranjada; 3) auto-bronzeadores têm de ser aplicados duas ou três vezes por semana, porque o efeito passa rapidamente. Em outras palavras: é chato, melequento e não funciona. E eu tentei, ó. E também é uma bobagem, né? Sério, ninguém liga para a cor das minhas pernas.

domingo, 20 de junho de 2010

O Caso do Envelhecimento Feminino

Descobri este artigo da antropóloga Mirian Goldenberg que organiza várias idéias que estavam na minha cabeça. Olha, era isso que eu queria dizer!

"NO BRASIL, o corpo é um capital. Certo padrão estético é visto como uma riqueza, desejada por pessoas de diferentes camadas sociais.

Muitos percebem a aparência como veículo de ascensão social e como capital no mercado de trabalho, de casamento e de sexo. Para aprofundar essa discussão, estou fazendo um estudo comparativo com mulheres brasileiras e alemãs na faixa de 50 a 60 anos.

Já nas primeiras entrevistas, constatei um abismo entre o poder objetivo que as brasileiras conquistaram e a miséria subjetiva que aparece em seus discursos.
Elas conquistaram realização profissional, independência econômica, maior escolaridade e liberdade sexual. Mas se preocupam com excesso de peso, têm vergonha do corpo, medo da solidão.

As alemãs se revelam muito mais seguras tanto objetiva quanto subjetivamente. Mais confortáveis com o envelhecimento, enfatizam a riqueza dessa fase em termos de realizações profissionais, intelectuais e afetivas.

A discrepância entre a realidade e a miséria discursiva das brasileiras mostra que aqui a velhice é um problema muito maior, o que explica o sacrifício que muitas fazem para parecer mais jovens. A decadência do corpo, a falta de homem e a invisibilidade marcam o discurso das brasileiras. De diferentes maneiras, elas dizem: "Aqueles olhares e cantadas tão comuns sumiram. Ninguém mais me chama de gostosa. Sou uma mulher invisível".

Curiosamente, as brasileiras que se mostram mais satisfeitas não são as mais magras ou bonitas. São aquelas que estão casadas há anos. Elas têm "capital marital".
Em um mercado em que os homens disponíveis são escassos, principalmente na faixa etária pesquisada, as casadas se sentem poderosas por terem um "produto" raro e valorizado. Aqui, ter marido também é um capital.

No Brasil, onde corpo e marido são considerados capitais, o envelhecimento é experimentado como uma fase de perdas ainda maiores. Já na cultura alemã, em que diferentes capitais têm mais valor, a velhice pode ser uma fase de realizações e de extrema liberdade.

Como ressaltou Simone de Beauvoir, "a última idade" pode ser uma liberação para as mulheres, que, "submetidas durante toda a vida ao marido e dedicadas aos filhos, podem, enfim preocupar-se consigo mesmas"."

sábado, 12 de junho de 2010

O Caso Dessa Vida

Eu não acredito em destino, nem em carma, nem em mapa astral. Entendo que seja muito reconfortante crer nessas coisas, porque aí a responsabilidade pela nossa vida deixa de ser totalmente nossa. E ela nem é totalmente nossa mesmo: há um monte de fatores sobre os quais a gente não tem controle. Eu, por exemplo, dei a sorte danada de nascer em uma família de classe média, em um país onde não há guerra civil, em uma área em que não há desastres naturais, e bem espertinha (pelo menos eu acho), pra completar.

Mas que a vida dá reviravoltas inesperadas (e toma rumos inimagináveis), isso dá. E que às vezes tudo faz sentido (e se encaixa como mágica), isso faz.

Se a gente pensar bem, isso depende muito de como encaramos a realidade. Se você tem um monte de interesses e vê cada mudança como uma oportunidade, fica mais fácil se adaptar e achar tudo bom. Estou pensando em mim: nunca cogitei em sair de BH. Fui para o interior imaginando em voltar o mais rápido possível. Gostei tanto que fiquei 6 anos. (Bônus: começar um casamento longe de ambas as famílias é fantástico, vão por mim.)

Aí Maridinho decidiu fazer concursos. E pode ser chamado para Brasília. Então vambora, oras. Vou perder a tranqüilidade e o baixo custo de vida do interior, mas vou poder assistir a aulas na UnB. E não é que eles estiveram em greve e o segundo semestre vai começar só em setembro, assim que eu chegar lá?

Em sorte eu acredito.


quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Caso dos Cabelos Brancos

Voltei da Austrália como a orgulhosa possuidora de três fios brancos na têmpora esquerda. Agora já devo ter uns bons ou seis. Eles acabam ficando meio escondidos no meio do cabelo, mas eu os estou cultivando com afinco.

Há uns anos eu tinha certeza que ia pintar os cabelos quando eles ficassem grisalhos (cada mês de uma cor diferente). Hoje eu acho que nós vamos nos dar muito bem.

Porque vejam bem: cabelos brancos a gente tem de fazer por merecer. Quem morre muito jovem não tem fios branco, ou rugas, ou a maturidade e a experiência que os anos trazem (embora não a todo mundo, é verdade).

Minha infância e adolescência não foram ruins, mas eu sou mais feliz agora, aos 34. E pretendo ir ficando cada vez mais. Mais esperta, mais inteligente, mais consciente, mais viajada, mais legal. E com lindos fios prateados pra completar.




domingo, 6 de junho de 2010

O Caso dos Modelos

Lá em Brasília, ficamos na casa de um primo do meu pai. Ele e a esposa nos receberam alegremente e nos levaram pra cima e pra baixo.

Ambos são professores doutores e dão aula na UnB. Têm a maior disposição em responder a perguntas sobre suas áreas de especialização e o mundo em geral. Moram em um apartamento acolhedor e repleto de livros (dos quais ganhei um monte e trouxe emprestado outro tanto). Conhecem um monte de gente interessante e viajam muito.

Quero ser assim quando eu crescer.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O Caso da Visita à Brasília

Estamos em Brasília. Aproveitamos o feriado para vir (re) conhecer a cidade, já que a última vez que eu estive por aqui foi há mais de 20 anos. Para o Maridinho faz menos tempo - ele veio a trabalho há uns seis.

Estou meio sem fôlego com a amplitude dos espaços e a largueza do céu (deve ser coisa de mineirinha). Brasília é uma cidade monumental, literal e figurativamente. Linda, e me fez sentir pequena (sim, eu sei que já sou pequena: menor ainda, então).

O jeito é respirar fundo e passear muito até voltar pra casa. Meu pai é da teoria que, se a mudança é pra melhor, a gente acostuma rápido. Então vamos lá. Tenho pelo menos uns três meses (o chefe atual não me libera pra começar em Brasília antes disso) para ir trabalhando a idéia.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Caso da Foto 5x7

Se fotos 3X4 costumam ser um horror, então a foto 5X7 é o horror ampliado. É tão feia quanto, só que cobre um espaço quase três vezes maior.

Hoje tive que tirar uma dessas. Escondi as olheiras e passei batom, mas quando ela ficou pronta percebi que, de fato, o cabelo comprido era minha única beleza. Aí fiz "pueh" pra foto, como a niña mala do Vargas Llosa me ensinou, e fui cuidar da vida.

Que fica tão mais fácil quando a gente não liga para essas bobagens.