Vou ser tia pela primeira vez, e estou feliz da vida. A irmã D. está grávida: o pequerrucho chega em dezembro.
A irmã D. sempre achou que ia ter uma menina. Tanto que, quando fez a lista de nomes, só pensou nos femininos.
Entrei na onda e comecei a fazer planos feministas para minha sobrinha. Nada de dar de presente bonecas barbie ou cozinhas cor-de-rosa, ou dizer que ela é uma princesinha (porque os avós, os amigos e o mundo já vão fazer isso o suficiente). Não, eu seria a tia que daria Legos, carrinhos, conjuntos de química e bolas de futebol. Que ia ensiná-la a bater de volta (em legítima defesa) nos coleguinhas ao invés de ir choramingar com a professora. Que ia dizer que ser física, astronauta ou presidenta é muito mais legal que ser modelo.
Mas a irmã D. e eu esquecemos de combinar com o feto, e ela vai ter um menino.
Fiquei meio no ar. Não sei se sei lidar com meninos: lá em casa somos três moças, e os primos são muito mais novos. Antes dos sete anos, eu não via diferença entre coleguinhas e coleguinhos (inclusive aplicando mordidas quando achava necessário); depois disso, fui para um colégio conservador, que era misto mas que botava o nome dos meninos todos no início da chamada e não incentivava muito a interação.
Em suma, eis meu problema: como é que se cria um sobrinho feminista?