domingo, 22 de outubro de 2017

Jornada de 6 horas

Pensando seriamente em aderir a esse programa aí de redução de jornada e passar de 8 horas de trabalho para 6. O salário diminui proporcionalmente, mas eu ganharia 3 horas a mais de vida (2 horas de expediente + 1 hora de almoço). 

O problema é que desconfio que eu não saberia muito bem o que fazer com essas 3 horas a  mais de vida. No novo emprego, começo a trabalhar às 9 e sair às 18, em vez de 8 às 17. Achei que acordaria no horário de sempre e desenvolveria altas atividades de 7 às 8, mas na verdade apenas durmo alegremente mais uma hora. 

Então o provável é que, se rolar, vou usar essas 3 horas para dormir mais e ler mais (se é que isso é humanamente possível). O ruim é que sou chatonilda e prevejo que vou achar que estou desperdiçando meu tempo e que devia estar fazendo algo útil e produtivo. 

Como trabalhar mais 2 horas todo dia. 

Abiguinhos

Então as pesquisas sobre felicidade variam aqui e ali, mas em um ponto todas concordam: o principal ingrediente da felicidade são os laços sociais. 

Como boa introvertida-difícil-de-agradar, torci o nariz para essa conclusão. Ou melhor, achei que os poucos e bons amigos que eu tinha eram mais que suficientes. 

Aí descobri a minha turma. Simples assim. Gente que pensa parecido o suficiente para termos algo em comum, diferente o suficiente para as discussões serem boas. Um povo que dá conta de acompanhar como funciona minha cabecinha e compreende, embora não necessariamente siga, minhas escolhas. Pessoas que não se importam se meio do evento vou ali ler um pouquinho e ainda dou uma dormidinha (ok, só fiz isso uma vez, mas não teve stress). 

Acho que muita gente encontra sua turma na faculdade. Tive essa oportunidade, mas perdi a chance. Estava muito preocupada comigo mesmo e minhas próprias ideias para conseguir compartilhar. 

Agora as coisas estão fluindo. É verdade que agora eu bebo, e bebida é uma graxa social. Mas acho que os abiguinhos novos têm mérito também. 

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Aparência e essência

No trabalho, uso calças e camisas sociais e sapatos baixos. Quando saio, é jeans ou vestido discreto. Não ando de acessórios nem tenho tatuagem. Aí, as pessoas se surpreendem quando digo que já vendi tudo para viajar, que sou a favor da legalização das drogas e do aborto, feminista e ateia.

Acho engraçado. Será que tem jeito de telegrafar minhas filosofias de vida? Se eu usasse colares compridos e saias indianas e bolsas artesanais, o povo ia desconfiar mais rápido que não sou conservadora?

Já ouvi gente dizendo: "Vão te julgar de qualquer jeito, então é melhor ter controle sobre como você se apresenta". Essa é a base, aliás, desses programas "antes &depois". Os apresentadores dizem que querem ajudar as pessoas a mostrarem ao mundo seus verdadeiros eus.

O que me deixa desconfiadíssima. Primeiro que o hábito não faz o monge: a pessoa pode usar camisa de banda porque está na moda, não porque curte a música. Segundo que, em geral, ninguém espera isso dos moços. Existem algumas tribos, mas geralmente o povo espera o menino abrir a boca antes de julgar.

Meu verdadeiro eu usa roupinhas básicas, mas tem umas ideias diferentes, oras.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

O futuro

Acho que estou mais sossegada porque, pela primeira vez na vida, sei para onde estou indo profissionalmente. O plano é me aposentar no cargo onde estou, com 75 anos, tendo passado a última temporada no exterior em Paris sendo a Yoda do consulado (aquela pessoa experiente e sensata para quem todo mundo corre quando os problemas aparecem).

Claro que tudo pode mudar no caminho. Claro que pode não ter vaga em Paris. Claro que eu posso querer chutar o balde e sair antes da expulsória, digo, compulsória. Mas é muito tranquilizador saber que a carreira está mais ou menos definida, que não preciso mais fazer ainda um outro concurso, que agora é trabalhar muito e bem que as coisas seguirão seu rumo.

Continuo querendo ser a funcionária do mês. Continuo tendo ideias para melhorar os processos do setor. Continuo sendo a pessoa que acha que um ligeiro ataque de labirintite, devidamente medicado com Dramin, não é razão para não ir trabalhar.

Mas não sinto mais aquela angústia do tipo "será que estou no lugar certo?". Agora eu boto fé que estou.