sexta-feira, 8 de abril de 2016

Outono da vida?

Como vou fazer 40 anos, comecei a me interessar pelas alegrias e dilemas da meia-idade. Tecnicamente, a definição de "meia-idade" varia, mas é razoável supor que ela vai dos 40 ao 60 anos. Ou dos 45 aos 65, que é a idade em que a pessoa se torna legalmente idosa no Brasil. De qualquer forma, ela está chegando, e eu estou me preparando alegremente para recebê-la. Até porque não tem como evitá-la: a única maneira de não envelhecer é morrer jovem. 

A boa notícia é que a amígdala cerebral, que é centro das emoções, fica mais tranquila depois dos 40. Então, em tese, ficamos todos menos ansiosos e angustiados, o que é sempre bom. A notícia não tão boa é que a felicidade das pessoas, estatisticamente, tende a seguir a forma de U invertido: vai diminuindo um pouquinho a partir dos 18 até os 40 anos, e aí fica no ponto mais baixo até os 55, quando volta a subir. A teoria é que, dos 40 aos 55, a maior parte das pessoas passa pelo período mais atribulado de suas vidas: cuida dos filhos, cuida dos pais, enfrenta muita responsabilidade no trabalho... Depois a coisa melhora, mas pode ser um período conturbado. 

No meu caso, que não tenho filhos e cujos pais são completamente independentes, não tenho percebido essa diminuição de felicidade. Tenho percebido é uma diminuição de expectativas. E isso é bom! Fiquei mais realista e, consequentemente, meus objetivos ficaram mais fáceis de alcançar. Esse realismo também me ajudou a ver que algumas metas que eu achava necessárias para ser feliz não eram verdadeiramente minhas, mas vinham da família/sociedade. Foi e continua sendo muito libertador parar de seguir o programa "dos outros" e ir atrás do que de fato acho importante.

Toda essa introdução foi para falar de um livro bem interessante: Life Reimagined: The Science, Art and Opportunity of Midlife (A Vida Reimaginada: a Ciência, Arte e Oportunidade da meia-idade), da Barbara Bradley Hagerty. Ela é jornalista e, aos cinquenta e poucos anos, diante de um problema de saúde, decide investigar... as alegrias e dilemas da meia-idade.

Barbara começa dizendo que 1) existem poucas pesquisas voltadas para a turma dos 40-60 (geralmente os cientistas se interessam pela infância e pela velhice) e 2) a tal crise de meia-idade é mesmo uma lenda.

Revisando as pesquisas que existem e entrevistando com cientistas e psicólogos (além de conversar com contemporâneos), a autora chegou a algumas conclusões interessantes:

- depois dos 40, as pessoas continuam capazes de aprender tudo (mesmo instrumentos musicais e línguas estrangeiras). O truque é persistir.

- uma maneira de fortalecer os relacionamentos? Fazer coisas novas juntos.

- em vez de ir atrás da felicidade, buscar significado/propósito faz com que a felicidade surja como consequência.

- exercícios aeróbicos são realmente excelentes para o corpo... e para o cérebro também.

- o conceito de sucesso merece ser redefinido. O que realmente é importante para cada um não é necessariamente o que "os outros" acham.

Nada muito revolucionário, mas tudo interessante e útil. E, o que eu acho mais importante, não é achismo: está tudo baseado em pesquisas e conclusões científicas. A ciência evolui e muda, é claro, mas não é tão bom seguir conselhos que partem de indícios razoáveis?

Outono da vida? Agora é que tá ficando bom! 

12 comentários:

  1. Bem vinda à década! (que na verdade não parece nada diferente do ano passado...)
    Beijos!

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    1. Ah, não! Eu esperava fogos de artifício e uma orquestra sinfônica, oras! =D

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    2. O quê? Não vai ter fogos de artifícios? Que chato!
      Mês que vem também entro pra turma, quem sabe agora eu me sinta uma adulta?

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    3. Quando eu começar a me sentir adulta te aviso. Por enquanto, ainda não rolou, rs.

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  2. Já ouvistes a frase: "Os primeiros 40 anos da infância são os mais difíceis"? Eu já guardei uma figurinha do facebook que diz isso para ler e reler quando eu for fazer 40 rs, este ano uma prima fez, ano passado foi uma outra prima, minha cunhada e o marido dela. Tudo segue na mesma ao que parece rs

    Eu tenho uma outra prima que vai para os 44 (rs) e dizia que quando fizesse 40 ia fazer uma viagem e não fez a tal viagem, tenho um outro primo que quando fez, isso em 2011, fez uma grande festa. Eu acho que comemorar viajando é o mais legal, de preferência até com a família, irmão, mãe. Pra mim seria melhor que festa, nunca gostei de festas, até a dos 15 anos abri mão para ir pra disney com 14, e repetiria isso tranquilamente. Tive primas que debutar pra elas era o sonho, o meu nunca foi e também não tenho filhos, mas se tivesse ou se um dia tiver, vou adorar se também trocar o baile de debutantes pela disney e ainda vou querer ir junto!

    Mas devo confessar que em janeiro de 2015 quando fomos num parque no Paraná, preenchemos a ficha e todo mundo com o "3" na frente e fiquei olhando aquilo, não precisavam perguntar idade numa ficha, isso é desnecessário, rs. E quando perguntam a idade e tu diz "quantos anos tu acha que eu tenho?" e a pessoa responde pra menos, dai é "isso mesmo, acertou", agora se é pra mais é briga rs, o importante é a gente aceitar a idade e brincar com a situação. Uma vez um colega de trabalho perguntou quantos anos que eu tinha e quando respondi, disse que eu era mais velha que a mãe dele, mas como ele ouviu.. rs, mas também, a mãe dele teve ele com 13 anos!!!

    Desejo felicidades no teu aniversário!!

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    1. Obrigada, Adriana! Gostei da frase, viu? E também troquei a festa dos 15 anos por uma viagem.

      Quanto à idade, eu já respondo "40!" há uns meses. Quando eu era adolescente, um ano de diferença na idade fazia uma diferença enoooorme (e quanto mais velha, melhor), mas desde os vinte e muitos parece que não muda muita coisa, né?

      Beijos!

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  3. Adoro seu blog e gostei do enfoque que você deu aos 40 anos. Tenho 55 e há seis anos blogo muita coisa sobre essa transição. No início achava mais difícil estar envelhecendo. Agora acho que posso tudo e que ninguém tem nada a ver com as minhas escolhas, rsrs. A verdade é que vamos ficando mais sábias. #espero
    Se tiver tempo, entre no pilulasdemoda.com.br
    Beijos!

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    1. Adorei, Denise! É isso mesmo: a gente pode tudo e ninguém tem nada a ver com isso!

      Acho que vamos ficando mais sábias e tranquilas, sim. É muito bom!

      Indo visitar seu blog! Beijos!

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  4. Ali onde você disse "buscar significado/propósito faz com que a felicidade surja como consequência", tem um livro que se chama Felicidade Construída que o autor define felicidade exatamente como duas coisas: prazer e propósito. Então atividades que trazem um senso de propósito podem ser tão benéficas quanto atividades prazerosas no que se refere à felicidade, as duas se complementam. Vale a pena a leitura do livro. :-)

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    1. Obrigada pela dica! E já por princípio concordo com esse autor =D.

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  5. Adorei a dica do livro! Mais um para leitura :)

    Em breve chego aos 39 anos (e também já falo a próxima idade meses antes)e estou interessadíssima no tema, ainda mais com pesquisas.



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