Tem uma moça que trabalha comigo que é muito batalhadora. Ela sempre quis fazer Direito. Aqui na região só tem faculdade particular e ela ganha pouco mais que o salário mínimo. E tem dois filhos pequenos. Então ela estudou, pediu ajuda em matemática para um colega e em redação pra mim, fez o Enem, passou no vestibular e fez de tudo para conseguir bolsa, mas não deu.
E ela desanimou? Nada! Todo mês ela promovia uma rifa de um bolo ou torta deliciosos que ela faz, e dava jeito de pagar as mensalidades. Aí o marido começou a implicar, achando que ela estava muito ambiciosa e que ia para a faculdade paquerar. Terminou com ela, sumiu no mundo, e adivinha se pagava pensão para os meninos? Pois é, não.
Ela conseguiu terminar o primeiro período e teve de parar o curso. Mas me contou, toda animada, que ia usar o dinheiro da rescisão de um contrato de trabalho para pagar umas matérias no próximo semestre.
Fiquei pensando que ela é muito guerreira. E que, poxa, com uma ajudinha, vai longe – e leva os filhos longe também. E que se eu estou preocupada em mudar o mundo com o feminismo, dar apoio a uma mulher é um ótimo meio de começar.
A primeira idéia que eu tive foi ajudar a bancar o curso de Direito. Só que eu devo mudar de cidade no fim do ano, e aí fica difícil de acompanhar.
Aí conversei com ela a respeito de concursos. Ela já estava inscrita em dois. Pronto, resolvido: decidi patrocinar um cursinho preparatório bala. Passando, ela fica independente logo, não só lá depois de formada. Mesmo se ela não passar de cara, o cursinho tem aula de matemática, português e um monte de direitos, que são úteis para a vida e para a faculdade também, quando ela retomar.
Ela ficou muito feliz com a idéia.
E eu também.
Puxa! Fiquei emocionada com tua iniciativa...
ResponderExcluirE depois tem gente que diz que não existe mais razão de ser para o Feminismo no mundo, que os sutiãs já foram queimados e mais um monte de blá blá blá Whiskas Sachet!
E o mais legal: seu apoio vai ajudar a construir a autonomia dela para sempre! Parabéns!!!
Essa do cara sumir e não arcar com parte das despesas das crianças me dá nos nervos.
ResponderExcluirBoa sorte pra ela! Excelente investimento, Lud.
Beijos!
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ResponderExcluirPoxa, pensar no próximo já é dez, pensar inteligentemente no próximo é mil!
ResponderExcluirParabéns!
Que bom que ela aceitou! Assim ela vai poder decidir fazer o próprio curso nos termos dela - e enquanto isso, pode prover os filhos, passando em um concurso. Mesmo que seja um concurso mais simples no começo, é um ótimo ponto de partida. EHHHHHHHHHH!
ResponderExcluirEstou feliz por você e por ela!
Lud, só queria agradecer por vc compartilhar conosco as suas experiências feministas. Eu tenho 18 anos. Passei recentemente por uma fase de visitar inúmeros blogs de moda e maquiagem. Claro, comecei a achar que eu pre-ci-sa-va de 20 tipos de pincéis de make up e outras tantas inutilidades fashion. E agora, incrivelmente, eu abri os olhos. Ufa, ainda bem que foi a tempo. Ainda bem que foi antes de eu passar a juventude inteira escravizada, presa, sufocada. A sementinha foi o blog Síndrome de Estocolmo, que comentava sobre feminismo bem de leve, sem eu sequer me dar conta. Aí veio o Escreva Lola Escreva. O seu blog foi o grand finale na minha descoberta de um mundo todo novo. Obrigada.
ResponderExcluirBeijo!
Feminismo à parte, que coisa linda e honrada.
ResponderExcluirInfelizmente, também tenho tendência ao feminismo... Digo infelizmente porque acho que tudo que é "ismo" só serve para segregar pessoas.
Prefiro pensar que você faria o mesmo por qualquer pessoa - homem ou mulher - que se encaixasse no mesmo perfil.
A vida está cheia de pessoas como essas, e se vc pode fazer a diferença no mundo, essa é uma das maneiras. Sei que você não precisa de aplausos porque é uma mulher bem resolvida, mas parabéns!!!
Isso me lembra uma coisa q a Oprah falou uma vez...se vc ajuda uma mulher, vc está automaticamente ajudando mto mais pessoas =) adorei. E é por isso que concentro minhas doações no Global Giving pra mulheres e meninas, isso reflete em todo mundo!
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa, Lud!!
que lindo, lud! estou super orgulhosa de vc =)
ResponderExcluirPuxa, gente, fiquei sem graça com os elogios. Mas muito feliz por vocês terem achado que a idéia é boa e eficiente.
ResponderExcluirJux,
ResponderExcluirtambém tem gente que acha que o mundo "progrediu muito", "naturalmente" e "as coisas só tendem a melhorar para as mulheres". Aí eu conto pra elas os avanços só vieram com muito grito e muito esperneio. E que grito e esperneio continuam necessários.
Rita,
pois é, como se os filhos não fossem dele também! Não dá pra entender.
Klaudioca,
obrigada!
Dani,
ResponderExcluirexatamente o que eu pensei!
Ma,
eu também passei por essa fase de blogues de moda e maquiagem! E uma hora percebi: nossa, não ganho nada com isso. Num sentido muito prático mesmo. E decidi usar meus poderes para o bem =).
Camilinha,
acho que não é todo "ismo" que segrega, não... O feminismo, por exemplo, quer que todo mundo, mulheres e homens, tenham todos os direitos e todas as possibilidades. Quer é acabar com a segregação entre mulheres ("esfera doméstica") e homens ("esfera pública"). Mas o nome assusta algumas pessoas, eu sei.
Eu também gostaria de achar que eu ajudaria qualquer pessoa na mesma situação. Mas você imagina um homem sendo abandonado pela mulher porque ele está tentando melhorar de vida? E ela deixando as crianças com ele? E nunca ajudando financeiramente em nada? Pode acontecer, mas acho mais difícil. Na nossa sociedade, as mulheres estão em posição mais vulnerável. Infelizmente. (O bom seria que ninguém estivesse em posição vulnerável alguma.)
Flavia,
ResponderExcluirpuxa, é isso mesmo. Uma vez li um artigo sobre microcréditos concedido no continente africano. Falava que, quando as mulheres obtinham renda, elas educavam os filhos, ajudavam os mais velhos e contribuíam para a comunidade. Os homens compravam carros e bebiam mais.
Bela,
brigada!!!
Que legal, parabens por ter feito isso. Eu sempre fico emocionada com essas pessoas guerreiras (conheco homens assim tambem, que vao dar um futuro bem melhor pros seus filhos do que o que tiveram). As vezes eh tao dificil saber como ajudar - que bom que voce arrumou uma boa maneira!
ResponderExcluirBarbara - baxt.net/blog
Sabe, tanto o meu pai quanto a minha mãe são de famílias pobres. Tenho uma tia que teve dois filhos com um cara que não tava muito afim de nada. E ela teve muita dificuldade pra criá-los, porque também não tinha uma formação. Minha avó, quando era viva, dava boa parte da minguada aposentadoria de 1 salário mínimo pra essa tia, já que vivia com a gente e não tinha muito com o que gastar mesmo.
ResponderExcluirDaí que minha prima, filha dessa tia, tava repetindo a história da mãe. Engravidou aos 17 anos de um cara que deu no pé também. E eu e meu pai resolvemos fazer diferente: estamos pagando um curso técnico em radiologia pra ela. Coisa de 2 anos, não muito caro (quer dizer, começou mais em conta, mas agora já ta pesando no bolso, por conta dos materiais). Ela termina mês que vem, já tá fazendo estágio, e as perspectivas de encontrar um trabalho com uma remuneração digna são bacanas. Não é barato pra mim, sabe? Adiei minha pós-graduação por isso. Mas como você comentou aí encima, sem capacitar profissionalmente as mulheres não há perspectiva de mudança social sustentável.
Nossa, Iara, superlegal. E é mais significativo ainda se você está se privando de alguma coisa para ajudar sua prima.
ResponderExcluirMuito sucesso pra ela e pra você!