sábado, 2 de outubro de 2010

O Caso do Feminismo e os Bebês

Vou ser tia pela primeira vez, e estou feliz da vida. A irmã D. está grávida: o pequerrucho chega em dezembro.

A irmã D. sempre achou que ia ter uma menina. Tanto que, quando fez a lista de nomes, só pensou nos femininos.

Entrei na onda e comecei a fazer planos feministas para minha sobrinha. Nada de dar de presente bonecas barbie ou cozinhas cor-de-rosa, ou dizer que ela é uma princesinha (porque os avós, os amigos e o mundo já vão fazer isso o suficiente). Não, eu seria a tia que daria Legos, carrinhos, conjuntos de química e bolas de futebol. Que ia ensiná-la a bater de volta (em legítima defesa) nos coleguinhas ao invés de ir choramingar com a professora. Que ia dizer que ser física, astronauta ou presidenta é muito mais legal que ser modelo.

Mas a irmã D. e eu esquecemos de combinar com o feto, e ela vai ter um menino.

Fiquei meio no ar. Não sei se sei lidar com meninos: lá em casa somos três moças, e os primos são muito mais novos. Antes dos sete anos, eu não via diferença entre coleguinhas e coleguinhos (inclusive aplicando mordidas quando achava necessário); depois disso, fui para um colégio conservador, que era misto mas que botava o nome dos meninos todos no início da chamada e não incentivava muito a interação.

Em suma, eis meu problema: como é que se cria um sobrinho feminista?

14 comentários:

  1. Olha, acho que não é difícil não, viu? Porque, basicamente, a tarefa é não simplificar nada pra ele por ser menino. Tem que arrumar a cama, tem que lavar a louça, tem que saber que cuecas não vão parar limpas na gaveta assim, do nada. Esse já é um ponto. O outro é prestar atenção ao discurso dele para questionar sempre que ele trouxer julgamentos da rua (porque ele vai ser criado nesse mundo, né?). Acho que não facilitando as coisas e estimulando o pensamento crítico, o resto é a observação das mulheres a volta dele que vai se encarregar de fazer. Mas, né, tô chutando. A Rita co certeza pode falar disso com mais propriedade.

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  2. que linda!!! Parabéns Ludmlíssima!!!
    Enton... criar sobrinhos-meninos sendo feminista... olha, não curto receitas prontas, mas vou contar meu caso pessoal: sou tia de uma menina de 10 anos e um guri de 3 anos.

    Nunca dei bonecas/maquiagem/roupinhas rosa/etc para minha sobrinha (ela já tem tias/avós/etc que fazem isso que baste, como você mencionou). Sempre fui a tia que quer saber como ela vai na escola, se interessa por ela enquanto SER PENSANTE e SAUDÁVEL. Então, imagina meus comichões-alérgicos quando eu soube que uma tia-do-lado-da-família-do-pai-dela (ex-marido) da minha irmã, colocou a menina pra fazer... DIETA! Aos 10 anos vejo minha sobrinha inteligentíssima já pressionada por ideais estúpidos de beleza. BARALHO!!! E a menina não é gorda, nunca teve peso extra nem nada, só não era "sequinha-modelinho" feito uma das primas.

    Moro longe dela, então minha estratégia é pelo menos mostrar a ela, por exemplo, consumo de integrais e orgânicos, mostrando o valor dos alimento enquanto instrumento político e social. Não é muito, mas as sementes estão brotando na cabecinha dela.

    Já meu sobrinho fofíssimo-precoce-inteligente de 3 anos tem a mãe que é cof cof cof machista. Embora ela seja uma chefona-de-alto-posto-fábrica-automóveis-duas-faculdades-e-mestranda (ufa!) ela já tem ensinado alguns valores podres pra ele, tipo, coisas de menino e menina. E o que eu fiz? Despertei a curiosidade e o questionamento dele acerca desses valores. Tipo, ele me vê dirigir e agora tirou da cachola que isso é coisa "de homem". Esses tempos atrás ele me viu fazendo tricô e ele ficou ENCANTADO! Ficou louco para aprender, só não ensino porque ele é ainda pequeno e falta coordenação para lidar com fios e agulhas. BUT já estou introduzindo-o na lindeza do ato de cozinhar. Ele tirou da cabecinha que cozinhar é coisa de mulher. Quando visito meus pais, ele é meu escudeiro na cozinha, ajudando nas receitas e quebrando tabus.
    Bão... é isso!!!

    Beijukkkaaa e desculpa pelo comentário gigante! Willkommen Junge!!!

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  3. que linda!!! Parabéns Ludmlíssima!!!
    Enton... criar sobrinhos-meninos sendo feminista... olha, não curto receitas prontas, mas vou contar meu caso pessoal: sou tia de uma menina de 10 anos e um guri de 3 anos.

    Nunca dei bonecas/maquiagem/roupinhas rosa/etc para minha sobrinha (ela já tem tias/avós/etc que fazem isso que baste, como você mencionou). Sempre fui a tia que quer saber como ela vai na escola, se interessa por ela enquanto SER PENSANTE e SAUDÁVEL. Então, imagina meus comichões-alérgicos quando eu soube que uma tia-do-lado-da-família-do-pai-dela (ex-marido) da minha irmã, colocou a menina pra fazer... DIETA! Aos 10 anos vejo minha sobrinha inteligentíssima já pressionada por ideais estúpidos de beleza. BARALHO!!! E a menina não é gorda, nunca teve peso extra nem nada, só não era "sequinha-modelinho" feito uma das primas.

    Moro longe dela, então minha estratégia é pelo menos mostrar a ela, por exemplo, consumo de integrais e orgânicos, mostrando o valor dos alimento enquanto instrumento político e social. Não é muito, mas as sementes estão brotando na cabecinha dela.

    Já meu sobrinho fofíssimo-precoce-inteligente de 3 anos tem a mãe que é cof cof cof machista. Embora ela seja uma chefona-de-alto-posto-fábrica-automóveis-duas-faculdades-e-mestranda (ufa!) ela já tem ensinado alguns valores podres pra ele, tipo, coisas de menino e menina. E o que eu fiz? Despertei a curiosidade e o questionamento dele acerca desses valores. Tipo, ele me vê dirigir e agora tirou da cachola que isso é coisa "de homem". Esses tempos atrás ele me viu fazendo tricô e ele ficou ENCANTADO! Ficou louco para aprender, só não ensino porque ele é ainda pequeno e falta coordenação para lidar com fios e agulhas. BUT já estou introduzindo-o na lindeza do ato de cozinhar. Ele tirou da cabecinha que cozinhar é coisa de mulher. Quando visito meus pais, ele é meu escudeiro na cozinha, ajudando nas receitas e quebrando tabus.
    Bão... é isso!!!

    Beijukkkaaa e desculpa pelo comentário gigante! Willkommen Junge!!!

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  4. Parabéns pelo sobrinho!

    Meu filho tem cinco anos e algumas pequenas tarefas domésticas das quais ele já consegue dar conta. Dobra a roupa, põe a suja no cesto, tira os pratos da mesa, ajuda a arrumar a mesa, guarda brinquedos, etc. Com o tempo virão outras, como ajudar com a louça, por exemplo. Ele já me ajuda a fazer bolos. Brinca com a irmã e nós patrulhamos para que seja tudo de igual para igual. E ele, espontaneamente, brinca com ela de cozinhar nas raras vezes em que ela se interessa pelo assunto - a jogatina e a correria é que fazem sucesso por aqui. E quer saber? Quantos mais homens criados por mulheres com ideias feministas, melhor. De verdade, você vai ter a chance de contribuir para um a criação de um homem livre do machismo. Comemore.

    Beijos!
    Rita

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  5. Ah, transfira pra ele os planos que já tinha pra menina, rsrs...
    Ensine algumas coisas pra ele e sempre falando pra ele que pras mulheres é do mesmo jeito...

    Bjus

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  6. Eu sempre comprei brinquedos de todo tipo para meu filho, independente de serem considerados para alguns femininos ou masculinos. Mas gosto muito mais de brincar com os considerados "masculinos" ou os "unisex". Entao viraram tambem a preferencia de minha menina e menino ambos. Vez em quando ele chega em casa com a conversa de que isso eh de menino, aquilo eh de menina. Dou exemplos e desmancho no ato. Tambem tento faze-lo ajudar em casa, o que ele faz pouquissimo por enquanto. Continuo insistindo. Ele ve o pai fazendo espero que cresca sabendo que todos tem que ajudar. Mais importante de tudo, tento incentivar a delicadeza e a gentileza. Por sinao ele ainda abraca e beija os amigos, apesar de muitos da sua idade nao demonstrarem afeicao aos amigos dessa maneira. Ai, como espero que nao vire um troglodita.
    Parabens para voce e a familia toda, que o pequeno nasca cheio de saude. Vai se divertir de montao!

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  7. parabens pelo sobrinho!
    Tive esta mesma surpresa, quando estava gravida do meu filho fizemos a lista de nomes de meninas... Mas veio ele...
    Um menino feminista, se cria igual a se cria uma menina! E como bem disseram todas antes, prepare-se para desmistificar as separações de gênero que todo o resto do mundo faz...
    beijos

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  8. Ludinha,

    eu ando pensando muito nisso! Acho que a idéia é essa mesma - mostrar pra ele tudo que existe, não só as 'coisas de menino', e botar ele pra cozinhar (com tio Léo e mamã Dani, porque do meu mato não sai coelho e não posso ensinar o pequerrucho a fazer drinks - ainda), pra colorir, pra jogar bola, pra brincar de tudo que aparecer na frente :)

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  9. Pessoal,

    muitíssimo obrigada pelas dicas. Muito práticas e lógicas. Vou adotar todas.

    Agora que sei brincar, já posso descer pro play =).

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  10. Oi, Ludmila! Eu leio o blog há pouco tempo, acabo deixando para comentar depois, e acabo não comentando nunca, então esse post merece comentário de imediato, hehe.
    Bom, eu acho que essa é uma oportunidade de ajudar a mudar um pouco a mentalidade de separação de atividades por sexo e de interesses e de responsabilidades também.
    Acho que muito do ranço machista é porque homens foram criados por mães e por famílias machistas, muitas vezes não é pai que ensina esse tipo de coisa para a criança. Sem contar que eles são muito observadores, e acabam aprendendo a lidar com as mulheres (com todos, né?) da forma como vê elas sendo tratadas.
    Na família do meu namor, é esperado que a irmã dele lave a louça e ajude em outras tarefas domésticas, enquanto para o irmão mais velho não pedem nem que tire o seu próprio prato da mesa.
    Sorte que meu namor não seguiu esse pensamento, é meio questionador desde criança, e ajudava nas tarefas de casa, porque via que era em proveito de todos.
    Não dá para dar colher de chá para os meninos, assim como para as meninas também não (ou viram pessoas que acham que devem ser servidas o tempo todo).
    Acho que deves tratar igual trataria uma menina, como já disseram, para que ele veja que não deve fazer diferença entre as pessoas.
    Adoro teu blog!!! Uma lufada de ar fresco e inteligência nessa internet.
    Bj!!

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  11. Eba, adorei as dicas! Vou seguir todas... (e vou ter que aprender a brincar de carrinho, também ;)

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  12. muito legais os comentários.. e eu concordo, pq meu marido foi criado sem essas distinções ridículas de que existem tarefas de homem e de mulher. a irmã dele é engenheira mecânica e trabalha numa montadora, e ele, que casou comigo, faz todas as tarefas domésticas da casa, sem achar que está me "ajudando". Ele chega mais cedo que eu, então faz. simples assim. eu também fui criada assim, sei truques pra abrir os vidros mais difíceis, aprendi a trocar resistência de chuveiro, pneu de carro, e a administrar minha vida financeira. em casa, quem negocia o aluguel (e quem negociou a compra do apartamento) fui eu. quanto mais esses clichês ridiculos forem derrubados, melhor vai ser pra todo mundo.

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  13. http://togetherforjacksoncountykids.tumblr.com/post/14314184651/one-teachers-approach-to-preventing-gender-bullying-in

    o sobrinho já deve estar grande agora, mas esse artigo vale muito a pena!!

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