Então vamos lá: para gastar menos do que se ganha a receita é...
Passo 1) raio X da situação financeira
Para isso, são necessários duas apurações:
I) saber exatamente quanto entra todo mês. Isto é, salário líquido + rendimentos em geral (ganhos em aplicações, aluguéis etc.)
Alerta importante: cheque especial e limite do cartão de crédito não entram nessa conta! Só porque o dinheiro está disponível não quer dizer que ele seja nosso. Muito antes pelo contrário; os juros desses recursos são altíssimos. O privilégio de usá-los custa muito caro no fim do mês.
Já 13º, 1/3 de férias e restituição de imposto de renda entram na conta, sim. Mas é bom lembrar que eles só ficam disponíveis em momentos determinados e, portanto, não devem ser empregados antecipadamente (alguns bancos adiantam a restituição, mas eles cobram - caro - por isso.
II) saber exatamente quanto sai todo mês. Saber mesmo, na ponta do lápis. "Ter uma ideia" não é suficiente.
Não precisa de muita tecnologia. Um caderninho e uma caneta resolvem. Planilhas no computador e programas de gerenciamento financeiro são ótimos, mas se for complicar a vida, e melhor deixar pra lá (ou para um segundo momento).
O objetivo é saber exatamente quais gastos estão sendo feitos. É legal dividi-los em categorias. Por exemplo:
- gastos fixos: aluguel/financiamento, condomínio, água, luz, internet, mensalidades de escola/faculdade, curso de línguas, natação;
- gastos variáveis: alimentação, supermercado, gasolina, farmácia, saídas, presentes;
- gastos anuais: IPVA, IPTU, matrículas.
Depois de uns dois meses anotando, dá pra ter uma ideia bastante boa da situação financeira. Aí é hora do
Passo 2) análise da situação financeira
Nossos rendimentos são maiores do que nossos gastos? Ótimo. São parecidos? Muito bom, mas arriscado - um imprevisto pode atrapalhar o equilíbrio. São menores? Precisamos agir imediatamente.
Há duas maneiras de equilibrar a equação: uma é ganhando mais, outra é gastando menos.
Mas se dedicar só à primeira não resolve: tem gente que, quanto mais ganha, mais gasta. Então, manter o controle das despesas é essencial.
Então, vamos nos fazer duas perguntas:
- dá pra ganhar mais? Às vezes não é tão difícil: tirar o dinheirinho que está na poupança e aplicar na renda fixa, nesse momento, é uma boa. Dá pra fazer hora extra? Pedir aumento de salário? Mudar de emprego? Cabem muitas reflexões nessa hora, inclusive a eterna "o que é mais importante para mim, tempo ou dinheiro"?
- dá pra gastar menos? Esse lado da equação é mais fácil de manipular, porque está principalmente em nossas mãos. Conseguir um aumento depende de um terceiro, o chefe; diminuir o número de saídas - ou preferir restaurantes mais baratos -, não.
É também mais doloroso. Afinal, significa basicamente questionar nosso modo de vida. As pessoas tendem a achar que todos os nossos gastos são essenciais, e de fato são - para a maneira como a gente se vê, como definimos conforto, como definimos sucesso. Mas não, obviamente, para nossa sobrevivência.
Vamos ser sinceros: precisar, precisar mesmo, a gente precisa é de um teto, água encanada, energia elétrica, alimentação e roupa. Transporte, para chegar ao trabalho. Escola para as criança, para quem tem. E, vá lá, internet.
O resto, gente, é conforto, alegria e satisfação, mas necessidade não é. Sim, nem só de pão vive o ser humano, mas estamos falando do mínimo, né (sem nem entrar na questão de que existe muita gente que nem esse mínimo tem).
(E mesmo o mínimo é gerenciável. Dá para procurar um aluguel mais barato, economizar energia, tomar banhos mais curtos, gastar menos com roupa - o que pode significar comprar menos peças de roupas mais caras e que durem mais -, ter um carro econômico ou usar transporte público...)
Se em vez de pensar em cortar do nosso total, fizermos a conta do mínimo necessário e depois irmos acrescentando "agrados", talvez fique mais fácil montar o orçamento. Diminui aquela sensação de perda, sabe?
Passo 3) ação
Porque não adianta fazer os melhores controles e análises do mundo deixar de colocar as decisões em prática, né?
Enfim, o assunto é complexo e rende um monte de posts. Para mim, é muito interessante conversar sobre o tema porque daqui uns meses eu começo "a vida normal" (morar em Brasília, voltar a trabalhar) e aí vou ter de fazer todas essas opções: morar de aluguel ou financiar um imóvel? Escolher um apartamento mais bonito ou mais econômico? Quanto dinheiro estou disposta a gastar para mobiliar o novo lar? Vou andar de carro ou de ônibus? Se carro, novo ou usado, popular ou sofisticado? Que porcentagem do salário reservar para a diversão? Quanto quero guardar para o próximo projeto/aventura?
É como se eu estivesse começando minha vida de casada de novo. Só que agora eu estou mais esperta...
Ha, como vc precisasse de dicas pra economizar ;D
ResponderExcluirEu aprendi fazendo igual fazia com salário de estagiária (e tinha pais pra me bancar em casa): recebia, depositava tudo que eu queria economizar, e depois via o que tinha disponível pra gastar (e às vezes poupava parte dessa grana também). Depois que a gente aprende, fica automático ;)
BTW, recomendo carro semi-novo: toda a desvalorização que ele sofre ao sair da concessionária já aconteceu. É só achar alguém doido com carro, que cuida bem e gosta de trocar sempre, e comprar tudo que ele quiser vender.
Eu também sou fã dos seminovos!
ExcluirCaramba, isso é algo que me incomoda muito. A grana é bem curta (sou formada, mas concurseira), e é uma luta pra não enfiar o pé na jaca. Porém, sei que se eu não aprender agora, quando a grana começar a entrar, não vou ter disciplina também. =/
ResponderExcluirAmo seu blog!
https://amandismos.wordpress.com/
Amanda, o legal é que você já pensa nisso. Aí, quando passar em um concurso, não vai sair gastando feito uma doida, rs.
ResponderExcluirQue bom que você gosta do blog!