segunda-feira, 13 de abril de 2020

Diários do corona, parte I

As últimas semanas foram complicadas para todo mundo (e todo o mundo). Aqui nas Filipinas, a quarentena começou no dia 12 de março e no dia 16 já virou quarentena reforçada, com praticamente tudo fechado e transportes todos suspensos.

Só uma pessoa da família pode sair de casa, para comprar comida e remédios. Essa pessoa é o Leo, que sabe chegar aos lugares e tem força para carregar sacolas pesadas. Ele vai ao supermercado uma vez por semana. Quanto a mim, estou em casa desde então, trabalhando sem parar, atendendo os turistas brasileiros que ficaram retidos nas ilhas quando os voos domésticos foram cancelados - e muitos internacionais também. 

Não teve feriado, fim de semana ou fim de expediente. Foram muitas aventuras, que incluíram fretar um avião para resgatar os brasileiros em sete regiões diferentes e que decolou sem ter permissão para pousar nos dois últimos (sim, elas foram conseguidas durante o voo) e uma quebra de isolamento para ir ao Aeroporto Internacional de Manila embarcar 34 brasileiros (de máscara e com muito álcool gel). A sorte é que os colegas de trabalho são ótimos e estivemos todos juntos nessa empreitada. Os repatriados chegaram ao Brasil neste domingo de Páscoa, então as coisas no trabalho estão mais calmas. 

Se der tudo certo, na quinta-feira saio de férias. Como a quarentena foi estendida até 30 de abril, não vou poder sair do país, da cidade ou de casa, e vai ser ótimo. Estou precisando é de cansar de descansar. 

Em suma, eu e o Leo estamos muito bem. Temos casa confortável para nos isolar, internet, tevê a cabo, livros, dinheiro para comprar comida. Temos um ao outro. Estamos tomando muito cuidado para não nos contaminarmos, nem contaminarmos ninguém. Tentamos ajudar os entregadores de comida com gorjetas gordas, os funcionários do prédio com produtos de higiene, o Projeto Bantu com doações, os vizinhos com pequenos favores. É uma gota no oceano, mas é melhor do que nada.

6 comentários:

  1. Não sei porque me emocionei com teu post. Tb tentei ajudar pessoas que estavam sem comida em casa e sem dinheiro para comprar. Eu cuido do meu pai idoso, diabético e com início de demência. Tenho um irmão tb diabético e com asma. Até agora tá tudo bem e esperamos que continue assim. Orar e tentar pensar que vai melhorar. Me sinto privilegiada, sou aposentada, do judiciário, e continuo recebendo meu salário. Tudo acontece por um motivo, só saberemos qdo tudo passar. Bjs

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    1. Querida, somos privilegiadas mesmo. É importante nos lembrarmos disso para ir levando a situação da melhor maneira possível! Um dia de cada vez.
      Beijos e fiquem bem, você e sua família!

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  2. Muito bacana o trabalho de vocês. Me lembrou qdo eu trabalhava, um time dando o seu melhor.

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    1. É muito bom, né? A gente nem se importa de morrer de trabalhar, porque está todo mundo junto!
      Beijos!

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    2. Hahaha, talvez "morrer" não tenha sido a escolha vocabular mais feliz...

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