domingo, 8 de novembro de 2009

O Caso da Opressão Interna

Continuo firme e forte no meu propósito de não usar cosméticos e roupas reveladoras. E foi tudo muito bem até... ontem.

Vamos lá: o meu intercâmbio profissional para a Austrália exige que o pessoal do grupo passe por um monte de reuniões e preparativos. O povo é gente fina e estou me dando bem com todo mundo, especialmente com as duas moças, a D. e a S., que são especialmente alegres e legais.

Ontem houve um encontro. A D. estava toda arrumada, maquiada, com a pele perfeita e longos cabelos lisos e com luzes. E eu me senti meio... desleixada.

Se a D. fosse fresca, provavelmente eu não teria tido essa reação. Eu assumiria uma atitude de superioridade moral, do tipo "também, é uma cabeça oca que só se preocupa com a aparência". Só que a D. não é enjoada: ela fala um monte de palavrão, adora dirigir (bem e rápido), dá plantões de 48 horas, bebe. Ou seja: ela é uma pessoa legal - que, entre outras coisas, se preocupa com a aparência.

Devo dizer que não acho que alguém teria me tratado de maneira diferente caso eu tivesse arrumada. Foi tudo normal, e eu ainda fiquei trocando risadas e piscadelas por um bom tempo com uma criança de dois anos que gostou de mim. O que quer dizer que a minha reação foi totalmente infundada, baseada numa pressão vinda de mim mesma. Eu não estava realmente desleixada: se eu fosse um homem, as pessoas diriam que eu tinha até caprichado no visual.

Ou seja: as milhares de revistas femininas/propagandas de produtos de beleza/filmes hollywoodianos que eu vi fizeram seu estrago, e ele foi grande. Está internalizado. E anda junto com um sentimento de competição inteiramente ridículo.

Não quer dizer que eu vá desistir do meu novo estilo de vida. Mas indica que minha auto-estima está muito mais ligada à minha aparência do que eu imaginava - e é justamente disso que eu estou querendo me livrar.

2 comentários:

  1. Pois é, eu devo dizer que sempre senti uma cobrança interna muito maior que a externa... Mas eu não sou a pessoa indicada pra dizer, já que não sou muito de me incomodar com a pressão externa sobre qualquer coisa.
    Mas acho ótimo que vc esteja fazendo essas análises.

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  2. uai, desde quando eu virei o padrão de pessoa legal? vejamos: fala um monte de palavrão (check!), adora dirigir (bem e rápido) (tirando o bem, check!), dá plantões de 48 horas (check!), bebe (cheeeeck! =)

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