terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O Caso da Aparência Atual

Eu digo que não uso mais maquiagem, e as pessoas imediatamente passam a achar que eu vou andar esfarrapada. Traje de luxo sendo, claro, moletom e havaianas, para usar em casamentos.

Não é bem assim. No início do meu feminismo prático, eu tive um momento de iluminação sobre um mundo no qual a aparência não importaria e seríamos julgados por nossos eus interiores (aquele que cosmético nenhum dá conta de embelezar). Depois achei que o planeta não estava pronto para isso. E me conformei em seguir os padrões estéticos exigidos do homem ocidental.

Roupa limpa, não-amassada, nem muitos números acima ou abaixo do seu. Sapatos confortáveis de cores neutras. Unhas limpas e curtas (corto umas duas vezes por semana). Cabelo curto (não muito, por enquanto) e penteado. Vestimentas que não apertem, piniquem, restrinjam os movimentos ou prendam a circulação.

Continuo parecendo mulher. Continuo tendo peito (pouco), quadril (muito) e voz fina. E também continuo sem entender por que cargas d'água é tão importante reconhecer o gênero de uma pessoa a metros de distância. É pra discriminar melhor?

10 comentários:

  1. 29/12/2009 - 11h21
    Rabinos de Israel acusam aborto de atrasar chegada do Messias, diz jornal
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    da Folha Online

    Dois grandes rabinos de Israel se pronunciaram contra o aborto por acreditar que a prática atrasa a "redenção messiânica", informou nesta terça-feira o jornal israelense on-line "Y-Net". Cerca de 50 mil interrupções voluntárias de gestações são realizadas por ano em Israel, de acordo com os líderes religiosos.

    Israel passa por uma "autêntica epidemia que leva a cada ano a vida de dezenas de milhares de judeus" e que, "além da gravidade do pecado, atrasa a chegada do Messias", afirmaram o grande rabino ashkenazi Yona Metzger e o grande rabino sefardi Shlomo Amar em carta para todas as comunidades judaicas.

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  2. Concordo com vc, desde o início do ano parei de fazer aqueles "rituais" que só as mulheres são obrigadas a fazer, como escova, deiar as unhas compridas, usar salto... e me sito bem melhor agora :)

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  3. Hehe, agora eu não faço as unhas por opção - as opposed to não fazer por preguicinha (e ficar me sentindo uma meleca culpada). Estou bem mais feliz =)

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  4. "também continuo sem entender por que cargas d'água é tão importante reconhecer o gênero de uma pessoa a metros de distância. É pra discriminar melhor?" Eis uma pergunta que eu nunca tinha me feito antes... Totalmente Foucault: preste atenção ao "óbvio"...

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  5. Anônimo,
    quando mulheres judias puderem ser rabinas eu topo discutir o assunto aborto com eles. Rá!

    Cynthia,
    não é bom demais? A gente ganha tanto tempo na vida!

    Daninha,
    e ainda tem outra vantagem em não fazer as unhas: é que elas deixam de ser decorativas e se tornam instrumentos para desfazer nós, arrancar adesivos, abrir embalagens e muitas coisas úteis!

    Rita,
    não é bizarro esse negócio? Ando tão desconfiada do "óbvio" ultimamente...

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  6. Eu poderia escrever um livro com os comentários de brasileiros e brasileiras sobre a Suécia. Um deles que mais me chama atencao por ser recorrente e por ter vindo de mulheres todas as vezes que eu escutei é: "Aqui eles nao furam as orelhas das meninas no hospital entao nao da para saber se a crianca é menino ou menina", geralmente num tom reprovador. Eu nao sei se me surpreendo ou me revolto com isso. Primeiro porque acho nao entendo porque apenas os bebes com vagina precisam sofrer com as orelhas sendo furadas. Segundo porque eu me apavoro que as pessoas achem errado NAO furar as orelhas dos bebes. Para mim isso é uma decisao de cada um, quando a crianca ficar mais velha decide se quer usar brinco ou nao, entre tantas outras coisas.
    Beijos e feliz ano novo

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  7. Lud e Daniela,

    A unha recém feita é excelente desculpa pra fazer o marido lavar a louça quando é a nossa fez e bate uma preguicinha. No mais, o esmalte nunca dura mesmo porque, apesador de gostar do coloridinho, não dá pra virar dodoca por conta dele.

    Paola,

    Sabe que eu estava pensando nisso outro dia? Minha mãe furou minhas orelhas quando eu era bebê. Quando contei isso a família com quem eu vivi na França, a mulher achou cruel e desumano da parte da minha mãe. Sua filha tinha 6 anos e orelhas não-furadas. Uma vez, aos 5, pediu à mãe para furá-las, a mãe disse : "ok, mas vai doer e sangrar um pouquinho", e ela desistiu.

    A minha mãe tinha a melhor das intenções, porque é óbvio que não tenho nenhum trauma. Mas também não tive nenhuma escolha. E decidi, há uns dias atrás, que se tiver uma filha um dia, vou deixar que ela faça essa escolha. Porque só assim parece legítimo pra mim.

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  8. Ué, se o Messias sofrer uma tentativa de aborto não era para ele escapar milagrosamente? Aí sim seria o tal de Messias. Os rabinos tinham é que incentivar o aborto :)

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  9. Paola e Iara,

    essas decisoes que tomam para a gente sao fogo mesmo. Imaginem se as maes mandassem fazem tatuagem nos bebes? Todo mundo ia ficar horrorizado. Furar orelha e tao alteracao corporal quanto.

    Tenho a impressao que, nos Estados Unidos, quase todos os bebes do sexo masculino sao circuncidados, o que tambem e uma violencia. So que em tese facilita a higiene e diminui a transmissao de doencas, ou seja, tem utilidade (embora hoje em dia tem medico que discorda). Furar orelha nao tem utilidade alguma, que eu saiba (alem de escrever o sexo do bebe na testa, quer dizer, nas orelhas).

    Anonimo,
    e verdade!

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  10. Descobri o blog por acaso e adorei!
    Também não faço as unhas nem outros rituais "obrigatórios" femininos. Só uso salto alto em casamentos e acho que roupa e sapato têm de ser confortáveis (me lembra tortura chinesa usar aqueles sapatos de bico finíssimo). Estou me sentindo mais normal agora que li este post os comentários, thanks!

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