quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Caso dos Cabeulos

Na cidade onde eu moro faz um calor desgraçado. E meu cabelo tá caindo que é uma coisa. E em fevereiro vou passar um mês fora, e já me avisaram que lá o racionamento de água é coisa séria, então os banhos tem de ser rápidos mesmo.

Solução racional para todos esses problemas? Cortar o cabelo, claro. Curto.

Eu já quis cortar o cabelo curtinho outras vezes, mas sempre encontrava uma grande barreira: e se eu ficar... (gulp) feia? Ah, o horror. Então eu continuava com o cabelo comprido, que é a "moldura do rosto", o "signo da feminilidade" etc. etc. Vocês se lembram na cena do livro "Mulherzinhas" (que também teve várias versões cinematográficas ótimas) em que a Jo vendia o cabelo para pagar a passagem da mãe para visitar o pai ferido na guerra, e uma das irmãs gritava: "Mas Jo, era sua única beleza!"? Pois é. Eu não podia cortar o cabelo, porque e se ele fosse minha única beleza? (Sim, eu cortaria para minha mãe visitar meu pai ferido, ou vice-versa, mas essa oportunidade nunca se me apresentou.)

Como agora estou na fase em que não me preocupo mais com a minha única beleza, porque afinal de contas eu não sou enfeite e não preciso ficar deleitando os olhos de ninguém, ontem fui ao salão e disse: quero cortar curto.

(Devo fazer um parênteses para contar como, anteriormente, era a saga toda vez que eu queria mudar o corte: eu folheava um monte de revistas femininas; olhava na internet; pesquisava se o cabelo que eu estava querendo ia valorizar o formato do meu rosto; confirmava se o formato do meu rosto era aquele mesmo; calculava se o novo visual ia me deixar mais bela/sexy/atraente; imaginava se eu ia ter de mudar a maquaigem para ressaltar mais os olhos ou a pele; e levava várias fotos para o salão.

Isso quando eu não queria trocar a cor também.)

A cabeleireira me deu umas revistas de cortes para eu escolher um, porque "curto", para quem corta cabelo, pode significar mil coisas. Dei uma olhadinha e gostei logo de um corte simpático cujo modelo tinha o cabelo da cor do meu.

Enquanto eu cortava, o pessoal do salão perguntou se o meu marido não ia reclamar. Tão normal isso, as pessoas acharem que a mulher é propriedade do homem, e que ele tem direito a decidir ou criticar a aparência dela. O que até faz sentido, né? Afinal, se mulher é enfeite, seu principal valor reside em sua beleza, e ai dela se modificar ou estragar essa característica.

Eu gostaria de ter respondido "no meu cabelo mando eu", mas confesso que só disse que o Maridinho achava tudo o que eu fazia bonito. O que é verdade, mas não ajuda em nada mulheres que têm namorados/maridos mala. (Se bem que talvez ajude, se elas perceberem que essa é uma atitude normal e saudável, e que eles ficarem dizendo que querem que elas façam escova definitiva não é prova de amor, não.)

De volta ao cabelo: escolhi o corte simpático, mas saí do salão parecendo a Odette Roitman, claro. Nem esquentei. Antes eu ficaria aflita, e lavaria o cabelo correndo para ficar menos com cara de mulher chata e rica, mas agora tenho coisas mais importantes a fazer. (Ok, irmãzinhas: chata eu já sei que sou mesmo, mas estou tentando disfarçar.)

Fiquei diferente de cabelo curto? Fiquei. De vez em quando passo por um espelho e tomo um sustinho. Acho que fiquei engraçada, ao invés de mais bela/sexy/atraente. E isso é legal. Ando tentando tomar decisões práticas e não estéticas, porque acho que o valor da praticidade é maior - sem falar que a estética é subjetiva e móvel, e aflitivamente ligada aos interesses da indústria do consumo.

10 comentários:

  1. Enquanto as pessoas acham que cabelo comprido eh feminino, sexy, bla bla bla, meu marido reclama quando eu deixo o meu crescer, porque ele diz que eu fico com "cara de todo mundo." E na verdade, ele acha que nuca de fora eh que eh sexy (e eu concordo).

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  2. Eu cortei o meu bem curtinho também... meu namo ficou meio assim, mas agora já acostumou~
    http://cammas.blogspot.com/2009/08/sobre-cortes-de-cabelo-e-uma-decisao_09.html
    Fico feliz que vc esteja se libertando de amarras estéticas... é bem mais pratico.
    Ah, e se vc mora em SP e não tem mto medo de coisas novas super recomendo que você procure o Soho academy, que é a escola de cabelereiro do SOHO, vc paga barato (uns 15 reais) e sai com cortes super modernos, e os alunos só começam a cortar cabelos no estágio final, então num precisa ficar com medo =)

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  3. Olha, você nem precisa de conselhos, mas quando me perguntam sobre cortar ou não, eu sempre digo: CORTA. Na pior das hipóteses fica feio, vc espera e ele cresce de novo. Nada é pra sempre, principalmente no quesito cabelo.
    Eu sou gorda e tinha medo de cortar o cabelo curto e ficar com cara de "batatinha". Até o dia em que me olhei no reflexo de um vidro e notei que estava sempre de cabelo preso. Então eu já me via o dia inteiro com algo parecido com cabelo curto, não faria tanta diferença. Foi uma mudança importante pra mim. Mais leve, mais rápido pra lavar e enxaguar. E fica tão bonitinho despenteado!

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  4. Aliás agora que notei... essa foto aí nem me representa mais. Os óculos e a gata continuam iguais, mas o cabelo, quanta diferença!

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  5. Legal! Fico louca pra te ver na semana que vem... e posso te dizer que eu estava justamente considerando cortar meu cabelo (que está uma eca) curto?

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  6. eu tb quero! eu tb quero!
    MOOOOOORRO de inveja de vcs irmãs aliens que têm o cabelo liso! se cortar curto pode até ficar feioso mas nunca vai ficar TOTALMENTE fora de controle =D
    quero ver fotos! manda pra mim? plzzz?

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  7. Nossa!! Eu tbm super quero ver foto!!!!!!!!!
    vc nao pode deixar todo mundo saber dos pormenores da sua vida e na parte mais legal (tipo, ver o cabelo Odette Roitman) deixar a gente na curiosidade!!!!!!!
    Posta uma foto, vai?!

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  8. Barbara,
    eu não tinha pensado nesse negócio da nuca. Não é que você tem razão?

    Carla,
    adorei a dica. Não moro em São Paulo, mas quem sabe a passeio?

    Ale,
    eu também estava andando de cabelo preso direto. E cabelo curto é muito mais fácil de cuidar, sem dúvida!

    Dani,
    corta! Corta!
    (Não tô te chamando da piscina gelada, não. Tô adorando. E como disse a Ale, cabelo cresce.)

    Bela,
    assim que eu tirar uma fotinha te mando, pode deixar.

    Setembro,
    te respondo num post!

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  9. Lembrei da minha mãe. Tinha cabelão, quando ficou grávida cortou tudo. Com nuca rapada com navalha. Isso passou há uns 6, 7 anos, quando ela cansou da encheção do meu pai e deixou crescer, mas uns dois meses atrás desistiu e cortou de novo. Não ornava, sabe. Não era ela.
    Eu lembrei dela quando você contou do pessoal te perguntando o que seu marido ia achar. Minha mãe sempre ouvia isso e a resposta dela já tava pronta: não gosta, mas eu não gosto de homem careca e ele é.
    Cresci ouvindo ela falar isso (ela adorava contar isso pra gente), então eu sou assim também. O cabelo é meu. Tem uns 4 anos que corto o meu e não deixo passar do ombro. Cada vez fica mais curto. E sempre tinha um que perguntava a mesma coisa (e olha que nunca cortei super curto, fica no máximo no queixo). Eu só contava a história da minha mãe. Calava geral na hora. =)

    E outra coisa que me MATA é me encherem por conta do cabelo do meu namorado. Ele tem cabelo comprido e cavanhaque (que era pra ser barba, mas só nasce no queixo), e TODO DIA tem um que fala, e as vezes uns que brigam comigo: como você deixa ele ficar assim?! Fala pra ele tirar.
    Acho o cúmulo! Povo sem noção! Beleza, mando ele cortar o cabelo e ele vai mandar no meu!? Nem morta!

    Adorei seu blog, vou terminar de ler e já assinei feed. Não perco mais.
    Beijinho!

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  10. conheci seu blog outro dia e achei muito interessante, vou até reler alguns posts seus sobre aparência com mais calma depois, pq o assunto merece reflexão mesmo. mas agora escrevo só pra falar de cabelos curtos: hoje uso compridos, um pouco abaixo dos ombros, mas já usei curtos (até joãozinho) por bastante tempo, e achava uma delícia. aliás, acho que toda mulher deveria tentar usar curto pelo menos uma vez na vida, pra ver como é bom,prático, bonito (eu acho lindo e feminino) e não mata ninguém : ) .
    Cris.

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