sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Demais

Minha cabecinha funciona de um jeito esquisito. É assim: eu posso ser feliz, mas não muito. 

É um sistema de freios e contrapesos. O sabático, por exemplo, foi maravilhoso, mas paguei por ele fazendo uma série de sacrifícios (e valeu muito a pena, recomendo). Já meu emprego atual me permite morar no exterior e ainda me remunera por isso? Não dou conta. 

Talvez seja a educação católica, que acha tão bonitinho sofrer. Talvez meus pais tenham sido muito comedidos com alegrias na minha infância e adolescência: "churrasco à tarde e festa à noite no mesmo dia? Não pode, é demais". Talvez todas as heroínas dos meus livros preferidos tenham que passar por muitos perrengues para alcançarem seus objetivos. 

Enfim. O primeiro passo é descobrir meus mecanismos malucos. O segundo é me convencer que minha vida não precisa ser uma obra de literatura, repleta de tensões e tragédias. Pode ser uma novelinha alegre, com muitas partes boas. 

Uma historinha feliz. 

2 comentários:

  1. Eita que sou também a rainha de ficar sempre com um certo receio de que alguma catástrofe vai estragar com tudo de bom que por ventura estiver me acontecendo. No meu caso, eu identifiquei que tenho um histórico familiar, a maneira como fui criada era assim (meus pais eram assim comigo). Até hoje, 36 anos na cara, mantenho essa mesma censura interna...

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    1. Não é? Não é? A gente tem de aprender a tomar as devidas providências (do tipo "vai viajar? Faça seguro") e relaxar. Tem coisas que estão fora de nosso controle, e toda a ansiedade do mundo não vai mudar essa realidade.

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