sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O Caso dos Filmes

Depois que a gente toma a pílula vermelha da Matrix, muitas coisas que antes passavam batido começam a incomodar. Na verdade, como a gente vive em uma sociedade machista, o surpreendente é que alguma coisa não incomode, né?

Nesta semana vi um filme chamado "The Boat that Rocked". A idéia é legal - um barco/rádio-pirata que transmite rock 24 horas por dia, na Inglaterra dos anos 60. Os locutores são doidões e divertidos, e vários atores saíram de seriados meio desconhecidos a que eu gosto de assistir. Tinha tudo para agradar, certo? Só que tem um detalhe: mulheres não são admitidas no barco. Para variar, elas ficam à margem da diversão. Elas só servem para fazer comida (tem uma cozinheira lésbica na tripulação) e sexo com os locutores, muitos dos quais têm uma aparência seriamente repelente. E é claro que essas últimas, que são trazidas numa lancha e consideram os DJs heróis do rock, são todas novinhas e lindas.

No universo do filme, milhões de ingleses escutam a rádio-pirata. Mais da metade são mulheres. Nesse universo imaginário, será que não teria nem uminha que também gostaria de ser locutora? Os roteiristas acham que não. A única ambição delas é transar com os DJs.

O interessante é que o filme tem fumaças de libertário. A rádio vai contra o "sistema", como demonstrado pelas tentativas governamentais de fechá-la. O rock é revolucionário. Pena que a revolução chega manca para as mulheres - a única liberdade que elas conquistam é a de fazer sexo com seus heróis.

Ontem fui assistira a "Lua Nova". E sabem que gostei bem? Quando eu não estava ofuscada pelos músculos do lobisomem Jake (igualzinho à Bella, que perde a fala umas boas três vezes com a visão do Jacob sem camisa), fiquei pensando como era legal a disputada personagem principal não ser uma gostosona decotada. Tudo bem, o vampiro Edward é chegado dela por causa de seu sanguinho saboroso, mas o Jake e o coleguinha de escola, cujo nome me foge, gostam dela como pessoa mesmo. E a Bella é "gente que faz": ela toma decisões e as executa. Confesso que ela é mais corajosa que eu, que nunca na vida ia me jogar daquele penhasco altíssimo. Estou desconfiada que, na questão "women-friendly", "Lua Nova" ganha mais pontos do que "The Boat that Rocked".

PS: Durante o filme, algumas dúvidas me atormentaram: por que vampiros têm de ser tão afetados (sim, Volturi, estou falando com vocês)? Por que a Bella Swan pisca tanto o olho e franze tanto a testa? Por que a realeza vampiresca é formada por três vampiros homens e nenhuma mulher? Por que o diretor achou que fosse uma boa idéia botar o torso pálido e magro do Edward na telona? Por que a Bella insiste em ficar com o vampiro cabeçudo e gelado, que faz careta toda vez que vai beijá-la (é ele "se controlando", eu sei, mas não é agradável) e não com o lobisomem quentinho e gostosão que a adora?

PS 2: Só pode ser porque a Bella já sabe: o Jacob tem de ficar é comigo (licença poética, Maridinho. Licença poética.).

10 comentários:

  1. Já falei que o ideal era o corpo do Jacob com a cabeça do Edward. Porque aquele nariz de chapoca do Jacob ninguém merece! rs
    Mas eu e uma amiga estamos bem inclinadas ao Emmet - depois te mando umas fotuxas...rs

    bjo,

    Chris

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  2. Oi, Lud!

    É muito legal acompanhar seu blog e suas mudanças. Às vezes é triste não se questionar, as coisas perder um pouco da cor, sabe?
    Meu namorado sempre diz que ele era muito mais feliz e contente antes, que ele podia rir de qualquer coisa sem perceber o quão ruim era a piada.
    É... a ignorancia sempre é uma benção.

    Aproveitando, abre espaço para seguidores, fica mais facil encontrar seu blog!

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  3. Outro dia eu tava buscando um filminho legal pra baixar na internet, quer dizer, ir no cinema, hihihi, e quase peguei esse do barco do rock. Mas depois que vi no trailer um dos radialistas num quarto com uma centena de garotas nuas, sabia que ia me estressar e desisti do filminho. Parece que foi uma sabia decisao! Dai assisti UP e gostei, apesar de ser bem tristinho... Esse de vampiros ainda nao entrei na onda nao.

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  4. Chris, eu adoro o nariz batatinha do Jacob!
    Tudo bem a gente ter gostos diferentes: quando encomendarmos nossos clones não fica igual.
    Emmet who? Um que tem carinha de doido?

    Carla, concordo que quando a gente é inocente ri mais das piadas. Mas acho que tem uma solução: exigir dos humoristas situações cômicas que não desvalorizem as minorias, né? Piada de político, por ex., pode. E vamos combinar: eles dão material adoidado!

    Amanda, e o pior é que o filme tinha potencial... Agora o UP é demais, eu adorei. Apesar de ter me desidratado de chorar nos primeiros minutos, claro.

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  5. ei! o jacob eh MEU, eu li primeiro, eu vi primeiro, e sou team jacob desde criancinha! =) beijos gelados de amsterdam!

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  6. Oi, Bela!
    Como disse o Leo, o Jacob tem abs suficientes pra umas quatro pessoas. Então a gente pode dividir!

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  7. Olá, Lud!

    Sobre o Lua Nova, ainda que o filme possa passar uma imagem de uma Bella independente, os livros dizem totalmente o contrário. É sempre "sem Edward, não posso fazer nada", uma insegurança insuportável dela que vai até o fim. Essa é uma das coisas que me impede de gostar tanto dos livros quanto dos filmes...

    De qualquer forma, comecei a acompanhar seu blog há pouco tempo, mas parabéns pelas suas mudanças!

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  8. Nossa Lud , até vc na onda dos vampiros ? rsrs
    Eu achei que era a única mulher com tendências feministas que se permitia gostar desse romance meladinho e com toques de submissão ... rs
    bjao

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  9. Peralá, peralá! The Boat That Rocked é (com perdão da expressão que afinal cai tão bem) BASEADO em fatos reais. Pois é, aquele barco realmente existiu. E a velha Grã-Bretanha, naquela época, ainda era um bocado conservadora (quase uma redundância) em relação às mulheres e seus empregos.
    Os produtores, roteiristas ou diretor poderiam ter revisto isso, mas fugiria totalmente à verdade.
    Acho que a mulherada estava mais preocupada com outros tipos de revoluções que não as das ondas de rádio...
    Não ver o filme por conta disso, aaahhh... Como diria o Frank: RELAX! rsrsrsrs Afinal, o filme é bem divertido.

    Teus textos são sempre excelentes - muito obrigado por me proporcionar tantos sorrisos e tantas reflexões - e volta e meia vou aparecer por aqui pra dar um pitaco masculino (não machista!!) nesse seu espaço tão bacana.

    Bjs!

    ML

    P.S.: só pra constar, a Lud do Ludmilices é a MINHA Lud e ela detestou Crepúsculo, por isso nem viu o Lua Nova, mas adorou o Barco...

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  10. Well,

    Embora ache radical o seu processo de mudança, ele tem muito sentido e eu compartilho de muitos de seus questionamentos.
    Mas quanto a Lua Nova e à saga Crepúsculo como um todo, tenho que discordar. Bela Swan é uma chata de marcar maior. Aquele papinho de menina tímida e altruísta não cola pra mim. Quem é tímida e não quer chamar a atenção não insiste com um cara que em primeira mão parece ter horror a ela e, em segunda, diz que é perigoso para ela. A menina tímida não insiste com o cobiçadão-ricaço da escola.
    Além disso tem uma coisa péssima pra cabeça de adolescente nesses livros: a ideia de que a força do amor vence as pessoas, que elas mudam por amor. Pessoas não mudam por amor, mudam porque sentem necessidade de mudar. Se um cara diz que ele é uma pessoa complicada e a relação não vai dar certo e sofrer, é melhor acreditar e se afastar. Porque esse papinho é sempre aquele de se eximir da responsabilidade. "Olha, eu te avisei que eu era complicado, você sempre soube desde ou início", ele diz quando se cobra o sofrimento causado pelas suas complicações. Aliás, mulher nem cobra, porque ela sabia que ele tinha avisado, então a culpa é dela. Como a culpa é de Bella se Edward não aguentar e a matar. Final pelo qual eu torci muito. Seria criativo!

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