Uma coisa que sempre me irritou, mesmo quando eu era uma vaidosinha de marca maior, era que as atividades de embelezamento eram um suplício de Tântalo, ou um trabalho de Sisífo, ou simplesmente um trololó sem fim.
Você faz as unhas, elas descascam. Você depila, os pelos crescem. Você pinta o cabelo, a raiz aparece. Você faz exercício e dieta, e tem de ser pra sempre. Você quer seguir as tendências, então tem de fazer compras a cada lançamento da estação.
Se fosse isso, até que estava bom. Mas não é. Unhas se quebram. Pelos encravam. Cabelo resseca. Dieta irrita. Roupas não combinam. Ou seja, você não só tem de cumprir um monte de rituais: tem também de encarar os efeitos colaterais!
Uma das minhas maiores decepções foi depilar as pernas com cera. Doeu pra burro. Imediatamente, a pele ficou cheia de pontinhos vermelhos, nos lugares em que os pelos foram arrancados. E sobraram alguns que eu tive que tirar com pinça.
Quando eles começaram a crescer de novo eu corri no salão, ao que a depiladora me disse, cheia de piedade: “não cresceu o suficiente para a cera agarrar”. Ou seja, existia um período que eu já não podia usar saia, mas ainda não podia me entregar a tortura de novo. E isso tudo antes dos pelos começarem a encravar horrivelmente, e eu não usar roupa curta de jeito nenhum.
A coisa ficou tão feita (literalmente) que até minha mãe, aquela mulher sem vaidade e contra intervenções estéticas, concordou em me levar no dermatologista. Que era um dermatologista clínico competentíssimo que, se eu não estava morrendo, achava que eu estava ótima (e me dizia isso toda vez que eu reclamava de uma espinha. Ele se importava era com borbulhões e alergias fatais). Que me disse, muito simplesmente, que a solução era parar de depilar. O que me indignou grandemente, é claro.
Resumo da ópera: alguns anos de sofrimento após a primeira depilação, parei num endocrinologista que me botou na pílula. Pro resto da vida, porque se parar, os pelos engrossam de novo. (Na época, confesso que achei ótimo, porque já estava namorando firme.)
E lá me fui tomar hormônios, cheia de alegria. O tratamento demorou meses para realmente fazer efeito (nos quais eu devia, diariamente, expor minhas pernas ao sol e passar uma loção pegajosa com ácido salicílico), mas finalmente funcionou. Dei sorte da pílula não ter me provocado nenhum efeito colateral.
Mas é fogo, né? A bula do remédio anuncia que ele é eficaz contra doenças causadas pelos hormônios masculinos produzidos pela mulher. Pelo é doença, galera.
Ok, admito que eu não gostaria de ter bigodes. Mas gostaria muito de viver em uma sociedade em que eu não precisasse ter arrancado meus inofensivos pelinhos da perna, pra começar.
Bem, vou dar meu pitaco. Pelos são doença sim, em alguns casos, chamada hirsutismo, uma consequência da Síndrome dos Ovários Policísticos, por exemplo. Como tenho SOP, com conhecimento de causa, posso dizer: é horrível viver com a sensação que mais dia ou menos dia, você vai ter que gritar de dor com a cera tentando se livrar deles. Você passa a odiar pelos, com todas as suas forças; e fica monitorando se estão crescendo mais ou menos, e controlando com remédios.
ResponderExcluirMas cada um(a) lida com esse detalhe conforme pode, não é? Eu estou de macaquinho agora, com a perna cheia deles, fingindo que não estou vendo nada. Com exercício mental, a gente se livra da neura.
Já pensou em descolorir?
Abs,
Ada
Lud, esse negócio de bigode é interessante, porque é unânime entre as pessoas que "mulher de bigode é HORRÍVEL, AAAAAAHHHH!!!", e eu tb tinha essa mentalidade. Por um acaso, eu não tenho bigode, só akeles pelinhos dos lados do lábio(q qdo a gente toma leite fica branco, sabe??), então isso nunk foi uma preocupação mto gde pra mim, embora algumas vezes eu tenha arrancado esses míseros pêlos com pinça e, MEU DEUS, como dói. A gente acostuma com a dor da depilação em cada lugar do corpo, e qdo começa um lugar novo, lembra como é a dor inicial!!! HORROR!
ResponderExcluirMAS, voltando ao bigode, eu tinha essa mentalidade...até conhecer Frida Kahlo, num documentário q assisti...daí pesquisei mais sobre ela, a vida, a arte, tudo. E uma de suas netas dizia no documentário: "ela era bem mente aberta, tinha amantes homens e mulheres, e ostentava um bigode escuro e comprido com muito orgulho." Daí eu pensei "nossa q feio mulher de bigode blábláblá...mas peraí! Essa é a Frida, eu adoro ela! Foi uma mulher a frente do seu tempo, revolucionária, incrível! Se ela tinha bigode e orgulho dele, QUE BOM pra ela! Afinal o bigode era dela, o rosto era dela, apenas ELA poderia determinar o q acontece em seu corpo e ninguém tem nada com isso!" A partir de então, me libertei desse negócio de "nojinho de mulher de bigode".
Cada um faz o que quer com seus pêlos =D
Olha ela aki, linda(ao meu ver), com o bigode!!
ResponderExcluirhttp://images.smarter.com/blogs/frida%20kahlo.jpg
RESSALVA: quando falei do 'macaquinho', falei da roupa que vesti hoje, tá?
ResponderExcluir;)
Voce esqueceu de mencionar a tinta dos cabelos! A partir do momento que vc comeca a pintar (no meu caso, fazer luzes), tem que retocar a raiz e ainda por cima o cabelo fica mais ressecado (e precisando de hidratacao e/ou corte mais frequente).
ResponderExcluirE ai que eu passei mais de 15 anos achando que nao dava pra viver com meu cabelo da cor original. Pela primeira vez estou deixando ele sem tinta, esta sendo uma experiencia interessante (e a textura melhora muito, meu cabelo esta ate brilhante!)
E veja so, nao estou falando de depilacao, que fica "feio" (entenda como quiser) se nao fizer. Estou falando de uma coisa absolutamente facultativa.
Eu sempre penso no quanto o mundo é misógino só de lembrar que para ir à praia um homem só precisa vestir uma sunga enquanto as mulheres têm que depilar as pernas, axilas e virilhas (e não estar gorda) e que se ela assim não o fizer será chamada de porca e relaxada.
ResponderExcluirAshlen, isso de que a mulher "têm que depilar as pernas, axilas e virilhas" é uma obrigação falsa e imposta injustamente às mulheres e meninas. É possível não deixar isso te afetar, acredite, eu contei aki pra Lud que passei 10 dias na praia, no começo desse ano, com pernas, axilas e virilha NÃO DEPILADAS, com os pêlos BEM compridos, tipo, de 5 meses sem depilar. É uma escolha =)
ResponderExcluirmas concordo com vc, Ashlen, q o mundo é misógino, e justamente por perceber isso eh que eu libertei meu corpo, afinal, ele é meu! não sei se terei coragem de ficar assim pra sempre, se não vou mais cair na ladainha misógina e nojenta...mas espero q não!
ResponderExcluirGente, eu estou presa na armadilha. Eu depilo de cera (dói, mas também não é a morte!), e quando os pelos crescem eu não uso saia, e a axila ainda é pior, porque ainda em Salvador faz muito calor, e no período que os pelos já aparecem mas "ainda não agarram na cera", eu tenho que usar manguinhas. Eu não consigo fazer diferente, não acho bonito. O ritual é dolorido? É. Mas pra mim é um mal necessário!
ResponderExcluirBeijos a todas!
Ah, falei brevemente do seu blog lá no meu, já que coloquei na seção de links tenho que apresentar aos leitores! hahaha... Beijo!
ResponderExcluirBarbara:
ResponderExcluirNunca pintei meu cabelo e vivem me dizendo que meu cabelo castanho precisa de uma corzinha (!), meus primeiros brancos estão aparecendo, quando digo que vou deixá-los brancos minha mãe é a primeira a dizer que vai ser ridículo, isso já causou altas discussões entre nós.
Essa questão da depilação com cera é incrível, fiz apenas duas vezes na vida.
Na primeira vez eu não tinha idéia da dor que enfrentaria, se um monte de mulheres faz, não deve ser tão terrível, pensei. Bem, saí de lá sem conseguir terminar nem uma perna. Quando contei as minhas amigas todas disseram que eu era muito fraca, que com o tempo acostuma e tal, tentei novamente cerca de um ano depois e tive a certeza de que NÃO QUERO me acostumar com aquilo. Tornei-me adepta da gilete e sabe o que já ouvi? Ah, mas os pelos ficam duros seu namorado/marido/ficante não vai gostar. Bem, ninguém nunca reclamou e se reclamar o problema é de quem reclama, ora.
Acho que me extendi demais...
Beijos
Ilka
Ah, eu também não entendo esse negócio de depilar com cera, sinceramente, é masoquismo demais pro meu gosto. E, pra falar a verdade, até da gilete já tô de saco cheio, e ando ensaiando deixar minhas axilas peludinhas pra ver no que dar. A virilha já está "ao natural" há anos. Sei lá, tenho coisa melhor pra fazer com meu tempo do que ficar eliminando pelinhos, que se estão no meu corpo é porque alguma funcão devem ter.
ResponderExcluirIlka,
ResponderExcluirEssa do cabelo precisar de "uma corzinha" foi demais! Nunca tinha ouvido, mas como eu disse, eu sempre pintei o meu... :) (talvez isso prove que a gente NUNCA vai ser considerada razoavel pros padroes de beleza, se nao estiver fazendo algo que de muito trabalho...) De qualquer maneira, as pessoas sao muuuito folgadas, ne nao?
Quanto a cabelo branco, aqui na Inglaterra se ve aos montes, eu acho otimo que as pessoas tenham essa opcao! E em algumas mulheres fica lindo, muito mais bonito que pintado!
E quanto a cera/depilacao, eu sempre fiz, fiz a laser (paguei caro para tomar choque), nao vejo problema em sentir dor para isso, etc. Mas eh logico que as pessoas tem que ter opcao, e eh legal ver que algumas "revoltadinhas" estao fazendo isso :)
Depilei a virilha uma vez com cera. única vez. Não dou conta, mesmo. É igual o sapato de salto: eu sou vaidosa, mas há limites. Hoje me viro bem com gilete e aqueles creminhos depilatórios. O cheiro não é assim agradável, mas não dói nada, nem coça, nem irrita. E não sou lá super obstinada com meus pelos: tem dias que eu vejo eles por aí, digo oi, e nem me preocupo.
ResponderExcluirAgora, uma coisa que eu não consigo crer que algumas mulheres se submetem é a tal depilação íntima, que arranca com cera os pelos do cu. Porque, né, o marido/namorado acha mais legal. Nunca perguntei para o meu se ele tem essa preferência, porque, definitivamente, esse é o fim da dignidade pra mim. Não faço mesmo!
Oi, Ada!
ResponderExcluirÉ que eu não tenho SOP, sabe? Tinha só pelinhos que encravavam. O que eu acho é que é complicado viver numa sociedade em que te lascam hormônio para sua aparência se conforme - num detalhe tão pequeno!, pelos nas pernas - com o cânone da beleza feminina.
Flávia,
é sempre um choque quando alguém sai dos padrõezinhos determinados, né? E depois a gente vê que estamos implicando com uma coisa tão boba - é o que você falou, o corpo é dela e ninguém tem nada a ver com isso!
Barbara,
eu também já pintei o cabelo, já fiz luzes, o diabo. E é o que você falou: é puramente opcional! Na época eu larguei mão porque achei que estava ficando muito caro (rs). Mas se não fosse isso provavelmente estaria pintando até ter o meu surto "essa sou eu e tá bom desse jeito, oras!".
Ashen Lady,
ResponderExcluiré pura verdade. E estar depilada e não gorda é só pra começar a conversar. Não garante que te achem "bela": na praia as mulheres são submetidas a todo tipo de julgamento quanto ao físico, enquanto os homens andam felizinhos com suas pancinhas, bermudões e pernas finas, julgando o físico das mulheres.
Flavia,
concordo: é uma obrigação falsa e injusta. Mas é tão, tão difícil livrar-se dela. Eu já estou melhorando: antes eu não expunha nenhuma parte do corpo que tivesse o menor vestígio de pelo, e agora (que me olho no espelho a três palmos distância), estou me preocupando menos. Já é alguma coisa.
Dele,
obrigada pelo link e pela apresentação!
De fato não vimos árvores coloridas na Europa. Isso tem de ser remediado com urgência, não acha (rsrs)?
Ilka,
ResponderExcluirde novo, todo mundo acha que pode dar palpite na aparência da gente, né? Que chatice!
Eu ainda não tenho cabelos brancos, mas estou me preparando para recebê-los alegremente. Não vou pintar coisa nenhuma, e espero que eles me deixem com uma aparência experiente e sábia.
Quanto à depilação, esperta você que usa o método que dói menos.
E aqui é o lugar em que todos são convidados a se estenderem!
Katia,
de fato: depilação com cera merece seu lugar em qualquer manual de tortura chinesa. E a gente ainda paga para se submeter a ela!
Barbara,
Vi em Nova York uma mulher de cabelos brancos e corte chanel. Espetacular. Quero ser assim quando crescer.
Iara,
(gargalhadas)