quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Caso dos Passatempos

Ando percebendo que eu passava um certo tempo da minha vida lendo revistas femininas, vendo programas de celebridades, assistindo a séries de transformações e navegando em sites de moda.

Era um jeito de passar o tempo, e tão válido quanto qualquer outro (exceto pelo fato de que eu cheguei a acreditar que eu realmente precisava ter uma bolsa Chanel 2.55 e perder dois quilos. Mas deve ter gente que não é tão influenciável quanto eu.) Agora que não estou me interessando mais por essas coisas, eu teria ficado com bastante tempo livre, e talvez não soubesse o que fazer com ele. A sorte é que em fevereiro vou para a Austrália no intercâmbio profissional de um mês, e decidi estudar sobre o Brasil para não passar vergonha lá fora.

Eu fui uma boa aluna na escola (bem caxias e bem-comportada), e fiz provas abertas de Geografia e História no vestibular (e passei). Então eu devia saber alguma coisa a respeito. Mas a verdade é que, se eu soube, já esqueci quase tudo. Estou achando meus estudos a maior novidade.

Talvez simplesmente os livros de 15 anos atrás fossem chatos e burocráticos, e os de hoje sejam muito mais dinâmicos e críticos. Talvez eu esteja mais madura e mais culta agora. Só sei que estou me divertindo um bocado, e não me lembro de ter me divertido com as matérias do segundo grau.

Enfim, a conclusão a que eu cheguei é que, se a gente quer mudar de vida, tem de mudar de vida. Seria muito mais difícil abrir mão dos intensos cuidados estéticos femininos se eu continuasse assistindo a todos os programas que dizem que a aspiração maior da mulher é à beleza, com intervalos comerciais que dizem a mesma coisa, e ainda dão a receita do sucesso. A verdade é que coisas que antes me divertiam, como “o tapete vermelho do Oscar”, hoje me deixam irritada – por que as atrizes têm de se embonecar feito loucas, e os atores podem usar ternos/smokings, às vezes nem fazer a barba, e está bom?

(Uma vez vi um especial sobre como as atrizes se preparam para os grandes eventos: dieta rigorosíssima, exercícios em nível militar, tratamentos estéticos de montão e, como a magreza corporal hollywoodiana deixa o rosto encovado, dá-lhe injeções de silicone para tirar o aspecto de refugiado de guerra. E depois tem todo o drama do vestido, do sapato, da maquiagem, do cabelo, das jóias etc. etc.)

Então hoje em dia eu não vejo mais tapete vermelho do Oscar, nem Esquadrão da Moda, nem E!Special, sabe? Porque não me acrescenta nada. Ao contrário.

E além disso eu tenho um monte de outras coisas legais pra fazer!

4 comentários:

  1. Uma coisa que me irrita em matérias de revistas femininas é q todas começam com algo como:
    "É fato. TODAS as mulheres sonham em ter o bocão de Angelina Jolie." ou "Todas nós sabemos q é mto melhor ser magra, né?" ou "Ninguém gosta de ver pêlos, portanto aki temos mil e uma soluções pra vc ficar leeenda e se livrar dos indesejados" ou "Cabelo comprido é preferência nacional, unânime." ou "Mulheres são falsas. Leia aqui depoimentos de amigas-da-onça e 47 maneiras de dar o troco nelas" ou "Jamais pense em sair de casa sem alto alto, afinal vc não ker parecer desleixada."
    MEU, QUE CU. Eles enfiam conceitos na nossa cabeça, dizem q é verdade, não deixam a gente pensar por nós mesmas!!! Daí ficamos todas neuróticas com cada centímetro do nosso corpo: cabelos, rosto, cravos, cotovelos ressecados (oh, q problema grave),barriga não-côncava, manchas na pele, pêlos, pés ressecados, unhas, intestino, dentes, útero, vulva, vagina, estômago, glândulas em geral...
    AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!
    Tô começando a achar que é tudo uma máfia, que não liga se as mulheres morrerem de inanição, desde que tenham morrido "belas e desejadas."
    Desânimo =(

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  2. Além de tudo o que a Flávia falou acima ainda tem as matérias do tipo: "como arrumar um homem para chamar de seu", "264 maneiras de enlouquecer um homem", "como convencê-lo a lhe pedir em casamento", às vezes morro de rir com essas coisas, mas quando vejo que há muitas mulheres que levam a sério fico indignada.
    Além da gigantesca soma de dinheiro e tempo necessária para ser linda e desejada ainda é preciso estudar como agradar aos homens!!
    Sempre me pergunto, e o tempo para nós mesmas, para ler um livro, passear, dormir até tarde, conversar, fazer amigos, namorar sem seguir as regras, onde fica?

    Ilka

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  3. Olá, Lud.

    Não sei se você acompanha o twitter, mas gostaria que olhasse isto aqui: http://lingerieday.tumblr.com/

    Há um tempo, surgiu no twitter o tal do #lingerieday. Um grupo (homens) decidiu, numa brincadeira, que tal dia seria o dia de todas as mulheres colocarem uma foto de lingerie no avatar. A brincadeira logo se espalhou pela rede e tomou ares sérios.

    É claro que algumas se indignaram, escreveram posts, twittaram as desavenças etc e tal. E é claro que a grande maioria postou fotos usando as últimas aquisições sexies.

    Acontece que amanhã (ou melhor: daqui a alguns minutos, a partir da meia noite) é #lingerieday de novo.

    E é incrível como as mulheres se produzem em fotos para isto. Algumas são até muito bonitas, sim, mas eu fico extremamente irritada ao ver a forma machista deste "evento". E o pior: como a maioria das mulheres não percebe isto e coloca uma foto lá.

    Muitas poses forçadas, todas sexies, todas provocativas, todas insinuantes. Agora, os homens também foram convidados para participarem. Mas eu aposto que todas as fotos que eles colocarão terão um teor cômico. Não vi nenhuma, mas acredito que assim será.

    O que será isso? Tempos de exibicionismo? Autoafirmação do "poder de mulher"? Machismo disfarçado? Poder de sedução no avatar? Por que é tão difícil entender e enxergar isto?

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  4. Oi, Flávia!
    E o mais interessante é que quem escreve essas matérias, em sua maioria absoluta, são... mulheres!
    Aí a gente fica imagindo que a redação da Nova, por exemplo, é composta só de mulheres jovens, magras, lindas e maravilhosas. E nem é!
    Na faculdade de Comunicação havia uma discussão se jornalismo feminino era mesmo jornalismo. Qual é a base, qual é fonte, qual é a pesquisa que autoriza uma abertura de matéria do tipo que você citou? Não tem, né.

    Ilka,
    mas você não sabia que agarrar e manter um homem é o objetivo maior e final de toda mulher? ;)
    Uma vez achei em um sebo um livro chamando "Como manter seu homem", com pérolas do tipo: não discorde de seu marido, não demonstre ser mais inteligente do que ele, (principalmente em público!), e saiba que cabelos longos são a maior beleza e a maior arma de sedução de uma mulher.
    O livro era dos anos 50. Pelo jeito as coisas não mudaram tanto quanto a gente gostaria!

    Isabella,
    acompanhei, com atraso, a polêmica do lingerieday do ano passado. E nem sei o que dizer. Acho que é mais um exemplo de como "ser bela" é considerado a maior das qualidades femininas na nossa sociedade. E é difícil convencer as pessoas que não precisa ser assim (eu sei - ando tentando, sem muito sucesso. Mas continuo insistindo.)

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